Copa do Mundo

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Legado incontestável: Copa do Mundo ficará marcada pelo uso do assistente de vídeo

'O VAR não está mudando o futebol, mas o está tornando mais limpo', disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino

postado em 17/07/2018 08:48 / atualizado em 17/07/2018 09:06

AFP

Moscou –
O assistente de vídeo (VAR) foi o grande convidado da Copa do Mundo da Rússia’2018, com a França como uma das principais protagonistas, já que se beneficiou do recurso na primeira e na última decisão do VAR no torneio. A imagem de árbitros, jogadores e técnicos desenhando um retângulo no ar para simular uma televisão foi habitual, sobretudo na fase de grupos da competição. À medida que a Copa foi avançando, o VAR foi tendo menos influências.

Para especialistas, o uso do VAR contribui para que menos jogadores sejam excluídos durante o jogo. “Temos a impressão de que o VAR é um grande método de prevenção. O jogador sabe que está sendo filmado. Temos observado uma redução de faltas e outras mudanças no comportamento”, afirma Massimo Bussaca, chefe de arbitragem da Fifa, que comemora também a diminuição das reclamações que também poderiam gerar expulsões, principalmente com a aplicação de um segundo cartão amarelo.

O recurso eletrônico também provocou outras alterações. As penalidades máximas saltaram de 10, em cada uma das duas últimas edições, para 24 nesta – praticamente todas confirmadas depois de ser vistas no vídeo.

Outra novidade nas regras foi a introdução de uma quarta substituição na prorrogação, mas teve muito menos influência no jogo. Segundo os números dados pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, antes da decisão, o VAR valorizou 440 ações de jogo, mas só 19 mereceram revisão. Em 16 delas o árbitro acabou mudando sua decisão inicial.

Após a final, o número de revisões aumentou para 20, já que a França marcou o segundo gol convertendo pênalti após o VAR assinalar toque de mão de Ivan Perisic dentro da área. O argentino Néstor Pitana consultou as imagens na televisão e mudou sua decisão inicial para marcar a penalidade.

Curiosamente, a partida entre França e Austrália, em 16 de junho, entrou para a história como o primeiro jogo de Copa do Mundo que contou com o recurso do VAR. O vídeo foi determinante para assinalar se a falta sofrida por Griezmann foi dentro ou fora da área, com o árbitro uruguaio Andrés Cunha apontando a marca da cal.

Infantino também destacou que graças à tecnologia desapareceram as polêmicas sobre jogadas que não são interpretativas, como se a bola passa ou não da linha do gol e os impedimentos. “O VAR não está mudando o futebol, mas o está tornando mais limpo, honesto, transparente e justo”, parabenizou.

Polêmica e críticas Com o uso do VAR também chegou a polêmica. “Os torcedores têm que saber quais são as regras”, reclamou o técnico do Irã, Carlos Queiroz, perguntando se a decisão de consultar ou não a repetição das imagens corresponde ao árbitro principal ou aos auxiliares do VAR.

Nos duelos Sérvia x Suíça e Alemanha x Suécia, sérvios e suecos reclamaram de pênaltis sofridos, mas os árbitros não consideraram recorrer ao vídeo para comprovar se existiu ou não uma infração. Além das polêmicas, é certo que graças ao VAR diminuiu o número de ações violentas e aumentou o número de decisões acertadas do trio de arbitragem, acabando com a sensação de que uma equipe teria sido eliminada por uma “injustiça”.
 

Cada Mundial com seu encanto


A Copa do Mundo do Brasil teve jogos marcantes e clima mais caloroso nas arquibancadas, enquanto a Rússia se destacou pela organização, voluntários, transporte e segurança. Nos últimos dias, o Estado de Minas conversou com vários jornalistas que estiveram nos dois Mundiais para saber quais as diferenças, o que acharam de melhor ou pior na comparação entre a Copa de quatro anos atrás e a que terminou no domingo, com o bicampeonato mundial da França. A seguir, a opinião de alguns dos repórteres de diferentes continentes ouvidos pela reportagem:


Sven Goldmann
Der Tagesspiegel, da Alemanha
“No Brasil, a qualidade do futebol foi melhor e as pessoas no estádio também foram mais quentes, calorosas. Organização foi bem aqui também. Transporte excelente, segurança também, muita polícia. No Brasil também, mas aqui me senti mais seguro.”

Juan Bautista Martínez
La Vanguardia, da Espanha
“Este Mundial me parece melhor do que há quatro anos. Está mais organizado, havia mais presença de voluntários ajudando. Creio que os lugares estavam melhor indicados, mais segurança, menos problemas com torcedores, porque tinha mais controle. Brasil muito bonito, fantástico, mas creio que este é melhor. A diferença está no campo. Aqui não teve uma partida tão histórica como teve no Brasil.”

Mijalche Durgutov
Jornal Skok, da Macedônia
“Eu comecei a cobrir Copas na Itália’1990 e notei muitas diferenças entre Brasil e Rússia: estrutura para trabalhar, organização, o que está em volta na Rússia foi melhor do que no Brasil, para os fãs, jornalistas, staff... As pessoas foram educadas nos dois lugares, a segurança também, não teve diferença. Os estádios aqui também estão mais preparados.”

Felipe Zarruck
Vanguardia Liberal, da Colômbia
“Quando cheguei ao Brasil, em São Paulo, vi que algumas coisas estavam por terminar, o que ocorreu aqui também. Depois tudo aconteceu bem. Saí do Brasil chorando por ver os estádios, o povo brasileiro, o carinho, o mesmo que acontece aqui agora, pelo povo russo, muito amável. Brasil, 10 pontos. Rússia, 10 pontos.”

Senyuiedzorm Adadevoh
Sports Unlimited, de Gana
“A cultura é diferente, o Brasil é um país festivo. Cada torneio, cada cultura, cada país são únicos. Eu estive em três Copas do Mundo, Rússia teve a melhor segurança. No Brasil, houve alguns furtos. Todos os estádios a que fui, vi alguém chorando porque tinha perdido algo. Os voluntários também foram incríveis. Se você pedia uma informação, eles levavam você até onde você perguntava. Como sou fotógrafa, sempre se ofereciam para me ajudar com a mochila.”

Bilikisu Sulola
The Cable.ng, da Nigéria
“Em termos de segurança, a Rússia foi melhor. Quando estava em Volgogrado, esqueci minha bolsa com dinheiro, eles me encontraram e me ligaram para ir buscar. Falavam que o russo não era amigável, que não iria ajudar, mas não foi essa a experiência que encontramos aqui. A questão do idioma aqui é parecido com o Brasil.”

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