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Projeto a longo prazo e 'trabalho arrojado': novo responsável pelo futebol feminino do Cruzeiro, Ricardo Drubscky traça metas para a categoria

Em entrevista ao Superesportes, diretor de futebol de base falou sobre a continuidade do projeto do futebol feminino celeste

postado em 11/01/2020 12:00 / atualizado em 12/01/2020 09:41

(Foto: Alexandre Guzanshe/EM)
O futebol feminino do Cruzeiro vem passando por adaptações em 2020. Com a saída do gerente de futebol Marcone Barbosa, então responsável pela modalidade no clube, a categoria passou a ser integrada à pasta do futebol de base. Dirigente responsável pela base, Ricardo Drubscky ficou encarregado em dar continuidade ao projeto ao lado da coordenadora Bárbara Fonseca. 

No segundo ano de futebol feminino do Cruzeiro, a base foi temporariamente suspensa. Em 2020, a categoria terá apenas o time profissional. Apesar da suspensão, Drubscky afirmou que o projeto da base será retomado e continua nos planos do clube.

“Eu conversei com a Bárbara (Fonseca) e foi em comum acordo a suspensão momentânea do trabalho do sub-18, mas logicamente, nós vamos aproveitar algumas atletas. É uma questão de necessidade, readequação para a nova situação, mas logo será retomado para uma coisa melhor”, afirmou o dirigente.

Em entrevista ao Superesportes, Drubscky ainda falou sobre o projeto ‘arrojado’ do futebol feminino sob seu comando e reiterou a necessidade de incorporação da categoria de base na modalidade, uma meta de médio a longo prazo no Cruzeiro. Leia a seguir: 

O futebol feminino do Cruzeiro passa a ser integrado à pasta da categoria de base. Essa mudança implica em alterações para a modalidade?

“Toda alteração que tiver no Cruzeiro como um todo está atendendo às necessidades que são de conhecimento público e vai ser feito em prol disso, mas isso não vai alterar a condição do Cruzeiro em ter o futebol feminino. Até porque faz parte de uma regulamentação e não é só opção. Agora, o futebol feminino mantém o custo como era e seu investimento, ele passa apenas a ser subjugado pela coordenação técnica das categorias de base. Eu já tive reuniões com a Bárbara (Fonseca) no sentido de melhorar o nível de competição e esse trabalho continuará sendo feito”.

O Marcone Barbosa, então gerente de futebol do Cruzeiro, estava à frente também do futebol feminino celeste. Com a saída dele, o projeto ficou encarregado com você. Como você recebe a categoria entre os projetos que você tem em mente para o Cruzeiro nesta temporada?

“O Marcone (Barbosa) não faz mais parte do elenco e para não deixar o futebol feminino à deriva, ele vem para cá e eu passo a considerá-lo como mais uma categoria, uma categoria muito importante, não só para a base, mas para o Cruzeiro e estamos olhando com carinho para o projeto”.
 
Com a situação financeira incômoda em que o Cruzeiro se encontra neste momento, o investimento no futebol feminino será impactado?

“Eu conversei muito com a Bárbara (Fonseca) e ela apresentou o orçamento para esta temporada em novembro do ano passado, ele já foi aprovado e nós vamos colocar em prática. Toda alteração que tiver em qualquer segmento no Cruzeiro vai ser em decorrência das necessidades de adequação do clube nesse momento. Todas (as categorias) vão continuar e permanecer, até porque o Cruzeiro está passando por dificuldades, mas longe de pensar que isso é uma coisa que vai perdurar. O Cruzeiro que eu conheço há anos sempre foi um exemplo de tudo de bom que existe no desporto para o Brasil e não vai ser essa chuva mais forte que vai nos tirar do nosso caminho”.

Você tem um vasto currículo no futebol e hoje, além de ser responsável pela base, também se encarregou de mais uma função. Como você recebeu o projeto do futebol feminino para 2020? E como ele será gerido em suas mãos?

“Eu acho que até pela minha história do futebol brasileiro, eu sempre acredito que minhas intervenções possam ajudar em alguma coisa para o crescimento do esporte brasileiro. Eu acho que o meu departamento está agora envolvido em um departamento que vai ser arrojado, técnico e vai ser um projeto que eu espero ser muito forte em nível de excelência e que possa agregar valor”.

Como responsável pelas categorias de base do Cruzeiro, está nos seus planos dar foco também para a base feminina?

“Nós tivemos uma reunião muito importante e nós discutimos esse ponto. O futebol feminino está surgindo de uma maneira exponencial já tem 10 anos e, principalmente, após a Copa do Mundo, ele teve um grande destaque mundial a nível midiático. Mesmo com toda essa mídia, nós temos que entender que é uma coisa nova dentro do futebol brasileiro. A mulher pratica o futebol já há muitos anos, mas eu já cheguei a frequentar o Mineirão onde a mulher tinha pouco espaço. Hoje, eu já acho que é quase meio a meio.

O futebol (feminino) como um todo não esse histórico de base, mas a mesma escola brasileira de rua que forma o menino, forma a menina também. A Marta tem a mesma origem que os grandes craques do futebol. Para o futebol feminino chegar ao nível de exigência, de ter categoria de base, vai ter que obedecer alguns processos e adequações. Eu vou fazer um jogo do (futebol) feminino amanhã e o número de torcedores é infinitamente menor e isso também acaba interferindo. Nós estamos com a missão de retomar alguns pontos no futebol de base do Cruzeiro e o futebol feminino vai pegar muito o cheiro das nossas decisões técnicas. Nós vamos crescer o futebol do Cruzeiro e a base do (futebol) feminino faz parte de um projeto a médio e longo prazo do clube”.

A base feminina foi suspensa em 2020? Ela vai retornar em breve? 

“Eu conversei com a Bárbara (Fonseca) e foi em comum acordo a suspensão momentânea do trabalho do sub-18, mas logicamente, nós vamos aproveitar algumas atletas. É uma questão de necessidade, readequação para a nova situação, mas logo será retomado para uma coisa melhor. Trabalhar a base do feminino é a mesma coisa do masculino, requer um arsenal de medidas e ações que não são tão simples. Esse ano de 2020 é de reorganização, de retomada e de um crescimento mais sustentável. No ano que vem, com o Cruzeiro na primeira divisão, se Deus quiser, nós temos que ter uma categoria de base, mas além de ter a base, eu pretendo que tenhamos pelo menos duas categorias.

Eu já estou habituado a fazer essa adequação, são mais de 15 anos de gestão, às vezes no futebol brasileiro a gente se perde nesse projeto técnico e vai fazendo as coisas rapidamente. Eu vou fazer duas categorias, mas onde vai treinar? Tem que ser coisa bem elaborada. Eu quero que a partir do meio do ano a gente comece a desenhar esse projeto. Qual categoria a gente vai usar? Eu falo isso aqui como um exemplo: de repente a gente começa com a sub-15 e faz essa categoria crescer, nisso ao invés de pegar meninas com 16, 17 anos, nós formamos e aproveitamos para o profissional depois de três anos já dentro do clube. Então, é uma coisa que vai acontecer”.

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