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ENTREVISTA

Tem favorito? Lisca faz raio X da Série B com América e Cruzeiro na briga

Técnico tem a oportunidade de conduzir projeto desde o início do ano

postado em 12/07/2020 07:00 / atualizado em 12/07/2020 23:06

(Foto: João Zebral/América)
Com experiência de trabalho nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro, Lisca já viveu os extremos de brigar pelo acesso e lutar contra o rebaixamento. Em 2013, ele conduziu o Juventude da Série D para a C, perdendo para o Botafogo-PB na decisão. Em 2015, assumiu o Ceará na 29ª rodada da Série B, em 17º lugar, com 26 pontos - oito a menos que o Macaé, primeiro time fora do Z4. Nos últimos nove jogos, contabilizou 70,37% de aproveitamento (seis vitórias, um empate e duas derrotas) e livrou o alvinegro da queda à terceira divisão - 15º, com 45 pontos. Em 2018, repetiu a dose no Vozão, dessa vez na Série A, pegando o time em último, na nona rodada (3 pontos), e levando à 15ª colocação, no encerramento do campeonato (44 pontos).

No América, Lisca teve a oportunidade de traçar o planejamento desde o início do ano, quando foi contratado em janeiro para substituir Felipe Conceição, que acertou com o Bragantino. Além de herdar uma base sólida do antecessor - quinto colocado da Série B de 2019, com 61 pontos -, o treinador pôde realizar ajustes conforme as suas convicções. Por isso, confia que o Coelho é um dos postulantes a estar na Série A em 2021. Em entrevista ao Superesportes/Estado de Minas, ele trata o Cruzeiro como “carro-chefe” na segunda divisão e fala da possibilidade de os dois mineiros subirem juntos. Também menciona outros clubes fortes na briga, como Avaí, Figueirense, Chapecoense, CRB, CSA e Náutico.

Conforme calendário divulgado pela CBF na quinta-feira, a Série B começará em 8 de agosto e terminará em 30 de janeiro de 2021. O motivo do ‘esticamento’ é a pausa do futebol desde março em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Campeão em 1997 e 2017, o América estreia como visitante, contra a Ponte Preta. Depois, enfrenta Cuiabá (casa), Operário (casa), Juventude (fora) e Oeste (casa). O primeiro encontro com o Cruzeiro vem justamente na sexta rodada, com mando de campo do rival.

ENTREVISTA COM LISCA


Quais clubes são os favoritos ao acesso na Série B deste ano?



É um cenário diferente para todos nós, até para análise de adversário e da competição. Claro que a gente tem uma pequena amostra dos 45 dias que tiveram jogos e, automaticamente, o mercado da Série B continua aquecido, um pouco diferente Série A. Ele não envolve muito essas transações de dinheiro, de contratações, de pagar algumas situações pelo jogador, mas a gente viu muitas transferências, principalmente os clubes que não tiveram tanto sucesso dentro de campo nos primeiros 45 dias, como foi o caso da Chapecoense, da Ponte Preta, então os times mudam muito.

Mesmo com esse cenário diferente, geralmente a Série B funciona assim. Num primeiro momento, há os estaduais. Depois, as equipes acabam se transformando para a Série B. Isso tem se mantido até dentro de um certo aspecto, a gente tem visto a transformação das equipes, mas a Série B sempre tem muitos candidatos. Esse ano tem a participação do Cruzeiro, não tem como deixar de ser o carro-chefe da competição, por toda a tradição, por ser inédito para o clube também

Um time com a pujança do Cruzeiro, quando vem para a Série B, sempre é atração principal. Realmente, é um dos favoritos, não tem como negar. Eles estão em uma situação difícil, estão se transformando, mas como a gente falou, já está com novo treinador, um novo grupo de profissionais. Essa parada ajudou o Cruzeiro, porque pôde trabalhar e se igualar taticamente às equipes que já vinham num estágio um pouco mais avançado de preparação.

Essa parada possibilitou ao Enderson poder balizar com todo mundo praticamente do zero, porque são quase quatro meses já parados. Agora, são 12 equipes que estão muito acostumadas a jogar Série A e B e que vão participar dessa edição de 2020. O América é um exemplo, o Avaí, o Figueirense, a Chapecoense, o Náutico, que é um clube que também está acostumado.

