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Sérgio Sette Câmara avalia primeiro ano à frente do Atlético, fala de reforços e prevê grande arrecadação com a Arena MRV

Presidente fala de parcerias para buscar reforços e garante que Arena MRV será lucrativa, a despeito de números negativos de Independência e Mineirão

postado em 12/12/2018 06:30 / atualizado em 11/12/2018 22:43

<i>(Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)</i>

O Atlético encerrou a temporada de 2018 sem títulos, mas com a vaga na segunda fase da Copa Libertadores assegurada, objetivo que a diretoria traçou como uma das metas no primeiro ano de gestão do presidente Sérgio Sette Câmara. Mesmo que tenha sofrido pressão da torcida, o dirigente entende que a temporada terminou acima das expectativas e conta com os parceiros do clube para buscar reforços de peso para o ano que vem. “Tem que ter muito cuidado para não fazer uma negociação equivocada, trazendo um atleta que não vai virar, trazendo um camarada muito badalado, mas que na verdade não tem todo aquele valor ou não vai trazer tanto retorno para o time. Vamos fazer tudo com muita calma”, ressalta o presidente. Na entrevista ao Superesportes e ao Estado de Minas, ele fala sobre os atletas fora dos planos e vê com bons olhos o estádio do clube para arrecadar mais recursos a serem investidos no futebol.


Qual o balanço do primeiro ano de mandato?

Nós tivemos um ano positivo. Seria muito positivo se tivéssemos brigado pelo título brasileiro ou sequência interessante na Copa do Brasil. Por outro lado, recebemos o clube fora da Libertadores e já naquela fase inicial da Copa do Brasil, uma fase complicada. Embora sejam times inferiores, você vai jogar distante e os jogadores desses clubes não têm responsabilidade e jogam a pressão para cima para cima dos grandes. Entendo que ter voltado à Libertadores e passar a jogar as oitavas da Copa do Brasil foi algo importante. Tivemos um ano duro, em que tivemos de colocar contas em dia e obviamente comprometemos as receitas dedicadas ao futebol para colocarmos coisas em dia. Poderíamos ter receitas travadas ou penhoradas. Essa campanha no Brasileiro foi a quinta melhor na era dos pontos corridos. Se não foi excepcional, nosso desempenho não foi ruim. Quando fui apresentar o Marques, estranhei o tom das críticas com manifestações que não era justas naquela altura do campeonato. A torcida poderia criticar nosso desempenho depois da Copa, mas os movimentos que ocorreram de forma isolados não partiram daquela parte da torcida raiz. Foi uma questão que entendo ser infeliz por parte de alguns que entendiam que era para ter um grande time. Tivemos que reconstruir nosso elenco, éramos um time mais velho. O rejuvenescimento do elenco foi feito sem dinheiro e usamos a originalidade. Aqui e ali nós acertamos e aqui e ali nós erramos. Faz parte do pacote. Temos um número interessante relacionado ao valor do nosso elenco. Quando assumimos, foi feito um levantamento dentro dos percentuais de jogadores que o Atlético tinha e esse número chegou próximo de 40 milhões de euros (R$ 160 milhões). Hoje ele bate na casa de 80 milhões de euros (R$ 240 milhões). Sem dinheiro, fizemos muita coisa,. Quando você dobra o valor do seu elenco, mostra que você está ajustando a situação financeira do clube, porque esses atletas serão futuramente negociados. Sabemos que as duas fontes de receitas que o clube tem são televisão e venda de jogadores. O balanço é positivo e nos dá confiança que comecemos 2019 em condições de fazer contratações pontuais e possa buscar títulos e alegrias para nossa torcida.

O torcedor sempre fica na expectativa por bons reforços nesta janela? Que situações de reforços e contratos vocês estão cuidando? Como está a situação do Marcos Rocha? E o Galdezani?

Não há a menor chance de eu falar sobre isso, sobre especulações. Não estou querendo ser grosseiro. Se tem uma pessoa que guarda segredo em qualquer tipo de negociação sou eu. Tenho feito algumas conversas. No caso do Marcos Rocha, o Palmeiras tinha um prazo para exercer o direito de compra e não exerceu. O jogador tem interesse de ficar e o Palmeiras quer, mas não fez o pagamento. Para ficar com ele, terá de sentar com a gente para fazer nova oferta. Não tenho mais que ficar restrito ao valor inicial. A condição inicial não existe mais. Outros clubes que estão interessados podem se apresentar e estão se apresentando. Vamos conversar com qualquer um que tiver interesse. Se não tiver proposta que realmente justifique a negociação do Rocha, ele segue com o elenco no dia 4 se reapresenta, já que tem contrato conosco. Em relação a especulações, vou parafrasear nosso amigo Eduardo Maluf, que está no céu: “Não confirmo, nem desminto nada”. Em relação ao Galdezani, estamos analisando. Tudo é negociado. Nessa fase que a bola para, surgem muitas especulações. É um período gostoso, mas cria expectativa em termos de nomes que não são cogitados ou que não existe uma situação. Sabemos como funciona o mercado. Muitas vezes o procurador do jogador joga isso no ar e cria uma verdade. O torcedor pode ficar tranquilo. Só vamos anunciar alguma negociação quando ela estiver assinada. Vou fazer isso através dos canais próprios do clube e todos ficarão sabendo ao mesmo tempo. Tem muita especulação no ar e isso faz parte de nossa cultura. Quando a bola está parada, é só o presidente e o diretor que não tira férias. Agora, temos que fazer as negociações de elenco.

