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Vergonha, mudanças drásticas e futuro no Cruzeiro: a íntegra da 'entrevista-bomba' de Rogério Ceni

Técnico chegou a colocar permanência no clube em dúvida após revés por 4 a 1 para o Grêmio, no Independência

postado em 08/09/2019 17:30 / atualizado em 08/09/2019 19:01

<i>(Foto: DAZN)</i>
Envergonhado pela derrota por 4 a 1 para o Grêmio, no Independência, neste domingo, Rogério Ceni promoverá mudanças drásticas no Cruzeiro no restante do Campeonato Brasileiro. Além de mudar peças no time e de propor uma intertemporada a atletas mais desgastados, ele admitiu que o estilo mais ofensivo não é o mais adequado no momento. 




Entre as várias frases de impacto, Ceni chegou a colocar o seu futuro no Cruzeiro em dúvida. “Se for para ficar no Cruzeiro, preciso fazer alguma coisa diferente. Se não, preciso passar a vez a outra pessoa que tenha uma mentalidade diferente para continuar no Cruzeiro”.

“Perdi muito, mas não nasci para perder, ainda mais duas pancadas seguidas como essas. É a reputação da gente que entra em jogo, independentemente do tempo de trabalho aqui”, acrescentou o técnico, contratado em 11 de agosto.

A seguir, leia todas as declarações de Ceni após o revés por 4 a 1:

Vergonha

“Eu também faço parte de tudo isso, apesar de ter chegado recentemente. Mas já são três semanas de trabalho. E, infelizmente, até me sinto envergonhado de vir aqui dar entrevista para vocês. Só venho por educação mesmo, para cumprir meu papel. Já perdi na minha vida em muitos jogos. Mas existem maneiras em que você é derrotado. A situação já é delicada, eu lamento por ter que vir aqui falar, não por vocês, mas pela situação vivida pelas derrotas, que foi no meio de semana e hoje também.


Motivações do revés por 4 a 1

“Eu não sei explicar direito, mesmo porque qualquer resposta que eu der aqui, pode gerar mais problemas ao clube, e nós temos de se preocupar com o Cruzeiro neste momento. Já tem problemas suficientes para que a gente venha até o microfone e gere qualquer maior desconforto ao clube. O importante é que a gente pare de sonhar com essa coisa de Libertadores quando ganha um jogo, de ser campeão. Não, nós temos que enfrentar a realidade. Jogamos muitos anos no São Paulo e, em 2013, enfrentamos uma realidade que fugia do normal. Este ano, nós temos que nos preocupar em tirar o Cruzeiro de uma situação de rebaixamento para iniciar um ano de 2020 melhor”.


Fase ruim de jogadores e mudança de esquema

“Não adianta criticar um jogador publicamente e nem vir aqui ao microfone de, quando você está triste, dá declarações em que pode se arrepender. Assim como a gente está alegre não deve prometer muitas coisas. Precisamos fazer algumas mudanças comportamentais, talvez para alguns atletas uma intertemporada. Podemos modificar também a nossa maneira de jogar. Por mais que eu goste de futebol ofensivo e tente sempre privilegiar os jogadores de alta qualidade técnica, para isso você precisa ter a bola. Quando eu falei dos erros de passe, eles se avolumaram. Tenho jogadores que considero ótimos passadores, mas não estão conseguindo executar. Talvez seja a hora de mudar o sistema de jogo e preparar melhor durante 10, 12 ou 14 dias esses jogadores para que eles possam voltar e também serem mais úteis ao Cruzeiro. Eu também preciso mudar um pouco para conseguir melhores resultados dentro de campo”.


Reunião para tratar das falas de Thiago Neves

“Eu desconheço qualquer conversa entre os jogadores e a direção. Se teve, não me foi passado. Não estamos aqui para crucificar o Thiago, algo assim. Muito pelo contrário, é um jogador que tem uma história no clube. Dentro de suas melhores condições e com a cabeça boa, é um jogador importante para a gente. Às vezes o que aconteceu, acredito muito na declaração do Thiago, foi porque viu um amigo no banco de reservas, que, no caso, foi o Edilson. Houve a improvisação do Jadson na lateral direita. De resto, se você pegar o time que jogou contra o Internacional, é o mesmo que jogou contra Vasco e CSA, todos conhecedores de sua posição. A escalação nunca é divulgada só três horas antes do jogo. Quero deixar isso bem claro. Mas tenho o maior respeito. E mais do que amigo ou emocional, sou profissional. Entendo o nervosismo na saída do jogo, é um momento difícil, você quer tentar uma explicação. Mas não temos um ou outro jogador culpado. Só tenho que, de alguma maneira como treinador, se for para ficar no Cruzeiro, preciso fazer alguma coisa diferente. Se não, preciso passar a vez a outra pessoa que tenha uma mentalidade diferente para continuar no Cruzeiro”.


