Futebol Nacional

CAMPEONATO CANDANGO

Folha salarial de todos os clubes da segundona não pagaria nem o Negueba

Levantamento do Correio mostra que quantia é menor do que o salário do atacante reserva do Flamengo

postado em 15/08/2014 11:01

A folha de pagamento de todos os clubes da segunda divisão do Campeonato do Distrito Federal não consegue bancar um mês de salário de Negueba, do Flamengo. O Correio apurou que os 169 jogadores inscritos no torneio custam, ao todo, R$ 86 mil. Estima-se que o atacante rubro-negro ganhe R$ 90 mil mensais somando o valor registrado na carteira de trabalho (CLT) aos direitos de imagem — maior fatia do montante. Bandeirante, Botafogo-DF, Cruzeiro-DF, Guará, Paranoá e Samambaia contaram as moedas para participar do torneio que continuará sendo disputado depois de uma batalha judicial.
Oswaldo Reis/Esp. CB/D.A Press

Em meio ao cenário financeiro caótico dos clubes do DF, o Samambaia surge na contramão e consegue pagar o suficiente para atrair velhos medalhões. Entre eles, Allan Delon. Na cidade, o meia tem defendeu Brasiliense, Gama e Ceilândia. Aos 35 anos, ele tem o maior salário da segunda divisão: aproximadamente R$ 6 mil, quantia revelada por ele à reportagem.

A quantia nem chega perto dos R$ 60 mil recebidos por Allan Delon quando jogava ao lado do baixinho Romário, no Vasco, em 2005. Além do cruz-maltino, o jogador mais caro da segundona defendeu Vitória e Sport. Pela primeira vez na disputa da Série B local, o meia afirma que o fator financeiro não é determinante para a permanência dele no DF. “Sou cidadão brasiliense desde 2006. Enquanto tiver condições e os times tiverem interesse no meu futebol, eu vou jogar”, avisa.

Enquanto o Samambaia ostenta o salário de R$ 6 mil de Allan Delon, outros clubes não têm vergonha de assumir a realidade financeira. “Um salário mínimo (R$ 740) é o máximo que podemos pagar a cada um”, lamenta o presidente do Cruzeiro-DF, Ivani Alves, o Nito. A folha mensal do clube soma pouco mais de R$ 18 mil. Segundo ele, a participação do time na segunda divisão só é possível, até agora, graças à parceria com um investidor. O mecenas banca a maior parte do elenco de 26 jogadores.
Maurício Val/VIPCOMM

Isonomia

No Botafogo-DF, o custo estimado é de R$ 29.250 mensais só com jogadores. Há isonomia salarial. Cada um dos 39 jogadores recebe R$ 750. O gerente de futebol do clube, Luís Cláudio, está preocupado com a possível prorrogação do campeonato. O Candangão está suspenso por falta de laudos de segurança dos estádios do DF e pode terminar após a data prevista, 13 de setembro. “Não teremos como pagar mais um mês de salários. É complicado pagar um”, reclama.

A situação de Bandeirante e Paranoá é mais complicada. Sem condições de bancar salários fixos, os dois times apostam na boa vontade dos atletas. Muitos deles entram em campo motivados apenas pela paixão ao esporte. Além disso, procuram atrair o interesse de equipes com melhor estrutura financeira. A maioria dos jogadores têm outros empregos, treinam diariamente e recebem dos clubes somente uma ajuda de custo. O pacote inclui despesas com transporte e alimentação.

Para disputar a segunda divisão candanga e reerguer o Guará, a diretora do clube firmou parceria com uma universidade particular. A instituição de ensino superior oferece bolsas acadêmicas aos atletas que defendem o time na competição.