Cruzeiro

CRUZEIRO

Técnico de rival do Cruzeiro na Libertadores fez história como jogador e foi adversário de clubes mineiros em torneios internacionais

Eduardo Coudet levou a melhor sobre o Atlético na final da Copa Conmebol de 1995, mas perdeu para a Raposa nas semifinais da Mercosul de 1998

postado em 21/02/2018 10:30 / atualizado em 21/02/2018 15:41

REUTERS/Henry Romero

Eduardo Coudet, de 43 anos, faz parte da nova geração de treinadores do futebol sul-americano. Foi ele o responsável por armar o time do Rosario Central que praticou um estilo de jogo de domínio de posse de bola, movimentação e toques rápidos na Copa Libertadores de 2016. A equipe argentina liderou o Grupo 2 – superando Palmeiras, Nacional-URU e River Plate-URU –, passou com facilidade pelo Grêmio nas oitavas de final (vitórias por 1 a 0, fora, e 3 a 0, em casa) e só foi eliminada nas quartas pelo Atlético Nacional, que viria a ser campeão continental. No Racing – primeiro adversário do Cruzeiro na Copa Libertadores de 2018 –, Coudet também tenta implantar essa filosofia ofensiva, pois conta no elenco com atletas talentosos, casos da joia Lautaro Martinez, do experiente Neri Cardozo e do ágil Ricardo Centurión, ex-meia-atacante do São Paulo.

O que muitos no Brasil podem não saber é da trajetória dele como jogador. Apelidado de “Chacho”, o volante de boa técnica e qualidade em chutes de longa distância fez sucesso em grandes clubes da Argentina nas décadas de 1990 e 2000. O início da carreira foi no Platense. Em seguida, Coudet defendeu Rosario Central – do qual se tornou ídolo –, San Lorenzo, River Plate, Celta de Vigo-ESP, San Luis-MEX, Necaxa-MEX, Colón de Santa Fe-ARG, Philadelphia Union-EUA e Fort Lauderdale Strikers-EUA. Por este último, pendurou as chuteiras aos 37 anos, em 2011. Ao longo de quase duas décadas de carreira, o meio-campista disputou 611 partidas e marcou 72 gols, números considerados relevantes para sua posição.

Com 11 participações e mais de 90 jogos em torneios sul-americanos, Coudet, de maneira até natural, foi adversário dos clubes mineiros. Em 1995, vestiu a camisa número 8 do Rosario Central e enfrentou o Atlético na decisão da Copa Conmebol. Três anos depois, foi a vez de encarar o Cruzeiro na fase de grupos e nas semifinais da Copa Mercosul.

Na Conmebol, o Rosario Central vinha embalado pelas classificações sobre Defensor-URU, Cobreloa-CHI e Atlético Colegiales-PAR.  Os argentinos ganharam as seis partidas e chegaram à decisão com 100% de aproveitamento. Já o Atlético passou ligeira dificuldade contra o Guarani de Campinas, atropelou o Mineros de Guayana-VEN com duas goleadas (6 a 0 e 4 a 0) e bateu o América de Cali-COL nas penalidades.

Coudet, que ao longo da competição marcara três gols, passou em branco na decisão. No jogo de ida, em 12 de dezembro, no Mineirão, o volante viu sua equipe ser impiedosamente castigada pelo Atlético com uma goleada por 4 a 0, gols de Ézio, Cairo, Paulo Roberto e Elpídio Silva. Mas o troco veio uma semana depois. Num Gigante de Arroyito tomado por 45 mil torcedores, o Rosario abriu 1 a 0 logo aos 23min do primeiro tempo, com o atacante Da silva. O zagueiro Horacio Carbonari, exímio cobrador de faltas, acertou um canhão do meio da rua e ampliou aos 39min. Um minuto depois, Martín Cardetti fez 3 a 0, em finalização na saída de Taffarel. Acuado, o alvinegro tentou sustentar a pressão, porém Carbonari, dessa vez de cabeça, marcou o quarto. Nos pênaltis, os erros de Doriva e Leandro Tavares custaram caro ao time atleticano, que perdeu por 4 a 3 e amargou a perda de uma taça que estava praticamente em suas mãos.


