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Times do Campeonato Brasileiro Feminino buscam visibilidade na loteria

Clubes que disputam o torneio passam a integrar jogos de loterias da Caixa Econômica Federal. Mais do que a renda extra, times exaltam o ganho em visibilidade nacional

postado em 02/10/2014 12:35 / atualizado em 02/10/2014 14:03

Amanda Martimon

Com a entrada de times do Campeonato Brasileiro Feminino nas apostas da Loteca e da Lotogol, modalidades de loterias da Caixa Econômica Federal, os clubes que disputam a competição esperam ganhar — mais do que dinheiro — visibilidade. Desde a última semana, nomes ainda incomuns para os “apostadores-torcedores”, como Portuguesa, surgiram na cédula de jogo. Assim, as equipes terão direito também ao rateio de 10% da arrecadação do concurso, que é dividida entre as agremiações participantes. Para os clubes que compartilham nomes e CNPJs com gigantes endividados do futebol, porém, o acesso à “nova renda” não será possível. Por lei, os valores ganhos com a loteria são prioritariamente retidos para pagamento de FGTS e dívidas com a União.

Na Lotogol da última quinta-feira, quatro equipes do Brasileiro Feminino — Botafogo/RJ, Adeco/ SP, Duque de Caxias/RJ e Vitória/PE — estrearam na loteria. Outras quatro, Náutico/PE, Pinheirense/PA, Avaí/SC e Portuguesa estão no concurso de hoje. No fim de semana, será a vez da estreia na Loteca, que tem arrecadação maior e, portanto, deve ser mais lucrativa para os clubes. No concurso anterior, por exemplo, o valor arrecadado beirou os R$ 2 milhões, o que daria cerca de R$ 7 mil reais para cada um dos 28 times. Na Lotogol, apenas 10 equipes participam por vez, mas a arrecadação é quase 10 vezes menor.

A letra “F” à frente do confronto sinalizado na cédula do jogo indica aos apostadores que se trata de uma partida do futebol feminino. Por tabela, a marcação ajuda a diferenciar também times que possuem equipes nas duas categorias, feminina e masculina. Casos de Vasco, Botafogo, Náutico, Chapecoense, Bahia, Sport, Avaí e Portuguesa, por exemplo.

De acordo com a Caixa, as regras da Loteca e Lotogol são as mesmas, assim como o prazo para receber a quantia, liberada no mês posterior à participação na loteria. O banco estatal, porém, confirmou à reportagem que os times femininos representados por nomes/marcas de clubes que têm equipes masculinas estão registrados com os mesmos CNPJs. Isso significa que, se a agremiação estiver endividada — geralmente em razão dos gastos com o futebol masculino —, não haverá resgate do dinheiro para a modalidade feminina.

O time do Botafogo/RJ é um dos que se mobilizam para receber a quantia à parte do alvinegro, cuja conta está bloqueada por conta de dívidas com a União. “O futebol feminino não integra o quadro do clube, é uma parceria com uma empresa, que banca a equipe. Todo o investimento é privado”, justifica Bruno Seroa, diretor de Futebol. Assim, com ajustes de pendências, eles esperam que exista uma maneira de desvincular do Botafogo o dinheiro que venha a ser angariado pela participação do time feminino nas loterias.

Visibilidade
Ainda sem apontar qual a estimativa de novos ganhos com a futura participação em duas modalidades de loteria, o diretor da Ferroviária/Fundesport Danilo Zero comemora outro tipo de crescimento. “O apostador tem de estar por dentro do que está acontecendo na competição. Ele tem de pesquisar para aumentar suas probabilidades de acerto”, destaca. Com isso, o dirigente acredita que os times femininos vão ganhar visibilidade.

A inclusão das equipes do Brasileiro Feminino foi uma surpresa para Teófilo Santos, presidente do Pinheirense, clube do Pará. “A Caixa não comunicou. Apenas recebemos uma ligação pedindo o nome da nossa atleta de destaque”, conta. A renda extra de última hora, porém, será bem-vinda: “Não sabemos dimensionar o valor, mas será de grande valia se compararmos com os parcos recursos de que dispomos”, avalia.