O público mineiro assistiu, anteontem, entre surpreso e prazeroso, o ressurgimento de um grande craque, no ‘Estádio Minas Gerais’. Foi ele, o ponteiro Garrincha, que muitos acreditavam acabado para o futebol, que voltou a alegrar a massa com suas fintas personalíssimas, levando o Corinthians para frente e para a vitória sobre o Cruzeiro, por 2 a 1”, destacava o Estado de Minas de terça-feira, 15/3/1966 (o jornal não circulava às segundas).
Depois de 12 anos com a camisa do Botafogo, Garrincha estreou pelo Corinthians em 2 de março daquele ano, aos 32 anos. A equipe paulista, mesmo com atletas como Dino Sani e Rivelino, amargava o jejum de títulos que só acabaria em 1977, depois de 23 anos sem conquistas. Garrincha desembarcou na Pampulha, vindo do Rio, no primeiro voo da manhã de domingo. À tarde, surpreendeu os 41.728 torcedores ao dar seu show.
No segundo tempo, o camisa 7 driblou Neco duas vezes, deixando o lateral sentado no gramado, se aproximou do goleiro Tonho e tocou para Tales, que abriu o placar. Tostão empatou. Aos 30min, a estrela de Garrincha brilhou: quando os jogadores esperavam um cruzamento, ele notou a má colocação de Tonho e chutou direto para o gol, encobrindo o goleiro.
A partida na Pampulha foi só um lampejo da estrela de Garrincha.A passagem pelo Corinthians terminou ao fim daquele ano, sem entusiasmo. Ele ainda seria convocado para disputar sua terceira e última Copa, na Inglaterra. Em 1968, com o passe livre, passou alguns dias em BH, acompanhando a esposa, a cantora Elza Soares, em temporada de shows na cidade. Mais gordo e à procura de um clube – o próprio Cruzeiro poderia ser um dos interessados –, contou ao Estado de Minas que poderia “correr bem mais três anos e ainda enganar mais dois.”
Cumpriu a promessa e se aposentou quatro anos mais tarde, em 1972, longe da melhor forma, com a camisa do Olaria. Morreu aos 49 anos, em 1983, em decorrência de cirrose hepática devido ao alcoolismo.