Mais Esportes

ELEIÇÕES 2014

Candidatos a governador do DF mostram propostas para o esporte da capital

Concorrentes ao Governo do Distrito Federal apresentam as propostas para o setor, como as relacionadas à gestão do Estádio Mané Garrincha

postado em 23/09/2014 10:28

Amanda Martimon

Para saber qual deverá ser o futuro do esporte local nos próximos quatro anos, o Correio entrevistou os candidatos ao Governo do Distrito Federal* e os questionou sobre as propostas para a área. Se eleitos, os políticos dizem o que pretendem fazer para melhorar a infraestrutura de espaços esportivos, apoiar os atletas e incentivar novos talentos. Confira quais são as ideias de cada um para diferentes temas relacionados ao meio esportivo do DF.

*O candidato Jofran Frejat (PR) não respondeu às perguntas da reportagem (enviadas na terça-feira da semana passada).

Gestão do Mané Garrincha
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Agnelo Queiroz (PT)
Vamos fazer um modelo compartilhado para gerir o estádio: uma empresa com experiência internacional será contratada para captar os eventos, mas a administração terá participação do GDF. O valor investido já foi recuperado com os aportes federais, como a ampliação do aeroporto, o Programa Asfalto Novo, o investimento em segurança pública e outros.

Rodrigo Rollemberg (PSB)
Defendo que seja feita concessão por tempo determinado à iniciativa privada, com condições estabelecidas e fiscalizadas pelo GDF, que manterá o estádio como propriedade dos brasilienses. Mas essa decisão será tomada depois de estudos, com opinião de especialistas e debate com a população. Entretanto, nenhum modelo vai garantir a recuperação dos recursos investidos.

Luiz Pitiman (PSDB)
Vamos democratizar o uso do estádio, utilizando esse espaço para atividades culturais e grandes eventos esportivos. Não vamos recuperar da noite para o dia os R$ 2 bilhões gastos na construção. Mas, utilizando bem, poderemos ter ganhos sociais importantes. Pretendo usar parte das instalações para atividades educativas e esportivas da escola integral.

Toninho (PSol)
Não podemos gerir o estádio apenas com eventos importados, pois os organizadores desses eventos buscam aqui apenas a renda que o brasiliense pode propiciar e voltam para suas localidades sem nada contribuir. Uma taxa de fomento à cultura e ao esporte local deve ser cobrada. Assim, investiríamos em escolinhas desportivas, auxílio a atletas ou no campo cultural.

Perci Marrara (PCO)
O modelo de gestão deve ser público, sem concessão à iniciativa privada. A participação privada já foi responsável pelos rios de dinheiro gastos na construção. É preciso garantir ampla participação popular. E a realização de grandes eventos.

Revitalização do Complexo Esportivo Ayrton Senna

Agnelo: A reforma do complexo está em elaboração do projeto básico. Será feita em etapas, a começar pela reforma imediata do autódromo; contemplará ainda a urbanização em torno do estádio. A completa revitalização estará concluída para receber a Universíade, em 2019.

Rollemberg
: Nossa proposta é um projeto de qualificação do complexo. A primeira alternativa é a possibilidade de fazer a concessão de espaços, com o Mané Garrincha. Podemos integrar estruturas às áreas de educação e desenvolvimento social. E otimizar a utilização, com a realização de shows e outros eventos.

Pitiman: Com a receita do estádio, poderemos planejar a recuperação e a modernização do complexo. Vamos planejar ainda programas de iniciação esportiva, criar um calendário anual de competições estudantis e entre servidores e equipes das cidades do DF. Vamos preservar, inclusive, o Cine Drive-in.

Toninho: Quando projetado, compreendia uma série de espaços públicos, como pistas de atletismo, campos de futsal, vôlei etc. Precisamos recuperar essa proposta. Os valores precisam ser levantados, mas há linhas de recursos específicas alocadas pelos ministérios do Esporte e do Turismo.

Perci: A revitalização do Complexo Ayrton Senna ou outros espaços públicos, se colocada como uma necessidade, fruto do debate e da decisão popular, deverá ter recurso suficiente para a realização das obras.


Reforma do autódromo (inclusive, a tempo para a Fórmula Indy)

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Agnelo: O autódromo terá a primeira grande reforma desde sua inauguração. A obra estará concluída em três meses e é estimada em R$ 60 milhões. O traçado do autódromo será basicamente mantido. As curvas vão ser antecipadas para que se aumente a área de escape, dando mais segurança. A licitação será publicada em outubro, e a reforma deve começar até o fim do ano.

Rollemberg: O governo anunciou que vai investir R$ 60 milhões para fazer uma reforma de emergência. A definitiva demoraria três anos, mas ainda não vimos um projeto que detalhe o retorno do investimento e as etapas do planejamento. A princípio, as corridas de F-Indy podem ajudar a fortalecer a imagem internacional de Brasília. Se há compromissos firmados, vamos assumir. Mas, com certeza, faremos isso de forma mais competente.
Pitiman: O contrato com os organizadores da Indy já foi assinado e prevê multas no caso de não realização do evento. Portanto, temos, sim, que adequar as estruturas para dar segurança aos pilotos e espectadores. Depois da Indy, o espaço continuará sendo utilizado para a prática de outras modalidades esportivas, e também como arena para shows e eventos.

