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FUTEBOL AMERICANO

Sem campeonato candango, times do DF criam competição de futebol americano

O Brasília V8, um dos idealizadores da Copa Central, já está na final. A outra vaga será disputada no próximo sábado

postado em 23/10/2017 14:50 / atualizado em 23/10/2017 17:21

Antonio Cunha/CB/D.A Press
Os times de futebol americano do Distrito Federal buscam ganhar espaço no cenário nacional. Este ano, sem o campeonato candango, o jeito foi criar uma competição para não ficar sem jogar. A Copa Central de Futebol Americano reúne dois times do DF e dois de Goiânia. A segunda rodada começou no último domingo (22/10) com a vitória do Brasília V8 de 22 a 6 sobre o Goiânia Guarás, no estádio Rorizão, em Samambaia. 

Idealizada pelo Brasília V8 e pelo time goiano Madkings, a Copa Central surgiu da ideia de fazer amistosos. A princípio os dois fariam jogos entre eles, mas convidaram as equipes novatas Goiânia Guarás e Santa Maria Bulldogs para participar. O presidente do Brasília V8, Carlos Mohamed, explica que o objetivo é movimentar o futebol americano local e fazer com que eles estejam preparados para o campeonato regional do ano que vem. "Todos os times participantes da competição participam das decisões. Fica bom para todo mundo", explica. 

A ideia era que os times do mesmo estado não se enfrentassem na fase regular. As equipes de um mesmo estado só se encontram na final ou na disputa pelo terceiro lugar. Os brasilienses estão em vantagem. Com o Brasília V8 garantido na final, o Santa Maria Bulldogs precisa vencer o jogo da segunda rodada para encontrar o conterrâneo no Central Bowl, final da competição.

Como o Brasília V8 é o mais experiente da competição, a maior dificuldade sentida pelo V8 foi o peso da camisa. O time foi o primeiro campeão brasiliense em 2014. Além disso, entre as equipes que disputam a Copa Central, é a única que jogou uma liga nacional. “Trazemos uma bagagem e quando entramos em campo o peso é outro”, avalia o vice-presidente do clube Rafael Rebello. Apesar da confiança, o clube passou por uma reestruturação e ficou 12 meses sem jogar. 70% do time é formado por novatos. A estatística é vista de forma positiva. “Todos eles estão com muita vontade de jogar”, ressalta Mohamed. 

Estreante de peso

Longe de toda a experiência do Brasília V8, o outro representante da capital é um novato. O Santa Maria Bulldogs participa de sua primeira competição oficial. O time, fundado em fevereiro, estreou com uma vitória expressiva sobre o Madkings. Por 33 a 14, a equipe venceu dentro de casa e agora vai à Goiânia no próximo sábado (28/10) em busca de mais uma. Há dois meses, ele não imaginariam estar perto da final do primeiro campeonato disputado.

Em agosto, a maioria dos jogadores não tinha os equipamentos necessários (protetores de ombros e capacete) para disputar uma competição. A solução foi se juntar e vender água em eventos pela cidade para conseguir o dinheiro. Deu certo. Atualmente, 80% da equipe está equipada. O fundador do Bulldogs, Luciano Nash, acredita que em fevereiro todos estarão equipados. 
Antonio Cunha/CB/D.A Press

Nash, como é conhecido, fundou o time porque queria voltar a jogar futebol americano perto de casa. O quarterback já jogou pelo Tubarões do Cerrado, time que representa o DF na liga nacional Brasil Futebol Americano (BFA). “Antes eu tinha que percorrer 60km para ir e voltar do treino. Hoje, com 1km eu já estou lá”, afirma. Para Nash, representar Santa Maria, local onde ele cresceu, é uma forma de devolver algo para a região que é carente de lazer e esporte. 

Descentralizar o esporte que tem aparência de elitista por conta dos equipamentos caros é um dos objetivos do time. “Um capacete novo custa em torno de mil reais e a ideia de conseguir levar esse esporte para a periferia é surpreendente”, comemora o jogador Augusto Cellos. O estudante de agronomia é cornerback e conheceu o Santa Maria Bulldogs por meio das redes sociais. Augusto já havia treinado com o Brasília Alligators. 

Após o final do campeonato, o objetivo é realizar seletivas para compor a equipe principal. “Temos que ter essa galera nova para dar um gás e reforçar algumas posições”, ressalta Nash. A meta é se organizar para virar um time federado. O objetivo é competir na liga nacional e no campeonato candango. A organização cresce aos poucos e, atualmente, a equipe já conta um patrocinador e dois parceiros.