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'Perdas prováveis' na Justiça e reajuste com pessoal: auditoria apresenta 'novo' balanço de 2017 do Cruzeiro; veja detalhes

Documento foi apresentado ao Conselho Fiscal na tarde dessa segunda-feira

postado em 28/09/2018 19:03 / atualizado em 28/09/2018 19:04

<i>(Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A. Press)</i>
O Conselho Fiscal do Cruzeiro se reuniu na última segunda-feira para aprovar o novo balanço financeiro do clube no exercício de 2017. Diferentemente do que foi apresentado em abril, quando o documento mostrou superávit de R$30.549.615,31, o novo demonstrativo, obtido pelo Superesportes, indica um deficit de R$16.844,160,06. Os ajustes dos débitos foram realizados, especialmente, nos gastos com pessoal no futebol (aumento de R$25.760.548,73) e na inclusão de provisões para contingências judiciais (aumento de R$14.852.941,47).

Veja abaixo o balanço completo com detalhes das duas versões e os ajustes:

A BDO Brasil foi a empresa escolhida pela nova diretoria do Cruzeiro, capitaneada por Wagner Pires de Sá, para auditar as contas apresentadas pela gestão de Gilvan de Pinho Tavares, ex-presidente. A companhia orientou o auditor independente Frederico Mendes, responsável por conferir o primeiro balanço, sobre as alterações que deveriam ser feitas no novo documento. Algumas foram realizadas mediante apresentação de material comprobatório, enquanto outras não, justamente pela ausência dessas provas.

Durante o encontro com o Conselho Fiscal na última segunda-feira, Frederico Mendes detalhou o que foi inserido no novo balanço. De acordo com a ata da reunião, obtida pela reportagem, o auditor explicou que foram incorporados: “baixa de empréstimo junto ao Banco BMG de R$900 mil”, “contratos de intermediações”, “aquisições de atletas que estavam no departamento de futebol e que não foram repassados a contabilidade”, a “despesa da Minas Arena”, além de outros ajustes, como a “variação cambial dos contratos de atletas junto a Fifa”, inclusão de “contingências cíveis e trabalhistas” e “provisão de bicho/gratificação de competições anteriores”. O documento é assinado pelo presidente do Conselho Fiscal do Cruzeiro, Lúcio Antônio de Souza.

De acordo com o relatório incluído na nova versão do balanço, o Cruzeiro “apresentou nestes dois últimos exercícios déficit, aumentando o seu grau de endividamento, resultado assim num patrimônio líquido negativo de R$ 17.345.768,59 em 31 de dezembro de 2017. No exercício findo em 31 de dezembro de 2017, a Entidade apresentou prejuízos acumulados de R$ 229.606.919,03, e o passivo circulante excedeu o ativo circulante em R$ 158.994.034,80”.

O relatório ainda aponta eventuais títulos desta temporada como meios de o clube voltar a equilibrar as finanças. A conquista da Copa do Brasil, por exemplo, pode render ao Cruzeiro cerca de R$ 62 milhões em premiações. Só de passar à final, pelo menos R$ 20 milhões foram assegurados.

“(...) Para reverter esse cenário, a Administração buscará alcançar a meta já traçada de ser campeão de uma das competições que disputamos, quer seja, Copa Libertadores ou Copa do Brasil. Além disso, contratamos empresa especializa em Governança Corportativa e Compliance com o claro objetivo de ter uma forte política de redução de custos internos, sem é claro perder a qualidade na prestação de serviços (sic)”, diz análise do Conselho Fiscal do Cruzeiro.

Mais de 71 milhões em 'eventos subsequentes'

Apesar dos objetivos mencionados pelo Conselho Fiscal, o novo balanço traz eventos subsequentes. Ou seja, atos da nova gestão de Wagner Pires de Sá que são de “relevância significativa”, mas que não “originaram os ajustes” do balanço de 2017. São mencionadas as aquisições de direitos econômicos de três atletas para o time profissional em 2018: 80% do volante Bruno Silva, 70% do atacante David e 60% do meio-campista Mancuello. O relatório ainda traz números:

“A atual administração contraiu novos empréstimos para quitação de débitos de salários gratificações, encargos, direito de imagem e rescisões entre outros relativos ao exercício de 2017 em instituições financeiras. O valor total desses débitos era na ordem de R$ 71.268.528,85”, diz o texto. Esses valores, possivelmente, serão confirmados no balanço patrimonial do exercício 2018 do Cruzeiro.

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