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Depois de solução do caso Victor, diretor jurídico vê Atlético com 'casa em ordem'

Atlético desembolsou R$ 9,5 milhões para quitar dívida com Grêmio

postado em 09/11/2017 08:00 / atualizado em 09/11/2017 09:46

Beto Novaes/EM/D. A Press
A diretoria do Atlético tirou dos ombros um grande peso ao fechar o acordo com o Grêmio, na ordem de R$ 9,5 milhões, para sanar todas as pendências relativas à compra dos direitos do goleiro Victor, ocorrida em 2012. Na história recente do clube, essa era a maior dívida com outra agremiação.

”De clube para clube, ainda temos pendências, mas são coisas pequenas. Na maioria dos casos, o Atlético é credor. A gente tem um procedimento de trabalhar de não publicizar esses créditos. Superado esse caso do Victor, não existem mais dívidas grandes com outros clubes. O que existe é discussão na Justiça. Clube diz que não deve, mas deve. Discussões são normais, inerentes”, assegurou Lásaro Cândido Cunha, diretor jurídico do Atlético, em entrevista ao Superesportes.

Segundo o jurídico do Grêmio, a dívida do Atlético em relação à compra de Victor, iniciada em 1,5 milhão de euros, chegou nos últimos meses a R$ 14 milhões devido a juros e correções. Em Porto Alegre, a Justiça reconheceu essa pendência e forçou a direção atleticana a tentar um acordo. Do contrário, a ‘bola de neve’ poderia aumentar muito.

Nestor Hein, diretor jurídico do Grêmio, confidenciou à Rádio Gaúcha que o Atlético desembolsou R$ 9,5 milhões no acordo anunciado nessa quarta-feira. Com isso, as ações foram extintas. Bloqueios obtidos pelo Grêmio na Justiça foram suspensos.

”Se não houvesse acordo, a execução lá em Porto Alegre chegaria a valores muito altos, era objeto de penhora, e ficaria uma situação muito complicada. Estava muito desfavorável contra o Atlético. O Grêmio tinha uma execução, além do desgaste entre os clubes, que sempre tiveram relação muito boa. Isso acabou e está tudo resolvido”, celebrou Lásaro.

Ações na Fifa

O diretor jurídico considera que o Atlético está com “a casa em ordem”. Há alguns meses, o clube já havia resolvido com o Spartak Moscou, da Rússia, uma pendência na Fifa, devido a uma dívida ainda pela compra de 50% dos direitos econômicos do volante Rafael Carioca

”O Atlético tem sim algumas ações na Fifa, mas coisas pequenas e vem compondo. A última delas foi essa do Rafael Carioca, com o Spartak. Temos discussões com alguns clubes e isso é coisa normal. Diferentemente do que muita gente pensa, quando a coisa vai para a Fifa, a coisa é mais fácil, lá é bem mais simples, direto”, conta Lásaro.

Trabalhistas e fiscais

Em relação a ações trabalhistas, o diretor jurídico revela que o Atlético também solucionou a maioria dos casos relevantes. Em julho, o clube entrou em acordo com Ronaldinho Gaúcho, que cobrava direito de imagem, premiações e multa por atraso no pagamento da rescisão de contrato. 

A principal discussão no momento é com o ex-volante Gilberto Silva. Ele cobra premiação pela conquista da Copa Libertadores, reembolso de despesas médicas, danos morais e materiais em decorrência de acidente de trabalho, horas extras pelo período de concentração no Mundial do Marrocos, em 2013, dentre outros pedidos. O valor estimado da causa é de R$ 500 mil.

”Em relação ao Ronaldinho, o Atlético devia. Ponto. Nesses casos, cabe ao clube tentar um acordo. Discussões judiciais fazem parte da vida dos clubes. Ter reclamações trabalhistas faz parte da natureza das relações, dos envolvimentos. Infelizmente, há casos de abuso do direito. Nessas situações, como entendo ser o caso do Gilberto Silva, o clube age com todas as forças para evitar esse abuso”, explicou Lásaro Cunha.

”Ainda sobre processos trabalhistas, nós temos 30 e poucos casos pendentes em trâmite na Justiça do Trabalho. E são pequenos. Esse é um número insignificante considerando a complexidade que há num clube de futebol. Isso já não é problema pra nós desde 2012. O Atlético, por exemplo, quando entrei, no início de 2009, tinha centenas de reclamações trabalhistas. Aquilo não tinha controle. Chegava execução todo dia, penhora, bloqueio. Foi necessária uma reunião dos processos numa vara federal do trabalho (Ato Trabalhista) e isso foi feito com Atlético, Cruzeiro e América. No nosso caso, havia descontrole. Resolver isso foi uma das grandes conquistas do clube. Hoje, nós temos, entre os dez principais clubes do Brasil, seguramente o menor número de pendências trabalhistas”, acrescentou.

Segundo o balanço do Atlético de 2016, a dívida total do clube é de R$ 518,7 milhões. Desse valor, R$ 284,3 milhões são débitos fiscais, refinanciados pela Fazenda Nacional em 2014. “Não existe mais nenhuma execução fiscal. Zero. Está tudo parcelado”, concluiu o diretor atleticano.

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