Se for analisando clube a clube, alguns estão emergentes, como o Cuiabá, que está fazendo um belo trabalho e bom investimento. O CRB, com o Marcelo Cabo, vem com uma equipe bem experiente também, um treinador experiente na competição e já na Copa do Brasil apresentou um bom potencial contra o Cruzeiro. O CSA vem da Série A e vem forte para buscar esse retorno. Então, o cenário é difícil de se pontuar os favoritos, mas tem vários candidatos.

Há equipes que vão jogar pela primeira vez como o Confiança, mas é uma equipe que vem mantendo o trabalho de ano a ano. Favoritos nesse momento é difícil de apontar, vamos ver o retorno dos estaduais agora, como as equipes vão se portar e quem sabe aí após esse retorno a gente possa ter um quadro um pouco mais claro.

O América sempre figura entre os postulantes também, é comentado no Brasil inteiro, se você for ver aí, quase todos os grupos de comentários e de torcidas, o América geralmente está entre essas indicações. No ano passado a gente bateu na trave, ficou aquele gostinho amargo, mas nós começamos mal e tivemos que recuperar. Aí, dentro do padrão América de desempenho, quase chegamos. No outro ano, em 2017, fomos campeões. Então, realmente é uma Série B que, por tudo que aconteceu e por todo o cenário, está indefinida, mas com vários postulantes. 

Como você avalia o rival Cruzeiro, pelo elenco que tem, o treinador e o estilo da competição?



É um Cruzeiro diferente. Quando a gente enfrentou o Cruzeiro (no início do ano), eles eram os líderes da competição e ainda estavam invictos. Talvez tenha sido o melhor momento do Cruzeiro no ano. Realmente, a gente jogou bem, foi uma partida em que a gente teve o controle das ações, saímos na frente, tomamos um gol que não costumamos tomar. Lamentamos pelas circunstâncias, não pelo empate, mas como o jogo se apresentou e se abriu, e a gente acabou não sabendo aproveitar.

É um caminho natural de um clube como o Cruzeiro, que teve muitas dificuldades no final do ano passado e nesse início de ano. Houve uma série de rupturas de contratos e saídas de jogadores, até de várias referências, que acabaram se desligando do clube - é um processo natural após o rebaixamento. Era normal que o Cruzeiro faria uma reformulação em um primeiro momento, com muitos meninos, e agora com um cenário um pouco mais claro e com a Série B se aproximando, o clube contratou o Enderson e o Drubscky que foram campeões com o América.

Ele (Enderson) é um treinador experiente, acredito muito no trabalho e no conhecimento dele, até para trazer jogadores com experiência para o Cruzeiro nesse momento difícil. Sem sombra de dúvidas, o Cruzeiro é o carro-chefe da Série B e vai ter muito holofote. O profissional que desempenhar bem, mesmo sendo na Série B, vai ter muitos ganhos na sua carreira e crescimento pessoal e profissional. 

Eu vejo uma evolução natural, nesse tempo foi importante para eles, talvez o time que mais tenha ganhado com essa parada tenha sido o Cruzeiro. Não de propósito, porque a parada foi para todos, mas como falei anteriormente, o Enderson pôde chegar e trabalhar há quase dois meses, como a gente. São oito semanas trabalhando, as quatro primeiras sem contato e agora com contato, é um tempo bem maior que uma pré-temporada, já tem análise desse primeiro momento de Estadual, então eu vejo uma evolução natural.

Claro que é uma competição diferente, tem essa dificuldade financeira, a perda dos seis pontos também. E cada vez mais os times da Série A tem vindo com dificuldade, até mesmo os gigantes. O último grande clube foi o Inter, que acabou perdendo o campeonato para o América, em 2017. Mas é um processo natural de evolução de uma crise de um clube que foi lá no fundo do poço e que agora vai retornar com a força que tem para buscar esse acesso. 

É uma competição diferente porque são quatro campeões, são quatro que alcançam o objetivo principal que é o acesso à Série A. Então, vejo a possibilidade de os dois mineiros subirem juntos, tanto o Cruzeiro quanto o América. A gente quer aproveitar esse holofote e toda essa atenção que a Série B terá em Minas e, nesse caminho, quem sabe trazer um pouco de luz para o nosso trabalho também, apresentando capacidade, qualidade e bom desempenho dos jogadores e da equipe no geral. Hoje, sem dúvida, a principal capital da Série B é Belo Horizonte. Queremos aproveitar esse embalo do Cruzeiro e ir junto disputar essa vaga entre os quatro. Quem sabe os dois possam conquistar o mesmo objetivo no final do ano.

