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Regada a vinho, Maratona de Médoc atrai candangos para a França

postado em 15/04/2014 11:10

Amanda Martimon

Equipe Quero-quero/Divulgação


Média de um ponto de degustação de vinhos a cada dois quilômetros de maratona e uma paisagem com mais de 50 castelos atraem corredores de vários países para disputarem, anualmente, a prova de Médoc, na região sudoeste da França — tradicional por suas vinícolas. No lema da organização, um aviso claro: terminar o trajeto no tempo mais curto não é o principal objetivo do desafio, consagrado à ideia de correr por saúde e diversão. Os participantes cumprem o percurso fantasiados e recebem como prêmio medalhas e vinhos. Pelo menos 20 brasilienses garantiram vaga na aventura, que teve inscrições encerradas em 24 horas.

O bom humor é indispensável na maratona que dispensa a presença de “estraga prazeres, bandidos e caçadores de recordes”. Ao longo dos 42,195km, os participantes têm direito a queijos finos e vinhos à vontade. A proposta, de acordo com a organização do evento francês, é de que os corredores descubram os benefícios e prazeres da corrida de longa distância. No percurso, o vinho pode ser um bom aliado, se usado com moderação.

Dotado de substâncias antioxidantes, o vinho é capaz de auxiliar na recuperação pós-prova. A quantidade tomada pelo participante, contudo, define se a bebida será benéfica ou não. “O grande cuidado necessário é a pessoa saber o seu limite. Umas duas taças de vinho pode ser bom e até ajudar depois da corrida. Mas o álcool em excesso acelera a desidratação e inibe o sistema nervoso e as funções motoras”, explica Jonato Prestes, doutor em fisiologia. Assim, há o risco de o corredor fazer um esforço físico maior do que suporta e só sentir quando o efeito embriagante passar.

Em 2007, a equipe Quero-quero levou representantes à Maratona de Médoc. Fantasiados de Carmem Miranda, sem restrição entre homens e mulheres, os corredores foram facilmente identificados como brasileiros pelos demais participantes. A oportunidade de aliar turismo e prazer de correr foi estimulante para o grupo. “Resolvi ir porque já queria viajar à Europa, e me falaram que, além de exótica, era uma prova linda, pois passa pelos vinhedos. Mais do que correr, é um passeio”, justifica Flavia Barros, de 52 anos.
Na equipe brasiliense, ninguém passou mal. O combinado entre os participantes do grupo foi começar a beber — e com moderação — só depois da metade da prova, nos 21km. Durante o trajeto, 11 tendas médicas estão a postos, a fim de socorrer quem exagerar na dose. “Tem muita gente que passa mal”, recorda Flavia.

Advertência
Um grupo de 20 brasilienses treina com foco na próxima edição da maratona “mais longa do mundo”. O treinador, Éder Vilanova, só é adepto de álcool depois de cruzar a linha de chegada e, por isso, alerta seus alunos para os dois lados da corrida. “Existe o risco de a pessoa desanimar com a bebida e desistir da prova”, brinca. “É bom não ter a pressão de fazer o seu melhor tempo. Conciliar a vida social com o treino também é um fator importante.”

No próximo mês, a equipe Evolua — que está entre os 10 mil inscritos — fará um treino específico em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Fazendo uma prévia de setembro, o grupo vai correr pelos vinhedos da região gaúcha.

Mais energia
Durante exercícios aeróbicos, como a corrida, o corpo aumenta a produção de radicais livres. Em excesso, eles causam a destruição de algumas células. Essa reação provoca queda no rendimento do atleta, diminuição da capacidade de recuperação muscular e perda de massa magra. Por isso, substâncias antioxidantes, como o vinho, podem ajudar no desempenho esportivo e na recuperação do organismo após o esforço.