COPA EM BH

Torcida alemã prepara invasão

Simpáticos e comunicativos, os primeiros torcedores do time adversário do Brasil começam a chegar à capital

postado em 06/07/2014 10:26 / atualizado em 06/07/2014 15:35

Mariana Peixoto /Estado de Minas

TÚLIO SANTOS / EM DA PRESS
Pesquisa do Ministério do Esporte estima que 11,3% dos ingressos vendidos para a semifinal desta terça-feira seja para alemães. É só fazer uma conta rápida, bem por alto, para ver que o Mineirão deve receber, por baixo, seis mil torcedores que esperam por mais gols do atacante Thomas Müller. Seja como for, a invasão tricolor só deve se intensificar a partir de hoje. Ainda que em pequeno número, sua presença já começa a ser notada em Belo Horizonte.

Passar despercebido, por sinal, é tarefa difícil para Mario Goralski, de 28 anos. Alto e loiro como boa parte da população de seu país, ele vai bem além dos estereótipos. No Mercado Central, em meio a um fígado acebolado e bate-papo entre alemães e brasileiros, houve quem perguntasse se era modelo. Não, apenas um estudante de Bochum (região da Renânia do Norte) que, recém-saído de um mestrado em administração e economia, se permitiu um período sabático de três meses.

Já ficou ao menos um – sua passagem de volta está marcada para 24 de agosto – onde conheceu boa parte do Ceará. Surfou nas ondas de lá e não temeu os tubarões do Recife. Em Caruaru, não perdeu o São João. Chegou a Belo Horizonte justamente um dia antes de ver sua Alemanha virar semifinalista após bater a França. Assistiu ao gol de Mats Hummels na Savassi ao lado do amigo brasileiro Lucas Barbosa, que o hospeda na cidade. Comemorou até as cinco da manhã em festa no Mercado das Borboletas. Ainda que em Fortaleza ele tenha surfado – até conseguiu virar garoto-propaganda da marca Sakapraia, surfwear de Pernambuco – em BH teve contato com um calor humano que ainda não tinha sentido.

Mario fica aqui por uma semana. Daqui a uns dias vai até Ouro Preto para ver o Festival de Inverno. Na temporada brasileira, conseguiu assistir no estádio somente ao embate de Alemanha e Gana no Castelão, em Fortaleza. “Não tem um jeitinho de arrumar ingresso para terça?”, pergunta o alemão surfista com sua brasilidade recém-adquirida e seu português mais do que admirável para alguém que estudou por somente seis meses. “Já falava espanhol, é muito parecido.”

Imersão cultural O alemão vai tentar ir ao Mineirão de qualquer maneira. Vai também tentar adiar a partida brasileira. Depois de Minas Gerais, viaja até o Rio, São Paulo, Salvador. E, quem sabe, arrumará um estágio numa empresa. Seu sonho já foi realizado pela conterrânea Sabine Koch Menezes. O último sobrenome vem do marido brasileiro Diego. Conheceram-se há três anos, falando em inglês, num ônibus turístico na Patagônia chilena. Com o casamento e a mudança para BH, Sabine estudou muito o português, que fala e escreve com fluência.

Já o alemão natal virou meio de vida. Atua como professora de alemão, além de ter criado o Liebe & Lebe Deustch (Amar & viver alemão), que reúne grupo de alemães e brasileiros que viveram naquele país. A ideia é uma imersão na cultura e gastronomia do país europeu, para matar as saudades e não perder as raízes. São encontros semanais, sempre às quartas-feiras, que só viram crescer seus integrantes por causa do Mundial. Sabine quer reunir um grupo maior na noite de amanhã como uma preparação para o jogo. Na terça, admite, ela e o marido vão ter que se dividir. Na hora de torcer, cada um fica com seu próprio país.

EMBAIXADA AMBULANTE

Projeto de assistência ao torcedor alemão que está no Brasil para acompanhar o Mundial, a chamada Embaixada dos Torcedores conta com duas vans que vão a todas as cidades onde a seleção de seu país joga. O serviço prestado por diplomatas que atuam na Embaixada em Brasília e no Consulado-Geral no Rio inclui informações turísticas de cada cidade como também apoio em casos de documentos perdidos. Em BH, as vans começam a trabalhar na segunda-feira, a partir das 12h. Ficam disponíveis para o turista até o meio-dia da quarta. Uma ficará na Praça da Savassi e a outra ao lado da Igreja da Pampulha. Informações: (31) 8240-2851. Para o jogo de terça, a Alemanha será representada por parte de seu corpo diplomático. Em licença médica, o embaixador da Alemanha, Wiefrid Grolig ainda não confirmou se poderá vir. Mas estão confirmadas as presenças do cônsul-geral do Rio de Janeiro, Harald Klain e o cônsul honorário em Minas Gerais, Victor Sterzik.

Jogo com os tricolores

Haus
Rua Juiz de Fora, 1.257, Santo Agostinho, (31) 3291-6900. O tradicional restaurante oferece cardápio tanto em português quanto em alemão. Além do cardápio convencional, há ainda um especial para ser harmonizado com cervejas alemãs. Na terça vai abrir às 15h. O prato do dia será a linguiça HB.

Krug Bier
Rua Major Lopes, 172, São Pedro, (31) 2535-1122. Para quem quer festa além de jogo. A cervejaria vai abrir seu estacionamento para uma festa com show de samba tanto antes quanto depois da partida. Na sexta, houve um público de 400 pessoas. Na terça, é esperado até mesmo o triplo. A casa vai abrir a partir das 14h.

Neckartal
Rua Leopoldina, 73 , Santo Antônio, (31) 3296-8750. Ponto de encontro da colônia alemã em BH, o restaurante recebe até 80 pessoas, que podem assistir à partida em duas TVs. Não há reserva. De especial para terça-feira, será servido o biscoito brezel. Feito na hora, ele vem recheado de manteiga ou patê de fígado.

Stadt Jever
Avenida do Contorno, 5.771, Funcionários, (31) 3223-5056. O tradicional pub alemão, que soma quase 30 anos em BH, não exibe as partidas. Na terça, vai funcionar normalmente a partir das 18h. Mesmo sem televisão, reúne um bom time de alemães, seja de moradores ou visitantes.