Remodelado, Atlético se torna mais agressivo na marcação, mas sofre para sair 'ileso'

A proposta de Thiago Larghi para o Atlético é clara. A ideia do treinador é montar um time que luta para manter a posse e pressiona o adversário para recuperá-la. Se o estilo ‘Galo Doido’, de ataque e marcação agressivos, deixou saudades no atleticano, o novo perfil mostra uma equipe que, pelo menos sem a bola, joga de forma parecida. Os números neste início de Campeonato Brasileiro condizem com o cenário atual: é uma das equipes que mais desarmam, mas também uma das que mais cometem faltas.

O Atlético desarmou corretamente 39 vezes nas partidas contra Vasco (derrota por 2 a 1) e Vitória (triunfo por 2 a 1). É a quarta melhor marca entre os 20 times da competição, atrás apenas de São Paulo (44), Palmeiras (43) e Corinthians (40). Apesar de ser apenas o início da Série A, Fábio Santos concorda que a equipe mineira tem melhorado a postura no momento defensivo.

"A gente tem tentado ter essa intensidade, sem a bola, procurado roubar a bola principalmente no campo adversário, que é onde se está mais perto do gol. É óbvio que tem crescido o número de roubadas de bola”, disse o lateral-esquerdo, peça-chave do sistema defensivo alvinegro.

O desempenho positivo no número de desarmes, entretanto, contrasta com a quantidade de gols levados pelo time nos últimos jogos. São cinco partidas consecutivas sem a defesa do Atlético passar ‘ilesa’. O time foi vazado ao menos uma vez nas derrotas contra Cruzeiro (2 a 0), San Lorenzo-ARG (1 a 0) e Vasco (2 a 1), no empate diante do Ferroviário-CE (2 a 2) e também no triunfo sobre o Vitória (2 a 1).

A marca é representativa, especialmente por conta dos números registrados anteriormente. Até a sequência negativa de cinco jogos, o Atlético havia atuado 14 vezes sob o comando de Thiago Larghi. Em nove delas, o time não levou gols.

A sequência de jogos em que a defesa alvinegra foi vazada coincide com um período em que a equipe titular sofreu mudanças significativas. A primeira e mais evidente delas foi a saída de Leonardo Silva. O capitão se recupera de lesão na coxa direita e deu lugar a Bremer, novo parceiro de Gabriel.

O jovem de 21 anos tem sido elogiado. Entretanto, a dupla de zaga considerada 'ideal' por Larghi ostenta uma marca importante. Leo Silva e Gabriel foram os titulares em sete dos nove jogos que o Atlético não sofreu gol sob o comando do treinador. Nos outros dois, Bremer atuou.

Além da saída de Leonardo Silva, outra alteração significativa no time foi a troca de Elias por Gustavo Blanco. O novo titular caiu nas graças da torcida. Apesar do bom desempenho, a substituição de peças exige adaptação dos outros jogadores, já acostumados com a presença de meio-campista de 32 anos na equipe.

Jogadores mais centralizados da segunda linha de meio-campo do 4-1-4-1, Gustavo Blanco e Luan são os ‘reis’ do combate do Atlético no Campeonato Brasileiro. Eles desarmaram, respectivamente, cinco e 11 vezes. O ‘Menino Maluquinho’ é o líder nesse quesito entre todos os jogadores que entraram em campo em jogos da competição.

“A gente tem notado essa intensidade, diminuindo o espaço, dando pouca chance ao adversário. Para poder ficar mais tempo com a bola também. Isso é uma coisa que nos pedem bastante. E temos tentado fazer”, analisou Fábio Santos.

A ‘agressividade’, entretanto, também tem lados negativos. O Atlético é o terceiro time que mais cometeu faltas. São 40 infrações, contra 45 do Bahia e 42 do Vitória. Jogadores da equipe alvinegra receberam cinco cartões amarelos nos dois primeiros jogos. O número é igual ao do São Paulo e inferior apenas ao de Vitória (sete), Palmeiras (seis) e Vasco (seis).

A hora, agora, é de manter a pressão na marcação. E, de quebra, voltar a não levar gols - justamente contra um rival tradicional. O Atlético se prepara para o duelo contra o Corinthians, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Os times alviengros se enfrentam a partir das 16h deste domingo, no Independência.