FUTEBOL CANDANGO

Uma década após ser campeão da Série B, Brasiliense tem pouco a celebrar

Heróis da conquista de 2004 lamentam declínio do time, ameaçado de não disputar torneios nacionais na próxima temporada

Comemoração dos jogadores no gramado do Estádio da Fonte Nova, em Salvador

Hoje, o Brasiliense comemora 10 anos de sua maior conquista, o título da Série B do Campeonato Brasileiro de 2004. Mas a data não traz apenas boas lembranças aos protagonistas da campanha vitoriosa. Sobram saudosismo e lamentação nos comentários dos campeões, incomodados com o pior momento do Jacaré em 14 anos de existência do clube. A perspectiva para 2015 é melancólica, pois o time corre o risco de não disputar competições nacionais. Se não vencer o Candangão, estará fora da Série D.

Em 11 de dezembro de 2004, o Brasiliense ainda comemorava o acesso à Série A, assegurado uma semana antes ao vencer o Fortaleza por 1 x 0, no Serejão. A festa, entretanto, só poderia ser completada naquela tarde em Salvador, onde a equipe amarela tentaria igualar o arquirrival Gama, campeão da Segundona em 1998, ao conquistar a taça de campeão. Para alcançar o objetivo, o Jacaré, comandado pelo técnico Edinho, derrotou o Bahia por 3 x 2 diante de 37.528 torcedores, no Estádio da Fonte Nova.

Depois da vitória, o temor pela vida. “Fomos ameaçados pela torcida do Bahia antes do jogo. Se ganhássemos, impediríamos o acesso deles à Série A e apanharíamos”, lembra o ex-zagueiro Jairo. Capitão em 2004, ele marcou o gol da vitória, aos 33 minutos do segundo tempo. “Só deixamos o gramado uma hora depois da partida. Esperamos a polícia esvaziar o estádio, tivemos medo”, recorda. Os jogadores só restabeleceram a tranquilidade após decolarem de volta a Brasília.

Com a melhor campanha em todas as fases da Segundona, o Brasiliense desembarcou na capital e comemorou ao estilo da Seleção, com desfile em carro do Corpo de Bombeiros. “Parecíamos campeões mundiais, nunca senti tanta emoção em 15 anos de carreira”, lembra o ex-zagueiro Gérson. Ao lado de Jairo, ele repetiu a parceria dos tempos de Gama, ocorrida de 1996 a 2002: venceu a Série B e terminou o torneio com a melhor defesa, registrando média de 0,9 gol sofrido por jogo. “Moro em Taguatinga, e alguns torcedores me param ainda hoje para tirar fotos e lembrar os títulos”, comenta Gérson.

No ano seguinte, o Brasiliense não conseguiu se manter na Série A e iniciou um declínio no Brasileiro. Hoje, o clube vive sua pior fase. Disputou a quarta divisão em 2014, mas não alcançou o acesso. Assim, pode ficar fora de competições nacionais em 2015.

Ídolo
“Quem fez parte da conquista de 2004 lamenta a péssima fase atual, causada após uma série de erros em contratações de técnicos e jogadores”, avalia o meia Iranildo, 38 anos, maior artilheiro do Jacaré, com 73 gols. Eleito o melhor jogador naquela Série B, ainda não abandonou o futebol. “Faltam três jogos para eu chegar aos 300 pelo Brasiliense. Espero ajudar a equipe a se recuperar, pelo menos, no Candangão 2015”.

Aposentado desde 2008, Jairo descarta seguir o mesmo rumo de Iranildo e retomar a carreira de jogador na tentativa de resgatar o Brasiliense. Em 2014, ele até se aventurou como um dos supervisores de Futebol do clube, mas deixou o cargo por “não levar jeito com a função”.