Toninho: Estudos iniciais do GDF apontam investimentos da ordem de R$ 400 milhões para adaptar o autódromo às exigências da Indy. Outro tanto para estar nas condições de receber corridas internacionais de motociclismo. Ao chegar ao GDF, vamos rever tudo isso, abrir uma auditoria sobre esses gastos, ver se eles se adequam às prioridades do Distrito Federal.

Perci: Não respondeu sobre o tema.

Fuga de atletas por falta de infraestrutura no DF

Agnelo: Não faltam espaços para a prática esportiva. Temos praças e quadras de esporte públicas e privadas. Para o atletismo, temos quatro pistas oficiais, onde atletas de alto nível estão treinando e representando nossa cidade. O DF tem o melhor time de basquete do país e um time de vôlei na liga feminina, ambos apoiados pelo GDF. É do DF o maior e melhor projeto nos saltos ornamentais: o centro de treinamento na UnB. Dos atletas da Seleção Brasileira de ginástica acrobática, 80% são de Brasília, e será inaugurada, no próximo mês, uma estrutura física de primeiro mundo para a prática da modalidade.

Rollemberg: Falta uma política de incentivo ao esporte de alto rendimento. No nosso governo, vamos atuar em três frentes. Uma delas é o apoio a projetos esportivos por meio de financiamento público, com editais transparentes e democráticos. A outra é o desenvolvimento de projetos de formação de quadros técnicos, integrando o desporto escolar, o comunitário e o de alto rendimento. Por fim, precisamos garantir a utilização racional e qualificada dos equipamentos públicos esportivos, a partir de um programa de reforma e manutenção desses espaços.

Pitiman: Através da Secretaria de Esportes do DF, vamos criar programas de iniciação, formação e aprimoramento de atletas. A pri6meira providência é adequar e reequipar os locais de treinamento e contratar profissionais de educação física e atletas veteranos para realizar cursos, oficinas e workshops para orientar os novos praticantes nas diversas modalidades.

Toninho: As escolinhas do GDF precisam ser recuperadas. Nossa infância e nossa juventude precisam ter uma orientação especializada. As escolas são o melhor ponto de partida, inclusive com a retomada dos jogos interescolares e universitários do DF. Há uma estrutura ociosa de vilas olímpicas. Associadas às escolas, elas podem ser um importante espaço para o surgimento de novos valores e de propiciar opções para a juventude.

Perci: Não respondeu sobre o tema.

Resumos de propostas para o esporte

Agnelo: Sem dúvida, a grande preocupação com a política de esporte é ampliar os programas institucionais (como Bolsa Atleta, Centros Olímpicos e Escola de Esporte). Para 2015, o GDF vai ampliar o Compete Brasília, visando oferecer também hospedagem e alimentação do atleta que representará Brasília em eventos esportivos. (O candidato citou ainda a realização da Gymnasiade (em 2013) e da Universíade, em 2019).

Rollemberg: O esporte vai ser utilizado como instrumento de mobilização e educação da infância e da juventude, integrado às demais políticas públicas. Nossa principal proposta é fortalecer o desporto educacional, incentivando a qualificação profissional, garantindo que as escolas tenham equipamentos adequados e promovendo eventos esportivos. Com essa política de base, podemos revelar atletas, favorecendo também o esporte de alto rendimento, que terá nosso incentivo.

Pitiman: Vamos transformar o Mané Garrincha em um grande centro para desenvolvimento esportivo e, nas dependências internas e cobertas, incentivaremos também um centro de geração de cultura, com aulas de teatro, balé, pintura e artes em geral. Com o autódromo e o Nilson Nelson, o estádio formará um complexo de apoio à escola integral e aos programas de formação de futuros atletas.

Toninho: No DF, precisamos começar tudo de novo. Formular uma política pública para o desporto, que inclua a recuperação dos espaços, a contratação de monitores e instrutores que possam orientar as crianças e os jovens. Propiciar os espaços para que a sociedade de Brasília possa usufruir. Grandes e concentradas estruturas nem sempre trazem o resultado que desejamos. Não é só o Plano Piloto que deve estar equipado, mas, sim, em todas as cidades do Distrito Federal.

Perci: É preciso, primeiro, lembrar que o PCO não faz promessas. Não semeamos a ilusão de que, através da eleição, será possível resolver os problemas do povo. O que fazemos é propor um programa de luta para ser discutido na sociedade e levado adiante pelos trabalhadores. O esporte, como uma das áreas de desenvolvimento pessoal e cultural, deve ter investimento. Inclusive, para garantir aos jovens a possibilidade de se profissionalizarem nas mais diversas atividades.