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Dal Pozzo fala sobre 'os piores dias' da vida e diz que deixa o Recife como torcedor do Náutico

Treinador revelou angústia que passou desde a segunda-feira até ser, enfim, demitido

postado em 28/04/2016 15:01 / atualizado em 28/04/2016 15:21

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Brenda Alcantara/Esp DP
Em seus últimos dias no Recife, o técnico Gilmar Dal Pozzo recebeu a reportagem do Superesportes em sua residência, na Zona Sul da capital. Seu semblante não escondia o abatimento dos últimos dias. Não com a demissão do Náutico em si, afinal Dal Pozzo já tem décadas no futebol profissional e se acostumou à volatilidade que ainda impera no esporte, especialmente no Brasil. Mas, principalmente, pela forma como todo o processo foi (mau) conduzido. Revelou ter sido um dos piores dias de sua vida. Falou, pela primeira vez, como foi ter que acompanhar as notícias sobre sua suposta demissão, ainda na segunda-feira, através das redes sociais e, dois dias depois de ter sido assegurado no cargo, receber a informação oficial de seu desligamento. Apesar de tudo, agradeceu ao Náutico pela oportunidade que lhe foi dada. Afirma deixar o clube em paz, ciente de que procurou fazer o seu melhor. Garante, também, que leva o Timbu com carinho e que vai ficar na torcida pelo clube, para que a torcida possa, ao fim do ano, comemorar o retorno à Série A.

Como foi a segunda-feira, ter que acompanhar tudo através das redes sociais e ainda ver notícias que já davam como certa a sua demissão?
Foi um dos dias mais tristes da minha vida. Eu já estava muito triste por conta da eliminação, a cabeça inchada, porque o resultado não veio, a nossa meta não foi alcançada. E é um momento em que a gente tenta encontrar paz na família, nas pessoas mais próximas. E a gente acompanha as redes sociais e aí vem uma notícia que o técnico está fora… Então, foi um dia muito triste. Pela eliminação e da maneira como veio a notícia para mim. E essa tensão permaneceu até a quarta-feira, na verdade, quando recebi a confirmação da diretoria.

Hesiodo Goes/Esp. DP
Na segunda-feira à noite, deram a certeza de sua continuidade. E na terça, você foi trabalhar normalmente. Algum diretor falou contigo?
Eu fui treinar. E foi um dia bastante difícil para mim. Com toda a incerteza. E nenhum diretor falou comigo. O único que comentou comigo, que teve uma conversa, foi o Alexandre (Faria), que me manteve informado. Aí, na terça-feira, a mando da diretoria, ele me chamou e me disse que eu iria continuar. E por isso treinei normalmente. Aí, na terça à noite já deu toda uma reviravolta com a demissão do próprio Alexandre. Ele saiu e aí eu já não entendi mais nada.

O dia da demissão...
Na quarta de manhã, eu já tinha todos os indícios de que estaria fora. Mesmo assim, fui treinar. Queria ficar com o grupo de jogadores. Ser digno da minha profissão. Foram dias bem difíceis para mim, essa tristeza e incerteza.

Tristeza pela condução do processo
Fiquei bastante triste porque a minha figura ficou bastante exposta nestes dias e de maneira desnecessária. Eu não estou chateado, nem julgando a decisão, mas a maneira como foi. Minha imagem ficou desgastada por conta dessas incertezas. Foram dois dias bem difíceis para mim.

Falta de respeito
A irresponsabilidade das pessoas que colocaram essa notícia. É uma postura, é o respeito, o profissionalismo. Ali não está só um técnico, tem um ser humano, com sentimentos. E eu exijo muito respeito. As pessoas podem me questionar se eu escalo mal, se eu não tenho qualidade no meu trabalho. Mas o meu caráter, a minha postura, isso não. Porque eu tenho uma imagem. E é isso que eu tenho que passar para as pessoas. Não só para a torcida do Náutico. Para todos que têm o futebol como exemplo. É esse cuidado que precisa ter quando uma pessoa vai plantar uma notícia. Por isso também fiquei muito tristes nesses dias.
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Seu aproveitamento no Náutico foi de 61,9%. É média de acesso certo na Série B. E se a ideia, como a própria diretoria admite, já era de reforçar o elenco, porque não dar continuidade ao projeto que já estava em andamento?
Eu tinha e ainda tenho essa convicção. Porque mesmo saindo do Náutico, ali está uma base, que foi construída desde o ano passado. Não precisa de muita coisa. São apenas contratações pontuais. Mas desde que tu tenha uma ideia, um conceito. Ali estava um trabalho de médio a longo prazo. E tinha e tenho a certeza de que se mantiverem essa base boa e acertarem nas contratações, o Náutico é muito forte para conseguir o acesso. Mas não pode perder o conceito.

Resposta às críticas da torcida deveria ser reforçar o elenco
Só para dar uma justificativa para o torcedor? A maior justificativa seria trazer qualidade, qualificar o elenco. Não foi por acaso que este mesmo grupo de jogadores ficou a dois pontos de uma Série A. Não foi por acaso que a gente liderou o Pernambucano todo, foi a única equipe a ganhar do Salgueiro.

Legado: uma base mantida para a Série B
Além do aproveitamento, ali tem um trabalho. As pessoas podem até questionar - ‘ah mas não conseguiu a meta que foi o acesso’ ou ‘ah mas não conseguiu a meta principal que era o título pernambucano’ -, mas tem um trabalho. Não vai partir do zero. Para ter um sucesso, tem que subir degrau a degrau. Nós estávamos dando passos curtos, mas sólidos para o trabalho ao longo do ano.

Gratidão ao Náutico
Tenho enorme gratidão ao Náutico. Porque há sete meses fez um convite para mim, uma oportunidade para uma retomada de trabalho, já que meus último trabalho, no caso do ABC, não tinha sido muito bom. E o Náutico me proporcionou isso, de poder voltar forte no mercado. E saio em paz.

Saída pela porta da frente e a torcida pelo Náutico
Independentemente de tudo, eu saio em paz. Fiz o meu melhor. E se não foi suficiente para ganhar título e para acesso, eu tenho a consciência tranquila. E sei que tenho o reconhecimento da torcida e também de parte da imprensa, que acompanha o nosso dia a dia. Esse é o grande legado. E saio pela porta da frente. Saio daqui, também, como um torcedor do Náutico. Acreditando no clube. Porque eu vou torcer por estas pessoas. E fico na torcida para que haja uma continuidade e que o clube consiga seus objetivos no segundo semestre.
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