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Pés no chão: Fábio diz que apenas cumpriu missão ao defender pênaltis pelo Cruzeiro

Goleiro prefere fugir do clima de badalação após ser herói na Copa do Brasil

postado em 17/08/2018 10:00 / atualizado em 16/08/2018 22:42

Edesio Ferreira/EM D.A Press
O olho grudado na televisão até a madrugada dessa quinta-feira, vendo e revendo os lances que asseguraram o Cruzeiro em mais uma semifinal da Copa do Brasil, eram sinal de que havia algo de muito especial na partida. As imagens da quarta-feira não saíram da cabeça do goleiro Fábio, herói do duelo com o Santos, em que defendeu três penalidades consecutivamente depois de derrota por 2 a 1 no tempo normal, no Mineirão.

Exaltado por torcedores e pela crítica esportiva, o jogador de 37 anos (fará 38 em 30 de setembro), recordista de partidas pela Raposa (785), preferiu fugir do clima de badalação. Para espanto de muita gente, tratou de classificar a façanha como algo “normal” e afirmou que não realimentou a esperança de ser chamado para a Seleção Brasileira na convocação que Tite fará nesta sexta-feira para amistosos de setembro contra Argentina e Estados Unidos. A ausência dele como goleiro do Brasil é apontada como injusta por vários críticos.  “Não penso muito nisso. Se acontecer, estarei pronto. Ficarei feliz. Mas não crio expectativa”.

Para ele, o mais importante é a sensação de missão realizada. No vestiário, muitos cumprimentos, abraços dos companheiros e os elogios do técnico Mano Menezes. “Mas nada, pra mim, que seja algo tão excepcional assim. Minha sensação é do dever cumprido”. Ele confessa até certa distração no momento em que classificava a equipe, ao defender a penalidade de Jean Mota. “Para ser sincero, eu defendi a terceira bola e saí para o canto onde a gente fica esperando para a próxima cobrança, à esquerda do gol. Vi todo o estádio festejando, mas isso é normal depois de defender uma cobrança. Estava pensando no quarto pênalti, quando, de repente, vi meus companheiros pulando em cima de mim e comemorando. Foi aí que a ficha caiu.”

Do Mineirão, Fábio foi para casa e garante que teve uma noite tranquila. “Não fiquei pensando no que tinha acontecido. Cheguei, abracei minha mulher, Sandra (38 anos), e meus filhos, Pablo (13) e Valentina (7). Liguei a televisão e fui ver os programas. Peguei até o finalzinho do jogo numa emissora. É muito bom ver um tape, ainda mais quando se sabe o resultado e sabe que ganhou. Vi comentários, reprises dos pênaltis e depois fui dormir”.

Ramon Lisboa/EM D.A Press

Ontem pela manhã, conversando com os familiares, soube que Sandra, tensa, deixou a sala de TV no momento das cobranças. “Veio a minha surpresa. Ela disse que ligou a TV e ficou com os meninos na sala. Mas quando viu que haveria pênaltis, resolveu ir tomar banho e orar. Disse para os meninos para não falarem nada sobre o que tinha acontecido. Mas eu moro perto do Mineirão e ela contou que ouviu foguetes e pensou: ‘o Cruzeiro ganhou. Atleticano não soltaria foguete’. E ficou me esperando chegar.”

Foi ainda jovem que Fábio começou a se especializar na defesa de penalidades. No Cruzeiro, foram 24. “Eu era menino quando peguei meu primeiro pênalti, na base do União Bandeirante. Fomos campeões, mas não era em disputa de pênalti. Foi no tempo normal.” E sonhava com a façanha de quarta-feira? “Não poderia imaginar, quando comecei, que isso poderia acontecer um dia. Não pensava nem mesmo que jogaria num grande time como é o Cruzeiro. Mas estou muito feliz.”

Festejado, ele insiste em fugir dos autoelogios e chega a relativizar o feito diante dos santistas. “Não foram as defesas mais importantes da minha carreira. Foram marcantes, sim. Mas os lances mais importantes, para mim, são sempre as defesas do último jogo”, diz o jogador, que conta ter recebido uma série de mensagens ao longo do dia. “Respondi a algumas e tinha torcedor que queria conversar. Mas não podia bater papo, pois tinha de treinar”.

A rotina dessa quinta-feira foi igual à de dias anteriores: treino com os goleiros Rafael, Vitor Eudes e Gabriel Brazão. “Quando cheguei, o Robertinho (preparador de goleiros) já estava indo pro campo e chamando. Não houve nada de novo. Continua da mesma forma”.

Edesio Ferreira/EM D.A Press

Pênaltis defendidos por Fábio no Cruzeiro:

24ª - Copa do Brasil 2018 - Cobrança de Jean Mota, do Santos *

23ª - Copa do Brasil 2018 - Cobrança de Rodrygo, do Santos *

22ª - Copa do Brasil 2018 - Cobrança de Bruno Henrique, do Santos *

21ª - Copa do Brasil 2017 - Cobrança de Diego, do Flamengo *

20ª - Copa do Brasil 2017 - Cobrança de Luan, do Grêmio *

19ª - Copa do Brasil 2016 - Cobrança de Diego Renan, do Vitória

18ª - Libertadores 2015 - Cobrança de Luís Fabiano, do São Paulo *

17ª - Libertadores 2015 - Cobrança de Lucão, do São Paulo *

16ª - Brasileiro 2013 – Cobrança de Fred, do Fluminense

15ª - Brasileiro 2012 – Cobrança de Ronaldinho Gaúcho, do Atlético

14ª - Brasiliero 2012 – Cobrança de Luís Fabiano, do São Paulo

13ª - Mineiro 2012 – Cobrança de Fábio Júnior, do América

12ª – Brasileiro 2011 – Cobrança de Luís Fabiano, do São Paulo

11ª - Libertadores 2011 – Cobrança de Medina, do Deportes Tolima-COL

10ª - Brasileiro 2010 – Cobrança de Bruno César, do Corinthians

9ª - Brasileiro 2010 – Cobrança de Renato Cajá, do Botafogo

8ª - Mineiro 2010 – Fábio defendeu dois pênaltis de Thiago Pereira no mesmo jogo, contra a Caldense

7ª - Mineiro 2010 – Fábio defendeu dois pênaltis de Thiago Pereira no mesmo jogo, contra a Caldense

6ª - Brasileiro 2009 – Cobrança de Ronaldo, do Corinthians

5ª - Brasileiro 2009 – Cobrança de Juan, do Flamengo

4ª - Torneio de Verão 2009 – Cobrança de Sergio Blanco, do Nacional-URU

3ª - Brasileiro 2008 – Cobrança de Nilmar, do Internacional

2ª - Copa do Brasil 2006 – Cobrança de Diego Marangon, do Nacional-AM

1ª - Brasileiro 2005 – Cobrança de Sandro, contra o Paraná

* Com asterisco, as defesas em disputas por pênaltis

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