Futebol Internacional

COPA AMÉRICA 2015

Temuco fecha cassino para receber a estreia do Brasil na Copa América

A 50 dias do início da competição, Chile faz últimos ajustes nos estádios

postado em 22/04/2015 09:20 / atualizado em 22/04/2015 09:24

Braitner Moreira - Enviado especial

Braitner Moreira/CB/D.A Press

Concepción e Temuco (Chile) — Organizar os bastidores de uma competição de alto nível exige muito mais do que planilhas e contratos. No caso da Copa América, o torneio de seleções mais antigo do mundo, assegurar a melhor experiência a cada participante passa pelos detalhes — nem que isso signifique fechar os únicos atrativos de uma cidade de 270 mil habitantes quando Neymar e seus “parças” estiverem por ali.

Enquanto a Seleção Brasileira passar por Temuco, o cassino e a discoteca estarão fechados. Isso porque o hotel da delegação também os abriga. Tudo para garantir a concentração do time — palavra do prefeito da cidade, Miguel Ángel Becker. O lugar é a principal atração de uma cidade que recebe 100 mil turistas ao ano, a maioria deles apenas em trânsito para as estações nevadas ali perto.

Em 14 de junho, o Brasil pisará em Temuco pela primeira vez para uma partida oficial. O Estádio Germán Becker, com capacidade para 18 mil torcedores, receberá a estreia do time de Dunga na Copa América, diante do Peru. Esqueça a megalomania daqui na preparação para a Copa do Mundo. Por lá, a estrutura foi totalmente reconstruída, por R$ 4 milhões, com um tamanho condizente para o futebol da cidade. O Deportes Temuco está na segunda divisão nacional e só agora começa a ter um plano de renascimento. O dono da equipe é o ex-atacante Marcelo Salas, um dos maiores jogadores da história do Chile.

Estádio e prefeito terem o mesmo sobrenome não é coincidência. Germán Becker foi presidente do time e, mais do que isso, chefiou Temuco por 20 anos. Cabe ao filho, agora, capitalizar com a herança do pai. “Apostamos no esporte para nos promover como cidade importante do sul da América Latina. Espero ter turistas brasileiros por aqui depois da Copa América”, discursa Miguel Becker entre embaixadinhas e poses para fotografia sobre o impecável gramado, trazido dos Estados Unidos.

Becker, o estádio, está fechado desde outubro para os últimos ajustes. O agendamento de um evento teste segue indefinido. Becker, o filho, pretende fazer um amistoso entre equipes locais ou mesmo um “treino forte” do Deportes Temuco para evitar problemas com o gramado, principal preocupação do prefeito. Tudo em prol de um craque brasileiro, jura o prefeito. “Tem de estar tudo impecável para quando Neymar tocar na bola pela primeira vez.”

Realidade distante

O custo total das reformas e das reconstruções dos nove estádios da Copa América ficou em R$ 281 milhões. Número bem distante dos R$ 8 bilhões investidos pelo Brasil nas 12 arenas da última Copa do Mundo. Os palcos chilenos têm capacidade média de 27,7 mil torcedores, contra 52,1 mil dos daqui.

Estádios charmosos e acanhados são uma marca registrada da competição. Em 1997, por exemplo, o Brasil foi campeão continental no Estádio Hernando Siles, em La Paz. Na decisão, o time comandado por Zagallo derrotou a Bolívia num estádio sem cadeiras nem alambrado.

Uma das exceções chilenas em baixo investimento é o Estádio Ester Rebolledo, em Concepción, ao custo aproximado de R$ 150 milhões. A 50 dias da partida de abertura da Copa América — Chile x Equador, em 11 de junho —, é a sede que inspira mais preocupação.

Braitner Moreira/CB/D.A Press

Segundo o último balanço, da semana passada, 82,3% das obras estão concluídas. Falta instalar cadeiras, cobertura, iluminação e sistema de som, além de concluir vestiários, setor VIP e áreas de imprensa. Nesta semana, 1.126 funcionários trabalham em dois turnos. A entrega já sofreu dois adiamentos.

O prefeito Alvaro Ortiz Vera já admite que o estádio não estará concluído a tempo da Copa América. “A quinta e última etapa ficará pronta depois, mas a tempo do Mundial Sub-17 masculino, em setembro. São detalhes menores, o importante é que cumprimos os encargos da Fifa e da Conmebol”, afirma. Entre os detalhes menores, está a finalização das obras no entorno do estádio que vai receber uma das semifinais, possivelmente Brasil x Argentina, se os dois avançarem em primeiro lugar em seus grupos.

O repórter viajou a convite do Turismo Chile