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Testemunhas da história no Planalto

Zagueiro que evitou briga e beque presenteado com camisa e chuteira recordam as duas exibições de Pelé no Distrito Federal

Marcos Paulo Lima - Correio Braziliense

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Publicação:

22/10/2010 20:54

 

Atualização:

22/10/2010 22:29

Arquivo CB/D.A Press - 20/3/1974
Em sua segunda exibição no DF, em 20 de março de 1974, Pelé, já com 34 anos, marcou o segundo gol do Santos na vitória por 3 a 1 sobre o extinto Ceub, pelo Campeonato Brasileiro

Um evitou que o Rei Pelé perdesse a majestade em um duelo contra a Seleção de Brasília. O outro quase teve um dia de "cinderelo" depois de peitar dentro das quatro linhas o melhor jogador de todos os tempos. Personagens das duas vezes em que o aniversariante do dia jogou no Distrito Federal, os ex-zagueiros Pedro Pradera e Melo, o Melão, não se esquecem dos duelos históricos contra o Rei do Futebol.

O primeiro foi em 25 de maio de 1967, no demolido Estádio Municipal de Brasília, o Pelezão. Capitão da Seleção de Brasília, Melo tirou cara ou coroa com o Rei. Posou para fotos e, quando a bola rolou, quase virou piada. “Lembro até hoje que o Pelé tentou colocar a bola entre as minhas pernas para fazer graça com a torcida, mas eu me recuperei a tempo. Gesticulei com ele e ouvi: ‘Você abriu as canetas, pô’”, lembra o militar aposentado Moacir Tremendani dos Santos, o Melo, apelido de família.

Além de zagueiro central, Melo fez o papel de pacificador durante a partida. “Durante o jogo, o Pelé veio reclamar comigo que o Luís estava entrando demais de carrinho. Ele veio na minha direção e falou: ‘avisa para o teu colega que se ele continuar entrando de carrinho em mim eu vou cair por cima dele de cotovelo." Para evitar briga, Melo deu o recado. “O Luís virou pra mim e disse: ‘Pô, Melo, eu só estou jogando a minha bola”, diverte-se o beque. “Eu respondi: cara, eu só estou te avisando, se você continuar com essas jogadas o negão falou que vai te partir no meio”.

O concerto do Santos terminou 5 a 1. Apesar da forte marcação de Luís, Pelé marcou um gol. Coutinho, Toninho, Douglas — substituto do Rei, que saiu aplaudido — e Wilson completaram o placar, segundo a ficha técnica fornecida à reportagem por Guilherme Gauche, do departamento de história e estatística do Peixe. O lateral-esquerdo Aderbal fez o de honra no combinado candango. “Nossa seleção era formada praticamente por jogadores do Rabelo. Fizemos o possível para segurar o Santos, mas o time deles era uma academia. Tivemos uma aula. O Pepe chutava forte demais, meu Deus!”, lembra.

Data: 25/5/1967


Seleção de Brasília 1

x

Santos 5 

Seleção de Brasília

Zé Válter; Didi, Melo, Varnesi e Aderbal; Luís e Beto (Paulinho); Sabará, Zé Maria, Edinho (Cid) e Arnaldo
Técnico: Samuel Lopes
Santos

Cláudio; Lima, Joel, Orlando (Oberdan) e Rildo; Zito (Bougleaux) e Clodoaldo; Wilson, Coutinho, (Toninho), Pelé (Douglas) e Abel (Edu)

Técnico: Antoninho

Gols: Pelé, aos 3, e Coutinho, aos 40 do primeiro tempo. Wilson, aos 18, Douglas, aos 35, e Aderbal, aos 38, e Toninho, aos 44 do segundo.
Estádio: Pelezão

 

 

Segundo ato


A segunda exibição de Pelé no Distrito Federal foi em 20 de março de 1974, no Mané Garincha. O extinto Ceub perdeu por 3 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Professor de Educação Física da Secretaria de Educação, Pedro Pradera ousou peitar o rei durante a partida em defesa do lateral-esquerdo Rildo, com quem Pelé jogara na Copa do Mundo de 1966. No dia seguinte, quase calçou uma chuteira dos sonhos.

Na véspera da partida, o técnico do Ceub, Cláudio Garcia, deu uma entrevista dizendo que Pelé, aos 34 anos, estava desmotivado. Segundo Pradera, o craque interpretou que tinha sido depreciado e entrou em campo aborrecido. “Houve uma falta perto da área e ele (Pelé) começou a bater boca com os caras do nosso time. Aí o Rildo virou pra ele e perguntou: ‘Vem cá, por que tu tá irritado’. Ele virou para o Rildo e responde: ‘o teu técnico tá dizendo que eu sua uma m…’”.

No meio da confusão, sobrou para Pradera. “Ele me disse alguma coisa que não lembro e eu não gostei. Eu era atrevido pra caramba. Olhei pra ele e fui comendo o fígado dele de colherzinha: ‘Vem cá, tu é Pelé para as tuas negas, trata de baixar a tua bola aqui dentro. Você é grande, mas não é dois’. A partida dali, ele não falou mais nada comigo, mas me mandou dois presentes”, revela.

Pelé deixou a sua marca na arena que leva o nome do compadre Garrincha. Nenê e Léo completaram o placar e Gilberto descontou para o time do DF. Após o jogo, Pelé saiu com o amigo Rildo, do Ceub. Durante o encontro, elogiou Pradera. “Palavras do Rildo, que hoje mora nos Estados Unidos e foi quem me contou: “Gostei muito daquele zagueiro do teu time, é forte e tem muita personalidade. Leva esses presentes e entrega para ele”.

As lembranças eram uma camisa autografada do Santos e um par de chuteiras. “Cara, era uma chuteira da Puma, sonho de qualquer jogador na época”, lembra Pradera. Mas o brinde não ficou com ele. “Não coube nos meus pés. Eu dei para alguém, só não lembro quem”, diverte-se o zagueiro. Desapegado ao passado, Pradera não guarda nem a camisa. “Está com o meu pai”, sorriu.

Data: 20/3/1974

Ceub 1

x

Santos 3

 

Ceub

Valdir; Luiz Carlos, Pedro Pradera, Emerson e Rildo; Alencar e Rogério (Gilberto); Cardosinho, Renê, Juraci (Carlos Roberto) e Dário

Técnico: Cláudio Garcia

Santos

Wilson; Hermes, Oberdan, Vicente e Turcão; Nelsi, Leo e Nenê (Brecha); Mazinho, Pelé e Edu (Eusébio)
Técnico: Pepe

Gols: Nenê, aos 20 do primeiro tempo. Pelé, aos 23, Léo, aos 28, e Gilberto, aos 33 do segundo

Estádio: Mané Garrincha

 


Quase

Pelé por pouco não entrou em campo também em 21 de abril de 1961, na comemoração do primeiro aniversário de Brasília. O Peixe venceu por 4 a 0, mas Pelé não jogou. Veja o que diz a justificativa na época na edição do Correio Braziliense: “Pelé foi demoradamente aplaudido quando entrou em campo. Mas o público ficou decepcionado: o famoso craque brasileiro estava sem o uniforme de jogo. O técnico Lula e os médicos do clube revelaram que ele estava contundido".

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