O Enderson Moreira falou que está montando um Cruzeiro intragável para os adversários. O que acha disso? E como define o que será o seu América?



Me parece que pegaram umas falas dele ali, isso é muito complicado porque muitas vezes o palavreado, a maneira como você fala e o contexto, muitas vezes sai para o grande público em outro contexto. O intragável que ele quis dizer é aquela velha expressão do futebol, aquele time chato de jogar, competitivo e que incomoda os adversários antes dos jogos. É uma força de expressão, uma maneira que ele usou para dizer que o Cruzeiro estará forte na competição.

Esse é o objetivo de todos nós treinadores, ter uma equipe que seja difícil de ser batida. Claro que não existe equipe invencível, mas quando você eventualmente vier a perder - e perder faz parte também, tem de saber perder -, que seja em uma maneira de dificuldade para o adversário, que o adversário tenha que jogar muito, tenha que se superar para poder vencer.

A gente quer uma equipe competitiva, que saiba jogar dentro e fora de casa e tenha um padrão de jogo bem definido. Que tenha variações importantes de estilo de jogo, de parte tática e de formação. O padrão pode ser o mesmo, apesar de que na Série B tem algumas circunstâncias que você precisa fazer um jogo mais direto, de imposição física, de mais competitividade. Então é trabalhar em cima disso e se adaptar a certas circunstâncias que aparecem na competição. Esse é o grande objetivo de nós treinadores e a gente quer fazer.

O América até agora tem sido um time intragável, é o time que nessas 12 partidas não perdeu ainda, vem fazendo bons jogos, vem encarando todos os adversários de peito aberto. Acho que foi isso que ele quis dizer e é algo que todos nós treinadores trabalhamos.

O América vinha em um momento positivo no início do ano, não só com bons resultados, mas também com bom desempenho em campo. Você vê o time pronto para a disputa da Série B?



Dentro de todo o contexto que a gente está encontrando, o time está pronto. Já são oito semanas de treinamento, as quatro últimas semanas foram liberadas para uma competitividade e intensidade maiores, com os contatos e as disputas - e isso é uma parte importante do jogo. Então, a gente se sente bem preparado, bem treinado.

Você se tornou especialista em "salvar" times do rebaixamento. No América, o projeto é diferente, já que assumiu o comando no início da temporada e pôde ajustar de acordo com suas preferências a boa base deixada pelo Felipe Conceição. Qual a diferença entre pegar um projeto no meio do caminho e participar desde o início? 

São trabalhos com objetivos diferentes, com propostas diferentes e ambientes diferentes também. O América é um clube tranquilo, que te dá condições de trabalho. Eu cheguei aqui na terceira rodada do Mineiro, com um ótimo trabalho realizado pelo Felipe (Conceição) e a comissão técnica, não foi de graça que o clube renovou o contrato dele, mesmo com o revés no final do ano passado (para o São Bento, por 2 a 1, pela última rodada da Série B).

O clube ainda deu sequência a 80% do plantel. Isso já é importante, é uma diferença muito grande de quando tu chega em emergência. Geralmente tem que reformular o plantel e algumas peças, introduzir o novo modelo de jogo, uma nova maneira de jogar, porque aquela maneira que vinha sendo desenvolvida não estava sendo satisfatória. Até por isso acontecem as trocas. 
 
O América já trouxe alguns jogadores dentro do modelo que ele queria desenvolver, com as características para se encaixar com aqueles jogadores que aqui ficaram, e isso foi bem feito Aí você pode desenvolver um trabalho semanal, com mais desenvolvimento da equipe, de introduzir uma série de conceitos, fortalecer outros e mudar outros. 
 