O título da Conmebol de 1995 foi o único da carreira de Chacho Coudet. Em 1998, o volante bateu na trave a serviço do San Lorenzo e só não chegou à decisão da Copa Mercosul porque havia o Cruzeiro no meio do caminho. Mas os confrontos entre as equipes já começaram na fase de grupos. E no primeiro embate, em 29 de julho, Coudet abriu caminho para a vitória do Ciclón por 2 a 1, no Nuevo Gasómetro, em Buenos Aires. Logo no começo da partida, o camisa 8 apareceu na grande área e chutou forte no contrapé do goleiro Dida. Naquele time celeste atuava Marcelo Djian, que hoje é diretor de futebol do clube. No segundo encontro entre os times pelo Grupo A, a Raposa ganhou por 2 a 1 no Mineirão, gols de Müller e Valdo, ambos no segundo tempo.

Cruzeiro e San Lorenzo deixaram São Paulo e Colo-Colo para trás e foram às quartas de final. Enquanto os mineiros eliminaram o River Plate com vitórias em Buenos Aires (2 a 1) e Belo Horizonte (2 a 0), o Ciclón superou o Racing na disputa por pênaltis, após empates por 0 a 0 e 1 a 1 (não havia a regra do gol qualificado como visitante). E nas semifinais, os oponentes no Grupo A faziam novo duelo. Que terminou favorável ao Cruzeiro, ganhador no primeiro jogo por 1 a 0 e igual no confronto de volta por 1 a 1.

O detalhe da segunda partida, realizada em 2 de dezembro, é que o goleiro cruzeirense Paulo César, já experiente e bastante rodado no auge de seus 38 anos, foi expulso pelo árbitro paraguaio Ubaldo Aquino por supostamente fazer cera. Como já havia efetuado as três substituições – Valdir Benedito, Caio e Marcelo Ramos nos lugares de Djair (autor do gol em cobrança de falta ensaiada), Muller e Fábio Junior –, o técnico Levir Culpi tomou uma decisão inusitada e colocou o atacante Marcelo Ramos como goleiro. Acostumado a fazer tal função em rachões do clube, o artilheiro celeste praticou uma defesa após uma tentativa de avanço do San Lorenzo por intermédio do atacante Acosta. Assim, o Cruzeiro se segurou e avançou à final da Copa Mercosul, da qual foi vice-campeão ao ser derrotado pelo Palmeiras.


Coudet fez parte do bom elenco do San Lorenzo, que contava com o goleiro Oscar Passet (com convocações para a Seleção Argentina) zagueiro Iván Córdoba (ex-Inter de Milão e Seleção Colombiana), o meia Borrelli (ex-Panathinaikos-GRE e Seleção Argentina) o atacante Alberto Acosta (ex-Sporting de Portugal e Seleção Argentina). Nenhum título, contudo, foi conquistado pelo meio-campista. Em seu país, ele só foi ser campeão novamente vestindo a camisa do River Plate, entre 1999 e 2004. Nesse período, conquistou cinco edições do Campeonato Argentino (um Torneio Apertura e quatro Torneios Clausura).

O estilo de jogo de constantes chegadas ao ataque como elemento surpresa certamente influenciou Eduardo Coudet na montagem de suas equipes na função de treinador. O jovem comandante, contudo, ainda não conquistou título na carreira. Pelo Rosario, foi duas vezes vice-campeão da Copa Argentina, perdendo para Boca Juniors (2014/2015) e River Plate (2015/2016). No Campeonato Argentino de 2015, ficou em terceiro lugar, com 59 pontos em 30 partidas. O campeão foi o Boca Juniors, com 64, seguido pelo San Lorenzo, que somou 61. No comando do Rosário Central, Chacho contabilizou 81 partidas por competições, com 37 vitórias, 26 empates e 18 derrotas. Ele também trabalhou no Tijuana-MEX, em passagem pouco proveitosa na temporada 2017 (seis triunfos, sete empates e sete reveses em 20 jogos).

No Racing, Eduardo Coudet começou sendo derrotado de virada pelo surpreendente Unión, que faz boa campanha (6º, com 26 pontos), mas logo emplacou sequência de três vitórias sobre Huracán (4 a 0), Olimpo (2 a 1) e Lanús (3 a 1). O primeiro adversário do Cruzeiro na Libertadores de 2018 subiu do 14º lugar, na 13ª rodada, para nono, na 16ª. Com 25 pontos, o time pode saltar na tabela caso vença o Godoy Cruz fora de casa nesta sexta-feira, às 21h15 (de Brasília), pela 17ª rodada do Campeonato Argentino. Consequentemente, o eventual triunfo elevará ainda mais o moral visando ao encontro com a Raposa, às 21h30 da próxima terça-feira, no El Cilindro, pela rodada de abertura do Grupo 5.

Racing/Divulgação

Tags: Eduardo Coudet libertadores2018 cruzeiroec racing técnico treinador