<i>(Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)</i>


A situação da maioria dos estádios do Brasil é deficitária. O Independência é um deles, a ponto de não fazer repasses a estado e América há quatro anos. O Mineirão só deu lucro operacional em dois meses, dos seis anos de contrato, mesmo recebendo a maioria dos grandes eventos de BH. O que garante que o estádio do Atlético será lucrativo? Essa situação dos estádios te preocupa?

Por que quem administra o Independência e o Mineirão não devolveu o estádio até agora se ele dá prejuízo? Os números que temos do Allianz Arena, do Palmeiras, dizem o contrário. No nosso caso, que será uma situação melhor ainda, que será 100% nosso, em que faremos a negociação dos shows, nosso case será mais lucrativo. Se fosse tão ruim, não estávamos vendo esse pessoal administrando os estádios. A BWA, que administra o Independência, estava participando de concorrência para gerir a Fonte Nova. Já está no Castelão. Se o negócio é ruim, porque continua pegando estádio: O negócio é bom. É claro que cada um puxa a brasa para sua sardinha. O estádio do Palmeiras trouxe, dentro desse momento de crescimento, trouxe muitos recursos para o clube. E é isso que vai acontecer com nosso estádio. No próximo semestre, vamos começar as obras.



Como está o planejamento para a temporada 2019?

Temos o planejamento. O time se reapresenta no dia 3. Vamos fazer a pré-temporada aqui mesmo no CT. O primeiro jogo da Libertadores é no início de fevereiro. Temos 30 dias para preparar. Vamos tentar ver se a gente faz um amistoso interessante. O time vai ter o Campeonato Mineiro em andamento. O time tem que jogar, não tem que ficar poupando muito. Tem que jogar para se entrosar logo e chegar no mata-mata já com uma quilometragem de formato.

<i>(Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)</i>


O Atlético tem alguns atletas que não foram muito aproveitados pelo Levir Culpi. O que fazer com eles para que o clube não tenha tanto prejuízo com a parte financeira?

Nós já fizemos uma reunião, um planejamento, decidimos quem vai ficar e quem não vai ficar. Eventualmente, os jogadores que não estão nos planos do Levir, estamos conversando com respectivos empresários ou clubes no sentido de devolver ou fazer uma negociação para que a gente possa reduzir isso da folha, obviamente, aplicando esses valores em outros atletas que vão chegar.

Ainda sobre esse assunto, o clube conta com ajuda dos parceiros MRV e BMG para contratar?

Eu já falei que não vou contar nada, é tudo segredo. Faz parte. A MRV, o BMG e o próprio Supermercados BH, que está com a gente aqui, e outros parceiros que possam aparecer, se a gente tiver condição de contar com o apoio deles, a gente vai aceitar rindo, de bom grado. Não é tão simples assim. Vamos ter que fazer uma ou duas negociações de jogadores e, com esse dinheiro, a gente pode trazer algum reforço de peso. Primeiramente penso assim, com os pés no chão. Se vierem alguns investidores e nos apoiarem em alguma contratação, serão muito bem vindos. Mas a minha realidade é essa.

O Atlético mudará o perfil de contratações este ano? Será mais investidor, com um perfil mais agressivo, ou vai manter o perfil de surgir oportunidades no mercado?

Você tem que tomar muito cuidado nesse período para não ser envolvido em leilão de jogadores, para não confundir agressividade com irresponsabilidade. Muitas vezes a gente tem que ser bem mineiro mesmo, na nossa característica, e aguardar um pouco para fazer a contratação no momento certo, de maneira que você faça uma boa contratação e não comprometa demais as finanças do clube. Se você entra em uma ciranda com clubes que estão jogando dinheiro para o alto, que não são muitos, são alguns, você acaba cometendo um equívoco e gasta muito em uma contratação. Com isso, não sobra para você buscar mais outra contratação de peso. Encontrar o momento certo, trabalhar isso, é um meio. Tem que ter muito cuidado para não fazer uma negociação equivocada, trazendo um atleta que não vai virar, trazendo um camarada muito badalado, mas que na verdade não tem todo aquele valor ou não vai trazer tanto retorno para o time. Vamos fazer tudo com muita calma, tudo é muito conversando entre Marques, eu e Levir. Conto também com a ajuda do Gropen e do Lásaro. A gente trata o Atlético com muito carinho, cuida disso aqui como se fosse um filho. Não vamos fazer bobagem para comprometer o resto do ano.

<i>(Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)</i>


O Atlético pretende vender o Diamond para pagar dívidas?

Não. O que existe é uma situação de endividamento do clube, como outros tantos têm, mas o Atlético tem um
Conselho Deliberativo formado por pessoas competentes, que certamente não vão se furtar em nos ajudar e encontrar caminhos para estar equacionando o endividamento do clube. Fiz um diagnóstico da situação do Atlético nos últimos 30 anos e o que hoje é a situação financeira, patrimonial, onde estamos e onde queremos chegar, como que vai ser quando o estádio estiver pronto. Foi um estudo obviamente levado para o conselho, sem nenhum afogadilho. Esperamos, com o apoio que temos da presidência do conselho, criar uma comissão com pessoas que têm mais competência do que eu para discutir essa questão do endividamento do clube e encontrar caminho. Nosso conselho é altamente qualificado e acredito muito nisso para levarmos o Atlético a dias melhores. O Atlético não é meu, é nosso. É assim que a coisa tem que ser tratada: com cuidado, carinho e transparência.

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