Futebol Nacional

Gangorra de emoções para Germano

postado em 24/05/2012 08:38 / atualizado em 24/05/2012 08:41

Arquivo EM/D.A Press

Mineiro de Conselheiro Pena, Germano sempre foi destaque na imprensa. Pelo que jogava e por acontecimentos extracampo, como o casamento com a falsa condessa italiana Giovanna Augusta. Em 1962, o então ponta-esquerda do Flamengo se preparava com a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo, mas foi cortado pelo técnico Aymoré Moreira às vésperas do embarque para o Chile, juntamente com o goleiro Valdir Moraes, os zagueiros Djalma Dias, Calvet e Joel, o lateral-esquerdo Rildo e o atacante Quarentinha.

“Todavia uma das dispensas poderá provocar celeuma. Trata-se da do ponteiro-esquerdo Germano, que cumprindo atuações destacadas nos treinos de Campos do Jordão, Friburgo e Serra Negra, além dos jogos de que participou, quase sempre em substituições, não se esperava entre os cortados mesmo que para tanto fosse necessário o seu deslocamento para a ponta direita, como reserva de Garrincha”, publicou o Estado de Minas, em 18 de maio.

Germano – cuja presença entre os convocados provocava pesadelos no botafoguense Zagallo – havia disputado os amistosos contra Portugal em 6 de maio, no Pacaembu (vitória por 2 a 1), e três dias depois, no Maracanã (1 a 0). Ele ainda vestiria a camisa amarela em 7 de setembro de 1965, no segundo dos quatro jogos inaugurais do Mineirão. O Palmeiras, seu time à época, representou o Brasil na goleada por 3 a 0 sobre o Uruguai.

LUCRO GERAL Não houve tempo para o ponta-esquerda lamentar o corte. No mesmo dia, ele acertava a ida para a Itália. “Germano vendido ao Milan na mais alta transação do futebol mundial: Cr$ 65.000.000,00 (65 milhões de cruzeiros)”, anunciou o EM no dia 19. O montante dava cerca de 180 mil dólares. O jogador ainda receberia Cr$ 15 milhões pelo contrato com o clube italiano. Até a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) saiu lucrando, pois recebeu Cr$ 1 milhão, cota fixada para transferência de jogador de Seleção.

José Germano de Sales, de 20 anos, acertou os detalhes com o técnico Nereo Rocco e o diretor Conrado Mazzi e foi pessoalmente à Federação Carioca de Futebol tratar da rescisão, depois de quatro anos, 85 jogos e 16 gols com a camisa do Fla. A negociação foi fechada cinco dias depois, em São Paulo, pelo presidente rubro-negro, Fadel Fadel, e representantes do Milan. Este se interessara inicialmente pelo santista Pepe, que no Mundial do Chile seria reserva do aliviado e sortudo Zagallo.

Com o dinheiro, o Flamengo anunciou que tentaria contratar Zózimo, mas o zagueiro do Bangu (titular da Seleção bicampeã do mundo) só chegaria à Gávea em 1965, para disputar apenas quatro jogos. Quanto a Germano, um dos seus irmãos igualmente jogadores também faria sucesso no Fla e até inspiraria música de Jorge Ben (hoje Benjor): Fio Maravilha.