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CORRIDA DE MONTANHA

50 milhas na Chapada dos Veadeiros desafia atletas

Dividida em duas etapas, prova tem relevo difícil e média prevista de 37ºC

postado em 18/10/2014 15:00

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

Gustavo Moreno/CB/DA Press
Nesta semana, Brasília alcançou a segunda temperatura mais alta da história — os termômetros marcaram 35°C na terça-feira, e a umidade do ar chegou a 12%. Os dias continuam muito quentes, o que tem feito muita gente procurar as mais variadas maneiras de se refrescar. Nenhuma delas inclui, claro, correr mais de 80km em meio ao cerrado. A situação pode parecer insana, mas pelo menos 50 atletas estão dispostos a enfrentar a seca na maior corrida de montanha da região: a 50 milhas da Chapada dos Veadeiros. Com largada hoje e amanhã em Alto Paraíso de Goiás, eles buscam na paisagem a inspiração para cumprir o desafio.

“A Chapada é o nosso quintal. É o melhor lugar para fazer corrida de montanha na região porque tem trechos bem difíceis e técnicos. A prova é punk”, define a triatleta Gleise Botelho, de 38 anos, sem temer a temperatura máxima prevista de 37°C hoje no local. “O visual é incrível. No fim, mesmo morta de cansaço, eu me sinto completamente satisfeita.”

No ano passado, primeira edição da prova, Gleise correu os 80km, divididos em dois dias — hoje, os atletas percorrem 35 milhas (56km), e no domingo, 15 milhas (24km). Desta vez, ela fará apenas a segunda etapa. “No outro fim de semana, eu tenho uma prova de triatlo, então não posso me desgastar muito. No ano passado, passei uma semana doída”, relembra, ao ressaltar o nível de dificuldade da disputa.

A opção, no entanto, ainda deixará Gleise cansada. Mesmo com percurso menor, o segundo dia é o mais difícil, conforme relata o organizador da prova, Sérgio Tostes. “O primeiro dia tem distância maior, mas a altimetria não é tão acentuada. Tem muito estradão. Já o segundo é mais técnico, com mata fechada, além de muitas subidas e decidas”, antecipa.

Preparação

Para correr o revezamento, o advogado Valdenir Feliz, de 48 anos, acumula quilometragem. Ele tem participado de provas menores — como 30k Taboquinha, 21k Pirenópolis e Maratona Cross de Brasília — na preparação para as 50 milhas da Chapada dos Veadeiros. “Corri no ano passado em dupla e ficamos em segundo lugar na categoria. Este ano, vou novamente com meu amigo Robert Rocha, mas desta vez queremos o título”, diz.

Apaixonado pelas trilhas do cerrado, o advogado afirma que a Chapada tem peculiaridades. “Durante a corrida, a gente vai apreciando um ambiente diferente, com montanhas, altitudes consideráveis, travessia de rios. Há locais em que a vegetação é fechada, então temos de prestar muita atenção para não perdermos o percurso. É sempre uma surpresa atrás da outra”, descreve.

Com a iminência de cruzar com animais selvagens, os atletas são obrigados a carregar um kit de primeiros socorros (além de água). “Já encontrei tamanduá, veado campeiro, cobra, vaca…”, conta Valdenir. Para dar mais segurança, a organização da prova conta com o apoio do Samu, do Corpo de Bombeiros e de brigadistas. Além disso, motoqueiros e ciclistas acompanham o trajeto para averiguar se existem feridos.