Você tem mais tranquilidade para lançar os meninos e um pouco mais de paciência de todo o processo, então isso é uma mudança bem legal. Os objetivos em médio e longo prazo têm como estabelecer em um trabalho que você inicia. Quando você chega assim (no decorrer do ano), o objetivo é o próximo jogo, geralmente é escapar do rebaixamento ou sair de uma zona intermediária baixa para uma zona intermediária alta, são objetivos diferentes de conquista de título, de acesso e os campeonatos alcançados são totalmente antagônicos. Agora, você tem objetivos também de revelação, de buscar Campeonato Mineiro, de galgar espaço na Série B desde o início, então é realmente um trabalho bem diferente.
 
Na Série B de 2015, eu iniciei no Náutico, inclusive enfrentei o América na quarta ou quinta rodada, na Arena de Pernambuco, e nós ganhamos o jogo de 2 a 1. Dos primeiros 18 pontos do Náutico, nós fizemos 16, mas várias equipes largaram bem em 2015, inclusive o América. Daí, no decorrer da competição, a gente ficou um pouco para trás, e quando eu saí do Náutico, na 24ª rodada, a gente estava em sétimo. Nisso, eu fui para o Ceará para fazer um trabalho totalmente diferente e de recuperação. O Ceará era o último e naquele ano já deu para ver bem essa diferença. O Náutico tinha objetivo de acesso e o Ceará tinha o objetivo de não cair. Então, são situações diferentes e importantes para o profissional não ficar vinculado somente a um nicho de trabalho.

No futebol são vários objetivos diferentes, cada clube tem  sua peculiaridade, seu espaço dentro do mercado, a sua representatividade dentro do cenário nacional, e o América, na Série B, é sempre um clube que briga nas primeiras posições. Isso é uma questão que me motivou muito de vir para cá. É um clube bem respeitado no mercado por profissionais e jogadores pelo cumprimento de tudo o que é acordado e pela projeção dá em caso de sucesso profissional. Então há essa diferença. Um trabalho de mais emergência muitas vezes fica vinculado somente àquele nicho de mercado e quando o trabalho em médio e longo prazo é visto de maneira diferente.

A CBF definiu o início da Série B no dia 8 de agosto. Como você avalia o calendário da competição? As equipes com maior número de peças disponíveis para fazer um rodízio sairão na frente na competição?

É uma grande verdade. Agora, cabe ao treinador e ao clube descobrirem soluções para fomentar essa competitividade interna. A gente sempre fala em 14 titulares, agora são 16 (por causa da permissão de cinco substituições). Cada jogo você pode usar 16 jogadores.

Aqui no América eu te confesso que teve jogo que eu não usei as três trocas, já existia uma base, então eu só mantive. A gente trocou os laterais por lesões (Leandro Silva e João Paulo por Diego Ferreira e Sávio), mas quando eles voltaram eu mantive a equipe. Os demais mudamos pouco.

São cinco trocas que vai mudar o estilo de jogo, a interferência do treinador e da comissão técnica dentro da parte estratégica do jogo. Vai mudar a condição do clube de poder expor muito mais jogadores, muito mais espaço para os meninos da base, e eles saem ganhando com esse novo recurso.

Agora, você pode arriscar um pouco mais, fazendo trocas e, de repente, reconduzir Vou dar um exemplo: abrir o time em uma necessidade, buscar empatar ou virar um jogo e depois retornar a fechar, trocando algumas situações táticas. Então, eu acho bem legal e interessante nesse momento que a gente ficou muito tempo sem jogar.

Nesse retorno (do futebol), a gente viu que na Europa houve algumas lesões, dificuldades e muitos jogos ficaram próximos, então eu acho uma decisão acertada. Muita gente diz que os times de maior poder vão ter vantagem, mas eu acho que não. Dentro da sua realidade, cada um vai poder ter o seu melhor fazendo cinco trocas que vão turbinar a equipe noss aspecto físico, técnico, tático e mental. Então, eu vejo bom para todos.

Os que têm um pouco mais de condição, obviamente, vão ter mais jogadores à disposição na suplência. Mas com trabalho e desenvolvendo uma competitividade grande no dia a dia, você tem que ter no mínimo 20 jogadores prontos para jogar a qualquer momento. Então, isso é mais um desafio para a gente e mais um objetivo de todos os clubes.

Como conciliar o Campeonato Mineiro com a disputa da Série B?

Vamos cuidar dessas últimas duas semanas para o início das competições. A gente teve um bom tempo e uma boa base, agora é preparar os microciclos em ritmo e nível de jogos, talvez dois jogos por semana, que será a frequência depois de começar o Mineiro e depois já vai começar a Série B.