Respaldo da diretoria

“O meu respaldo é meu trabalho. Acho que tentamos tudo que era possível dentro dessa formação, tentando privilegiar o jogo. Hoje em dia as pessoas privilegiam a marcação em detrimento à construção do jogo. Talvez tenhamos que mudar, talvez a mudança mais drástica seja a maneira de jogar. Só uma mudança de atitude e de mentalidade de jogo é que pode fazer o Cruzeiro sair dessa situação. Se a gente for fazer uma intertemporada, dentro do campeonato, com 20 rodadas para se jogar, e colocar um time forte fisicamente em campo, nós temos que fazer. Se eu for o treinador, nós temos de fazer”.

Não nasci para perder

“Respaldo é uma coisa muito importante. Às vezes as pessoas preferem que continue nessa maneira, mas eu não consigo ver dessa maneira. Perdi muito, mas não nasci para perder, ainda mais duas pancadas seguidas como essas. É a reputação da gente que entra em jogo, independentemente do tempo de trabalho aqui. Podemos até sofrer um pouco nesse começo, mas tenho certeza de que com a melhora em condições de alguns atletas, ficando uma rodada fora para se trabalhar, podemos tentar fazer um time mais competitivo e recuperando os jogadores para o grosso da competição”. 

Time mais competitivo

“Vamos tentar um time que seja mais competitivo do que esse que fizemos para os últimos jogos. Vamos tentar fazer um time mais forte fisicamente e mais competitivo. Não vou falar sobre quais setores ou quais formações mas, para esse momento, para não passar situações desagradáveis como essa, vamos ter que fazer. Mesmo que percamos, se faz necessário mudar nesse momento”.

Escalações de Leo e Edilson

“Quarta era um jogo único, eliminatório. O Leo vinha de uma lesão, e eu gostaria de tê-lo colocado. Mas achei que precisava deixar recomeçar o Campeonato Brasileiro para colocá-lo. Quanto ao Edilson, acho que fui bem claro na última coletiva. Ele deu uma entrevista falando que não estava 100%, e eu achava que era jogo para um jogador que estivesse 100%. Hoje foi dada a oportunidade ao Edilson e o Leo voltou à zaga, especialmente pela ausência do Dedé”.

Troca de Fabrício Bruno por Cacá contra o Grêmio

“O Fabrício jogou 7 jogos no ano: quatro comigo e três com o Mano. Dei quatro oportunidades a um jogador que só teve três em sete meses. Eu, em 21 dias, dei oportunidade quatro vezes a ele”.

“O Cacá é um ótimo jogador, um valor da base. Foi um dos poucos jogadores que arrancou de trás com a bola e tentou algum jogo combinado. Trabalho com eles todos os dias e achei que ele merecia uma oportunidade hoje. O Leo é um atleta, na acepção da palavra, jogou 90 minutos e se mostra recuperado da lesão que teve”.

Desempenho de David no time

“[David] É um jogador dedicado e esforçado Tem muita velocidade e talvez, hoje, não tenha feito um grande jogo. Mas, se formos escolher, poucos jogadores fizeram uma partida acima da média. É um jogador da base do clube, que vai agregar valor futuro (na verdade, veio do Vitória), começando ou entrando no decorrer dos jogos”.

Estreia de Ezequiel

“[Ezequiel] Espero que ele jogue aberto pela direita ou, por dentro, como um 10,, mas não centralizado e, sim, pelo lado. É a mesma função, mais ou menos, do Marquinhos Gabriel. É um jogador que pode ser útil assim. Vamos trabalhar pela primeira semana inteira. Tivemos um dia quando ele chegou e, até agora, dois treinamentos com ele. Vamos tentar explicar o modelo de jogo, para que ele entenda cada vez mais. Espero que ele possa ajudar, assim como o Marquinhos, o David e os outros jogadores de lado têm ajudado”.

Risco de demissão e autonomia para mexer no time

“Eu assumo as responsabilidades. É do treinador. Ficar ou não é uma decisão dos que comandam, mas as decisões dentro de campo, são de minha responsabilidade”.

Questões políticas do clube

“Tenho trabalhado de maneira tranquila no CT. Essa questão não envolve, ao menos para mim, a parte política. Nós tentamos, durante cinco partidas, fazer praticamente como vinha sendo feito, tentando mudar poucas coisas. Até conseguimos sete pontos de nove quando chegamos, mas agora temos duas derrotas que são pesadas para a gente. Dentro de casa, perder de quatro... É a segunda vez que eu, em mais de cem jogos como treinador, chego a tomar quatro gols. Para mim não é normal e acaba com o meu dia. Gosto de trabalhar, o futebol é meu lazer. O restante do dia depende do resultado, então, para mim, perde a graça”.

Mudança na forma de jogar do time

Às vezes, na vida, temos que dar um passo para trás e encarar o fato. O momento é difícil, em que a gente tem que se manter fora da zona de rebaixamento. Temos dois jogos duríssimos, contra Palmeiras e Flamengo nas duas próximas rodadas. Serão momentos difíceis, mas não estou aqui pedindo mais jogadores, absolutamente nada disso. A única coisa é que a gente possa ter mais dias para trabalhar alguns jogadores e possa fazer algumas alterações momentâneas. Não significa que seja algo para o restante da competição, mas, de alguma maneira, temos que mudar um pouco a estratégia de jogo, fazer um esquema que não seja tão ofensivo como esse e que a gente tenha um melhor rendimento dentro de campo”.

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