Em fase final de recuperação, João Ananias quer voltar aos gramados melhor do que antes

Era 7 de novembro de 2015. O Náutico ainda nutria esperança de subir à Série A. Jogador mais regular e atleta-símbolo do elenco alvirrubro – sobretudo no que remete ao ressurgimento do time -, o volante João Ananias sofria, naquela data, o trauma mais grave da carreira: lesão de ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo. Faria a cirurgia 32 dias depois. Assistiria de casa o time ficar pelo caminho na busca pelo acesso. Prestes a completar os seis meses de recuperação estipulado pelos médicos, o prata da casa, hoje com 25 anos, vem contando os dias para o retorno. A previsão, um pouco além da expectativa inicial, é de que ele volte a treinar com bola daqui a 20 a 30 dias.

O período de recuperação foi de reflexão para João. Tempo em que ele lembrou das provações que viveu no Náutico. As dificuldades e o esquecimento antes de ganhar, de fato, uma chance. “Estava no meu melhor momento, uma sequência de boas partidas. Tinha feito 100 jogos. Quando teve a lesão, passou um filme na minha cabeça de tudo o que passei aqui no Náutico. Não era o momento de eu me lesionar”, disse.
Quando subiu para o profissional, João viveu um longo período de ostracismo entre 2011 e 2013 (incluindo o período em que Alexandre Gallo, técnico atual, comandava o Timbu), até ser emprestado para jogar no futebol de Trinidad e Tobago (pelo W Connection, em 2013/2014).

Quando retornou ao clube, no início de 2014, precisou fazer um teste no mesmo clube que o lançou. “A diretoria na época não queria, mas Kuki e Levi Gomes convenceram Lisca de me dar a chance. Kuki disse que não iriam se arrepender”, conta. A volta por cima para valer viria meses depois.

João subiu para o profissional como lateral direito. A redenção veio justamente na posição que atuara na base: a cabeça de área. “Voltei a ter chance com Sidney (ex-técnico). Um dia completei o terceiro time na posição e ele gostou. Quando Levi assumiu interinamente, joguei contra o Vasco de volante. Dado Cavalcanti, que ia assumir o time, assistiu, gostou de mim e eu não saí mais do time”, afirmou, antes de concluir com os planos. “Ainda estou com receio de ter aquela dor de novo que tive quando sofri a lesão. Estou ganhando confiança aos poucos na academia para ganhar força e deixar o joelho mais estabilizado para fazer os movimentos. Diria que hoje estou 60% pronto”, pontuou.

Voltar 100%
João Ananias vive uma rotina de trabalho nos “bastidores” do clube. Fisioterapia, trabalhos de fortalecimento muscular e de transição até a liberação total para a preparação física tendo em vista o retorno aos gramados. Liberado do departamento médico, o volante realizou nesta semana uma avaliação isocinética. A constatação é que o atleta ainda possui um déficit de força e precisará trabalhar um pouco mais a musculatura do joelho para ser liberado.

“Para ele voltar 100% a gente tem que melhorar essa força muscular do membro da cirurgia. A previsão é que entre 20 e 30 dias ele esteja no grupo treinando com bola e participando de tudo normalmente”, disse o fisioterapeuta do Náutico Gustavo Rezende.
O teste aplicado é João é realizado em uma máquina na qual a pessoa realiza um esforço muscular máximo para avaliar a resistência, incluindo o movimento na sua amplitude articular. Foi nesse quesito que João Ananias teve constatada a necessidade de mais trabalho fora das quatro linhas.

“Ele já está na transição na preparação, mas participando de tudo com o grupo é esse prazo que falei. Só então ele vai fortalecer bem a musculatura a fim de fortalecer bem o joelho para não ter risco de lesioná-la. A articulação não nos preocupa porque ela já está bem curada”, concluiu Rezende.

NÚMEROS
João Ananias no Náutico

112 partidas
30 partidas na última Série B
108 desarmes corretos na última Série B *
1 gol marcado
53 partidas em 2015
33 partidas em 2014

* Até a 34ª rodada, quando se machucou. Na ocasião, João Ananias era o maior ladrão de bolas da competição de acordo com Footstats, site especializado em estatísticas de futebol