Fluminense

Saída de Drubscky aumenta lista de técnicos que deixaram o Flu em menos de 90 dias

Treinador foi demitido após apenas oito partidas oficiais

postado em 21/05/2015 09:09 / atualizado em 21/05/2015 09:16

Nelson Perez/Fluminense FC

Fascina pela sua disciplina o Fluminense para contratar e demitir técnicos que não completam sequer uma dezena de jogos à frente do tricolor. Ricardo Drubscky é a nova vítima da impaciência. Contratado em 24 de março, o treinador deixou o cargo, ontem, com apenas oito partidas em menos de dois meses de trabalho. Nem mesmo o milagre da multiplicação de pontos ao levar o time às semifinais do Campeonato Carioca foi capaz de livrá-lo da crucificação. O vexame diante do Atlético-MG, no domingo passado, no Mané Garrincha, demorou 48 horas para ser digerido pela diretoria até o anúncio da demissão, feito pelo diretor executivo Fernando Simone.

“Nós tivemos uma longa conversa após o treino. De comum acordo, chegamos à conclusão de que o trabalho não estava fluindo da melhor forma e resolvemos romper o vínculo. Claro que não esperávamos, mas temos que fazer uma correção de rumo quando não estamos indo pelo lado correto. É o início do Campeonato Brasileiro e teremos tempo suficiente para melhorar”, explicou o dirigente tricolor em entrevista coletiva na sede do clube.

Ricardo Drubscky aumenta a relação de treinadores que comandaram o Fluminense em, no máximo, nove partidas consecutivas. Recentemente, Dorival Júnior entrou para a turma dos demitidos antes mesmo do fim do contrato de experiência — 90 dias segundo a CLT. No fim de 2013, o treinador perdeu o emprego com apenas cinco jogos. Contratado para o lugar de Vanderlei Luxemburgo, não impediu o rebaixamento em campo para a segunda divisão. O caso Héverton, jogador escalado de forma irregular pela Portuguesa, manteve o Flu na Série A.

Por incrível que pareça, Ricardo Drubscky ficou mais tempo no cargo do que Paulo Campos, por exemplo. Em 2006, o técnico lembrado por ter sido estagiário de Luxemburgo no Real Madrid passou 17 dias nas Laranjeiras. Deu tempo de comandar o tricolor em cinco jogos. Antes de contratar Paulo Campos, a impaciência tricolor havia dispensado Ivo Wortmann com apenas seis jogos à frente do time. Há casos piores. Em 1997, o ídolo uruguaio Hugo de León comandou o Fluminense em apenas duas rodadas no início do Campeonato Brasileiro.

Ajudou a derrubar

A insegurança de Ricardo Drubscky e as críticas do volante Jean teriam sido determinantes para a demissão do treinador. “Está muito nítido que precisamos nos arrumar, nos ajeitar de todas as maneiras. Na parte tática, na parte defensiva, na marcação que tem que começar do ataque. E no Brasileiro não temos tempo. Isso tudo tem que ser resolvido o quanto antes”, detonou Jean. O ataque de um dos líderes do time irritou Ricardo Drubscky.

Convocado para uma reunião com a diretoria para avaliar a goleada sofrida diante do Atlético-MG, o treinador não teria demonstrado firmeza diante da cúpula tricolor. “Isso é um assunto interno, prefiro tratar desta forma”, despistou o dirigente. “A razão (da demissão) foi o conjunto da obra. Resultados, dia a dia. Achamos que havia uma dificuldade e que precisávamos fazer a troca.

Ricardo Drubscky se despediu do Fluminense em um texto encaminhado pela assessoria de imprensa. “Saio do Fluminense lamentando não ter conseguido dar as respostas pelas quais eu e várias pessoas esperavam. Apesar de reconhecer que dois meses é muito pouco tempo para esboçar uma performance consistente no esporte coletivo, eu acreditava em bons resultados.”

Memória
Eles foram demitidos pelo Flu com menos de 90 dias de trabalho (e não eram interinos)

Hugo de León
Tempo de serviço: 2 jogos
Período: 1997 a 9/7/1997

Ivo Wortmann
Tempo de serviço: 6 jogos
Período: 15/1/2006 a 18/2/2006

Paulo Campos
Tempo de serviço: 5 jogos
Período: 25/2/2006 a 12/3/2006

Cuca
Tempo de serviço: 9 jogos (primeira passagem)
Período: 17/8/2008 a 1/10/2008

Dorival Júnior
Tempo de serviço: 5 jogos
Período: 14/11/2013 a 7/12/2013