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SALTOS ORNAMENTAIS

Hugo Parisi sonha com vaga nas Olimpíadas do Rio

Saltador brasiliense da Seleção Brasileira dispensa o descanso de fim de ano para poder se recuperar melhor de uma lesão e buscar vaga nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016

postado em 24/11/2014 21:31 / atualizado em 24/11/2014 21:52

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense , Maíra Nunes - Especial para o Correio

O dia ensolarado bem que combina com a piscina azul. Mas se engana quem pensa que há só sossego nas manhãs de Hugo Parisi, 30 anos. O atleta de saltos ornamentais da Seleção Brasileira pode até se refrescar na água, mas a expressão facial após o treinamento não sugere lazer. Trinta saltos seguidos na plataforma de 10m e outros 70 na de 5m, em aproximadamente duas horas de prática. “Subir as escadas a cada novo salto é um descanso durante o treino”, brinca o atleta, ainda ofegante após subir cem vezes os degraus até o ponto mais alto da estrutura.

Maíra Nunes/Esp. CB/D.A Press
De olho nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o brasiliense se recupera de uma lesão na canela e dispensa o descanso de fim de ano, diferentemente de muitos atletas, que tiram o pé do acelerador nos meses de novembro e dezembro. “O ano que vem é importante porque tem seletiva para os Jogos de 2016. Quero vaga tanto no individual quanto no sincronizado. Então, tenho de estar preparado até lá”, argumenta Parisi.

A primeira competição de 2015 será em fevereiro, no Grand Prix da Alemanha. A principal prova da temporada, no entanto, ocorrerá somente em julho, no Mundial de Saltos Ornamentais, em Kazan, na Rússia. Trata-se da primeira seletiva para os Jogos no Rio, e Hugo quer representar o país em casa na plataforma de 10m e marcar presença no que pode ser a segunda Olimpíada de sua carreira — antes, competiu em Atenas- 2004.

Por enquanto, Hugo faz séries de saltos para se readaptar ao impacto com a água. Em no máximo duas semanas, o atleta volta a saltar com foco nas competições. Os treinos incluem a preparação fora d’água, com muitos pulos na cama elástica e empenho no aprimoramento do preparo físico.

“Nossa parte atlética é mais concentrada na região abdominal e nas pernas. O braço tem de ser forte, mas sem muita massa muscular, pois precisa ser bastante flexível”, detalha Parisi. Ele acrescenta que os saltos na piscina só ficam mais constantes perto das competições: “Há períodos em que 80% do treino é feito no seco”.

Em meio às desgastantes horas na plataforma de 10m, o que ajuda a motivar o atleta é a presença das crianças que o assistem. Hugo reveza o treinamento entre o Centro de Excelência de Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília (UnB) e um colégio no Lago Sul. Na escola, o contato com os alunos é constante. “As crianças nem imaginam a força que dão ao atleta. Às vezes, um grito de apoio vindo de longe já fornece um gás enorme no treino cansativo”, explica, satisfeito.

Na UnB, Parisi treina ao lado de atletas de base da Seleção Brasileira. “Os mais experientes servem de espelho para os mais novos”, conta, ao comentar o interesse dos jovens nos movimentos do atleta que participou dos Jogos de Atenas, em 2004.
Satisfeito com os resultados dos atletas mirins no Campeonato Brasileiro Infantil, realizado em Brasília no início deste mês, Parisi se orgulha da cidade. “Nós levamos 27 das 42 medalhas do campeonato. Isso demonstra que Brasília é o local mais preparado do país na modalidade. Acho que, daqui a alguns anos, quando essas crianças crescerem, teremos grandes atletas, capazes de representar bem o Brasil”, projeta.

 

 

 

Caminhos para a classificação
O Brasil está garantido nas quatro disputas de duplas sincronizadas, o que totaliza oito vagas. Para as provas individuais, os brasileiros precisarão buscar a classificação no Mundial de Kazan (Rússia), em 2015; nos campeonatos continentais, a serem realizados entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro trimestre de 2016; ou na Copa do Mundo de 2016. Para cada delegação, há um limite de dois saltadores por prova nas disputas individuais.

 

SAIBA MAIS
Semana de Taça Brasil

Uma das competições mais importantes do calendário nacional da modalidade ocorre nesta semana, de quarta-feira a sábado, no Rio de Janeiro. A Taça Brasil reúne os principais atletas do país em provas com o mesmo formato das realizadas em competições internacionais. Além do brasiliense César Castro, que veio dos Estados Unidos, onde mora, a capital federal leva mais quatro representantes para as disputas.



Trajetória até as Olimpíadas

Confira os desafios de Parisi até os Jogos do Rio, em 5 de agosto de 2016

2015


Fevereiro: Etapa da Alemanha do Circuito Mundial

Abril: Etapa do México e de Porto Rico do Circuito Mundial

Maio: Troféu Brasil

Julho: Jogos Pan-Americanos e Campeonato Mundial de Desportes Aquáticos, em Kazan (Rússia)

Novembro: Etapa da Austrália do Circuito Mundial

Dezembro: Taça Brasil


2016

Fevereiro: Copa do Mundo, no Rio de Janeiro (evento teste para as Olimpíadas)

Março: Campeonato Sul-Americano

Abril: Etapa do Canadá e dos Estados Unidos do Circuito Mundial

Maio: Troféu Brasil

Junho: Etapa da Espanha do Circuito Mundial