CLUBES DA ESQUINA

Vestibular para a fama

Carlos Alberto Silva, no Nacional do Carmo, deu os primeiros passos na carreira de técnico, que culminaria com a chegada à Seleção Brasileira

postado em 07/12/2014 09:02 / atualizado em 07/12/2014 09:24

Renan Damasceno / Estado de Minas

Beto Magalhaes/EM/D.A Press
Foi à beira do extinto campo de terra do Nacional do Carmo, onde hoje funciona um hipermercado no Belvedere, que Carlos Alberto Silva fez o seu vestibular para o profissional. Em 1967, o treinador que levaria o Brasil à prata olímpica em Seul’1988 ainda cursava a faculdade de educação física quando foi convidado por diretores do clube para ensinar "uma metodologia de futebol diferente" aos atletas, até então só acostumados "a gritos e palavrões".

Carlos Alberto Silva, aos 28 anos, aceitou o desafio de treinar um dos times mais queridos da Região Centro-Sul da capital, fundado em dezembro de 1945. Ele até hoje é grato pelo aprendizado. "Foi um laboratório, um alicerce fantástico. O jogador varzeano não tem conhecimento tático, e pude introduzir táticas, mesmo que superficiais, para organizar o time", contou.

Dos tempos de Nacional, Carlos Alberto se lembra dos bons resultados, do ônibus que levava os jogadores do Sion até o campo e dos esforços dos diretores para manter o time na ativa – hoje, o clube mantém apenas o feminino. "A gente tinha um diretor, o João Abóbora, que ia passando nos outros campos e pegando as chuteiras velhas, que não serviam mais, para reformar para os nossos jogadores usarem."

Aos 75 anos, Carlos Alberto é agora vice-presidente do Villa Nova. Ele não treina uma equipe desde 2004, quando teve rápida passagem pelo América. No ano seguinte, foi supervisor de futebol do Atlético. Em quase 30 anos de carreira, passou por quase duas dezenas de clubes e dirigiu a Seleção Brasileira em 1987 e 1988. Em seu currículo, ele pode se orgulhar de ter lançado, entre outros, Careca no Guarani, Ronaldo no Cruzeiro, Taffarel e Romário na Seleção. "Até hoje, adoro ver futebol amador. O profissional está muito melindrado. O amador é mais puro."

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