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Conheça os espaço esportivos da Água Mineral

As piscinas e trilhas do Parque Nacional de Brasília devem ganhar a companhia de duas rotas de ciclismo

postado em 20/04/2014 18:56 / atualizado em 20/04/2014 21:28

Lorrane Melo /Correio Braziliense

A lenda conta que, no início do século passado, criminosos detidos em Ushuaia (Argentina), às margens do Canal de Beagle, na fronteira com o Chile, tentaram escapar do presídio nadando. Apenas um sobreviveu à temperatura quase negativa da água — e em vão, pois teria sido preso no país vizinho 23 dias depois da fuga. História antiga, difícil de ser comprovada. Talvez por isso, tenha sido ignorada pelo engenheiro Alfredo Guerra. Aos 60 anos, ele fez a travessia de 1,5km em janeiro usando roupas desenvolvidas especificamente para ele e uma técnica bem candanga, mas desconhecida pelo resto da população de Brasília: é na piscina de água corrente quase sempre cheia do Parque Nacional de Brasília — a “mineral”, como ele chama — que Alfredo treina desde 1993.

Cercado por espécies nativas do cerrado e por uma tranquilidade capaz de acalmar até o companheiro de exercício mais ranzinza, Alfredo encontrou o horário e o local certo para se aperfeiçoar, ainda que tardiamente. E não é o único. Mesmo com as filas quilométricas e a agitação, o parque tem momentos de calmaria, o que não significa que os esportistas peguem leve nos treinos. Das 6h às 8h, quando os portões não abriram por completo, algumas dezenas de pessoas “têm o privilegio de nadar em uma piscina de água corrente”, conta Alfredo, ao lado do professor Alex Luzardo, outro que se sentiu saturado do cloro e que migrou para as instalações próximas à EPIA.

No parque, há trilhas que atraem desde os veteranos, para caminhadas, até pessoas que forçam o ritmo em terrenos variados — desde o caminho asfaltado com ladeira até o de drenagem ruim, que proporciona um pouco de aventura a quem decide correr pela trilha mais larga. “Basta seguir a sinalização”, alerta Fábio de Jesus, responsável pela área de visitação do local.



O parque sofreu uma queda no orçamento. Em 2010, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade recebeu R$ 626 milhões para administrar a reserva, contra uma previsão de R$ 498 milhões para 2014. Nem por isso, os responsáveis pelo local deixam de pensar na possibilidade de abrir mais áreas ao público. Hoje, apenas 0,06% dos mais de 42 mil hectares está disponível à visitação. Até o fim do ano, no entanto, outras duas trilhas devem ser construídas para as bicicletas, e está prevista a entrega da Piscina Areal, em obras desde abril de 2013.

Amigos
“É muito complicado administrar tudo com recursos escassos e pouco pessoal, mas eles (gestores) estão conseguindo lidar com as dificuldades e manter bem o parque”, explica Júnia Lara, presidente da Associação dos Frequentadores e Amigos do Parque Nacional (AFAM). Ela vai três vezes por semana à piscina e termina o passeio “com aquela ducha maravilhosa”. Na próxima sexta-feira, os associados farão um café da manhã — boa desculpa para conhecer uma possível nova “academia”.