Marcos Paulo Lima - Correio Braziliense
22/10/2010 20:54
22/10/2010 22:29
![]() | |
Em sua segunda exibição no DF, em 20 de março de 1974, Pelé, já com 34 anos, marcou o segundo gol do Santos na vitória por 3 a 1 sobre o extinto Ceub, pelo Campeonato Brasileiro |
x
Santos 5
Seleção de Brasília
Zé Válter; Didi, Melo, Varnesi e Aderbal; Luís e Beto (Paulinho); Sabará, Zé Maria, Edinho (Cid) e Arnaldo
Técnico: Samuel Lopes
Santos
Cláudio; Lima, Joel, Orlando (Oberdan) e Rildo; Zito (Bougleaux) e Clodoaldo; Wilson, Coutinho, (Toninho), Pelé (Douglas) e Abel (Edu)
Técnico: Antoninho
Gols: Pelé, aos 3, e Coutinho, aos 40 do primeiro tempo. Wilson, aos 18, Douglas, aos 35, e Aderbal, aos 38, e Toninho, aos 44 do segundo.
Estádio: Pelezão
Segundo ato
A segunda exibição de Pelé no Distrito Federal foi em 20 de março de 1974, no Mané Garincha. O extinto Ceub perdeu por 3 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Professor de Educação Física da Secretaria de Educação, Pedro Pradera ousou peitar o rei durante a partida em defesa do lateral-esquerdo Rildo, com quem Pelé jogara na Copa do Mundo de 1966. No dia seguinte, quase calçou uma chuteira dos sonhos.
Na véspera da partida, o técnico do Ceub, Cláudio Garcia, deu uma entrevista dizendo que Pelé, aos 34 anos, estava desmotivado. Segundo Pradera, o craque interpretou que tinha sido depreciado e entrou em campo aborrecido. “Houve uma falta perto da área e ele (Pelé) começou a bater boca com os caras do nosso time. Aí o Rildo virou pra ele e perguntou: ‘Vem cá, por que tu tá irritado’. Ele virou para o Rildo e responde: ‘o teu técnico tá dizendo que eu sua uma m…’”.
No meio da confusão, sobrou para Pradera. “Ele me disse alguma coisa que não lembro e eu não gostei. Eu era atrevido pra caramba. Olhei pra ele e fui comendo o fígado dele de colherzinha: ‘Vem cá, tu é Pelé para as tuas negas, trata de baixar a tua bola aqui dentro. Você é grande, mas não é dois’. A partida dali, ele não falou mais nada comigo, mas me mandou dois presentes”, revela.
Pelé deixou a sua marca na arena que leva o nome do compadre Garrincha. Nenê e Léo completaram o placar e Gilberto descontou para o time do DF. Após o jogo, Pelé saiu com o amigo Rildo, do Ceub. Durante o encontro, elogiou Pradera. “Palavras do Rildo, que hoje mora nos Estados Unidos e foi quem me contou: “Gostei muito daquele zagueiro do teu time, é forte e tem muita personalidade. Leva esses presentes e entrega para ele”.
As lembranças eram uma camisa autografada do Santos e um par de chuteiras. “Cara, era uma chuteira da Puma, sonho de qualquer jogador na época”, lembra Pradera. Mas o brinde não ficou com ele. “Não coube nos meus pés. Eu dei para alguém, só não lembro quem”, diverte-se o zagueiro. Desapegado ao passado, Pradera não guarda nem a camisa. “Está com o meu pai”, sorriu.
Data: 20/3/1974
Ceub 1
x
Santos 3
Ceub
Valdir; Luiz Carlos, Pedro Pradera, Emerson e Rildo; Alencar e Rogério (Gilberto); Cardosinho, Renê, Juraci (Carlos Roberto) e Dário
Técnico: Cláudio Garcia
Santos
Wilson; Hermes, Oberdan, Vicente e Turcão; Nelsi, Leo e Nenê (Brecha); Mazinho, Pelé e Edu (Eusébio)
Técnico: Pepe
Gols: Nenê, aos 20 do primeiro tempo. Pelé, aos 23, Léo, aos 28, e Gilberto, aos 33 do segundo
Estádio: Mané Garrincha
Quase
Pelé por pouco não entrou em campo também em 21 de abril de 1961, na comemoração do primeiro aniversário de Brasília. O Peixe venceu por 4 a 0, mas Pelé não jogou. Veja o que diz a justificativa na época na edição do Correio Braziliense: “Pelé foi demoradamente aplaudido quando entrou em campo. Mas o público ficou decepcionado: o famoso craque brasileiro estava sem o uniforme de jogo. O técnico Lula e os médicos do clube revelaram que ele estava contundido".
(0) comentário(s)