Com fracasso do Brasiliense, o futebol do DF vive o pior momento em 23 anos

A derrota nos pênaltis para o Brasil de Pelotas (RS), no domingo, pelas quartas de final da Série D, significa muito mais do que “apenas” outra eliminação precoce para o Brasiliense. Sem o acesso à terceirona do ano que vem, o Jacaré fica com o calendário de 2015 esvaziado. Além disso, coloca em risco até a presença do futebol candango numa das quatro divisões do Campeonato Brasileiro na próxima temporada.

Isso porque o DF só terá direito a uma vaga na Série D de 2015 — a do campeão do Candangão — e será o goiano Luziânia que defenderá o título. Caso o time do Entorno repita a conquista no ano que vem, o Distrito Federal ficará sem representante no Brasileirão, algo que não acontece desde 1991. Naquela temporada, a Série C nem sequer foi disputada e não havia nenhuma força de Brasília nas duas primeiras divisões. De lá para cá, times da cidade estiveram presentes em pelo menos uma divisão do Nacional em todos os anos (veja quadro).

Por isso, o momento de baixa do Jacaré é visto com tristeza até mesmo pelo presidente de seu maior rival, o Gama. “Essa eliminação é muito ruim para o futebol local, que acaba perdendo moral no cenário nacional. Já está difícil conseguir investimentos atualmente. Imagina então se não tiver nenhum do DF na Série D”, avalia Antônio Alves do Nascimento, o Tonhão, mandatário do alviverde.

Para ele, o único ponto positivo da derrocada do Brasiliense nesta temporada — que teve ainda seu patrocinador Luiz Estevão preso e impossibilitado de interferir no time — é que a rivalidade com o Gama pode se fortalecer, uma vez que os times estão no mesmo patamar novamente. “Os dois terão de jogar todas as fichas no Candangão e isso pode fazer bem ao campeonato”, explica Tonhão. “Eles estarão pressionados psicologicamente e, quem sabe, até com menor poder aquisitivo. Isso pode equilibrar o duelo, tornando-o mais atrativo ainda.”

Juntando os cacos
Com a eliminação na Série D, o Brasiliense entrou em férias forçadas e não há previsão para retorno das atividades. A diretoria do clube se reunirá algumas vezes nas próximas semanas para definir os rumos da equipe. A tendência é de que haja um enxugamento do elenco. Até mesmo medalhões, como Baiano, Fábio Braz e Zé Roberto, podem deixar o grupo. O patrocinador Luiz Estevão já teria, inclusive, deixado ordens do que fazer em caso de desastre, antes de ser transferido para prisão em São Paulo.

A ausência no Campeonato Brasileiro — seja na Série D, seja na C — não deve gerar grandes problemas para os cofres do Jacaré. Diferentemente do que ocorre na primeira e na segunda divisões, os clubes não recebem cotas de tevê para disputar as séries inferiores. Há apenas uma ajuda de custo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com pagamento de viagens, hospedagem, traslados e taxas de arbitragem.