O ideal seria uma semana entre o Mineiro e a Série B, mas não me parece que vai ser viável. Então, agora é distribuir bem as cargas, um trabalho da comissão, da preparação física. É otimizar esse último tempo, fazer esse polimento final e usar esses jogos, principalmente os dois primeiros do Mineiro, para poder retomar ao ritmo. Tem que cuidar muito também da parte muscular dos jogadores. 

Obviamente, nós vamos ter que alternar a equipe nesse primeiro momento, então vamos aguardar para definir a melhor estratégia para não nos prejudicarmos, nem na parte final do Mineiro nem no início da Série B. No dia 26 de agosto também terá a Copa do Brasil, então agora é botar a cabeça para funcionar e achar a melhor forma.

Fazendo um exercício para o futuro, caso o América suba à Série A, de que modo poderá competir com equipes com orçamento bastante superior, como são os casos de Flamengo e Palmeiras?

Com trabalho, não tem outro jeito. Obviamente, o clube também tem que evoluir para que chegue a um nível de receita aceitável para que tu possa fazer um bom trabalho e bata nesses maiores orçamentos. Uma das razões pelas quais o Salum me contratou para o América - e ele me cobra, até em tom de brincadeira - foi porque em 2018 eu estava em Ceará, fiz uma recuperação incrível e acabei tirando a vaga do América na Série A. Ele disse: ‘eu não acreditei que você estava conseguindo recuperar, agora te trouxe para você retornar o time para a Série A’. 

Quando eu dirigia o Ceará, em 2018, eu cheguei lá e era o 20º colocado. Nós tivemos a parada da Copa do Mundo e 26 rodadas depois disso, né? Nessas 26 rodadas, o Ceará pulou de 20º para sétimo (nota da redação: o Ceará teve a oitava melhor pontuação do returno e ficou em 15º no geral), fez uma campanha de Libertadores com o 19º orçamento da competição. Buscamos novos jogadores que ainda não tinham tido oportunidade na Série A, casos do Arthur Cabral, que hoje joga na Suíça, o Éverson, que está no Santos, o Felipe Jonatan, que está no Santos, o Richardson, que está no Japão. Todos eles estavam jogando pela primeira vez a Série A e valorizando muito a oportunidade.

No América deste ano tem muito jogador que não é a primeira vez (que disputa a Série B), mas num clube com a estrutura e a pujança do América, talvez seja a maior oportunidade da carreira. Isso já é muito importante, porque o jogador valoriza muito onde está e essa parceria profissional com clube.

Então, é muito trabalho, competência, ser pontual no mercado, achar jogadores antes dos outros ainda com preços mais baixos e que você possa trazer para o seu clube e possa trabalhar para depois virar até um ativo e negociar em situações melhores. Foi o que aconteceu com o Ceará, vendeu vários jogadores, coisa que nunca tinha acontecido. É se reinventar e trabalhar muito.

No dia a dia, tem que buscar o emparelhamento e diminuir essa distância financeira. O futebol é o esporte que talvez se propicie mais disso, se não o clube de maior audiência sempre seria campeão e não é isso que acontece na realidade. Claro que é uma vantagem muito grande, mas nós já cansamos de ver times de menor orçamento bater de igual para igual, ganhar e ser muitas vezes até superior a times de maior orçamento.

Uma maior igualdade na divisão de cotas seria interessante, é um processo que está caminhando, o próprio Salum puxa muito esse processo, como tem acontecido na Premier League, que a cota que os clubes menores têm acesso dá a eles condições de contratar grandes jogadores e fazer bons times. A competição cresceu muito.

É uma preocupação que se tem do futebol brasileiro, principalmente em relação ao Flamengo, com um orçamento de quase R$ 1 bilhão. Se tu pegar um Fortaleza ou Ceará, vai chegar a uns R$ 150 milhões. O América vai a R$ 40 milhões, mas aí é Série B e é diferente. Então, quando tu chega na Série A, tem que ter muita competência para dentro do campo conseguir equilibrar muito as coisas.

A entrevista

Lisca, técnico do América, concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, ele falou sobre o trabalho à frente do Coelho em 2020, a disputa da Série B, a reta final do Campeonato Mineiro, sua carreira e o futebol brasileiro.


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