TIRO LIVRE

Patric, o highlander alvinegro

Se cumprir o vínculo até o fim (dezembro de 2020), ele vai completar uma década de Atlético. Longevidade rara no futebol atual

postado em 11/01/2019 10:14 / atualizado em 11/01/2019 10:41

Bruno Cantini / Atlético
Ele nunca foi unanimidade. Nunca foi ídolo da torcida. Nunca foi intocável entre os treinadores. Nunca foi aquele tipo de titular absoluto do time. Mas nenhum jogador está há mais tempo no Atlético do que ele: Patric Cabral Lalau. Um lateral-direito que já jogou de esquerdo, de volante e de atacante. Que já viveu (muitos) dias de patinho feio, ouviu aplausos (em menor escala) e até a faixa de capitão da equipe carregou em seu braço – na Florida Cup’2017. Nesta semana, Patric teve o contrato renovado, por mais uma temporada, com um ano de antecedência, prerrogativa reservada a atletas de primeiro escalão em qualquer clube. Se cumprir o vínculo até o fim (dezembro de 2020), vai completar uma década de Atlético. Longevidade rara no futebol atual, especialmente no caso de um jogador com tais particularidades. Patric é um highlander.

O lateral (volante/atacante...) foi anunciado pelo alvinegro em dezembro de 2010, e por questão de dias – e puro preciosismo da colunista que vos escreve – tem mais tempo de casa que o zagueiro Leonardo Silva, oficializado em janeiro de 2011. Em termos práticos, não há diferença, já que ambos iniciaram a temporada de 2011 na Cidade do Galo. Mas, por licença poética e rigor jornalístico baseado tão somente na ordem dos anúncios formais feitos pelo clube, o lateral larga na frente do zagueiro nessa estatística.

Na época, o Atlético adquiriu, por valores não revelados, 50% dos direitos de Patric, que pertenciam ao Benfica, de Portugal. Era sua segunda passagem pelo futebol mineiro (em 2009 havia defendido, sem destaque, o Cruzeiro) e ele chegava para disputar vaga com Diego Macedo e Rafael Cruz no time comandado por Dorival Júnior. Não convenceu muito e acabou emprestado, de graça, para a Ponte Preta após Cuca assumir a equipe. Assim começou um vaivém que tem feito parte de praticamente toda a trajetória dele no Galo e que ajuda a explicar o motivo de muita gente não ter entendido o motivo da renovação antecipada de contrato. Ainda que o titular, Emerson, esteja de saída.

De 2012 a 2017, com Marcos Rocha dono da camisa 2, Patric não teve muita brecha no alvinegro e jogou de Norte a Sul do Brasil. Defendeu Avaí, Coritiba, Sport e Vitória. No intervalo de cada uma dessas passagens, voltava ao Galo, disputava algumas partidas, era criticado e partia novamente.

No ano passado, com o técnico Thiago Larghi, ele chegou a emplacar uma sequência de jogos, diante das atuações ruins do então recém-contratado Samuel Xavier. Contudo, foi só Emerson chegar que Patric naturalmente perdeu a posição.

Mesmo com tantas idas e vindas, já são 137 jogos e 10 gols marcados pelo Atlético. Retrospecto que tem participação de dois treinadores, em especial. O primeiro é Levir Culpi, responsável por instigar a versatilidade em Patric. Foi também um dos incentivadores para a primeira renovação contratual do lateral, em dezembro de 2015. Patric terminou aquela temporada como um 12º jogador de Levir.
Divulgação / Atlético

Outro que deu muita força a ele no Galo foi Diego Arguirre. Depois de goleada por 3 a 0 sobre o Colo-Colo no Independência, pela Copa Libertadores de 2016 – em que Patric balançou a rede e deu assistência para Cazares marcar –, o uruguaio ressaltou, na entrevista coletiva: “Amanhã, vou escutar as rádios, ler as redes sociais, vou ler as colunas de jornal e gostaria que os elogios sejam com a mesma intensidade que as críticas. Acho que isso seria justo com ele. Acho que ele merece, pois é uma grande pessoa e um grande profissional”.

Com a torcida atleticana, a relação é de amor, às vezes temperado com toques de ironia, e ódio. Quando o São Paulo demonstrou interesse em levá-lo para o Morumbi, a pedido de Aguirre, gritos de “Fica, Patric” ecoaram pelo Horto. O turco Osmalinspor também cobiçou o lateral, que chegou até a tirar foto vestido com a camisa do time. Mas a transação, envolta de muita polêmica, não vingou. E Patric ficou. Continua ficando. A princípio, até dezembro de 2020. Mas não duvidem de outra renovação de contrato. Patric é highlander.

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