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Por onde anda

Os títulos e as polêmicas do pentacampeão pernambucano Sangaletti

Ex-defensor teve passagaens marcantes por Sport e Náutico entre 1998 e 2002

postado em 03/07/2012 08:15 / atualizado em 03/07/2012 08:27

Arte/Brenno Costa
Desde o início da carrreira de jogador, Sangaletti não carregava o estilo boleiro. Enquanto sonhava com o sucesso nos gramados, ele já pensava no futuro e cursava Educação Física. Dentro das quatro linhas, o estilo de enxergar a vida diferente da maioria dos companheiros também lhe rendeu frutos. Líder, foi referência na maior partes dos clubes em que passou. Assim foi no Sport e no Náutico. Rivais que contaram com o talento do ex-jogador. No Timbu, ele também foi superintendente de futebol. Com um currículo rico que engloba quarto conquistas de Campeonato Pernambucano e um Copa do Nordeste com atleta, Marcelo Antônio Sangaletti relembra as suas glórias e polêmicas nos gramados do estado no quarto capítulo da série Por Onde Anda.

O começo
Sangaletti vem de uma família composta por sete irmãos. Apens um deles, Marcos, jogava futebol. Ele, então, ganhou inspiração dentro de casa. Ainda assim, o começo da carreira no XV de Jaú foi difícil. Junto com os treinos, o defensor passou a estudar para ser técnico contábil. No final, formou-se ainda em Educação Física.

VEJA FOTOS DA TRAJETÓRIA VITORIOSA DE SANGALETTI EM PERNAMBUCO

“Isso me ajudou e muito, principalmente no inicio da carreira, pois me ocupava o tempo todo. Se não era treinando era estudando, e, com certeza, me fez diferente dos demais. Eu tive um técnico nas categorias de base (Luis Raimond) que falava que, para ser um grande profissional e uma grande pessoa, teria que ser diferente ou fazer algo diferente dos demais, e foi o que fiz”, lembra.

A chegada em Pernambuco
Formado na vida acadêmica e como jogador, Sangaletti chegou ao estado para defender as cores do Sport depois de passagens por Guarani e Corinthians. “Tinha contrato com o Corinthians por três anos e apenas havia cumprido um. Recebi um telefonema do Wanderson Lacerda. Já tinha recusado a Portuguesa e o Vitória, mas aceitei de imediato e sou muito grato ao Wanderson por me proporcionar essa passagem pelo Sport e principalmente por Recife”, conta.

Heitor Cunha / DP / D.A. Press

Títulos no Sport
De 1998 a 2000, Sangaletti virou referência na Ilha do Retiro. Foi peça importante na conquistas de três Campeonatos Pernambucanos e ainda na taça da Copa do Nordeste. Nessa trajetória, o paulista de Dois Córregos também passou a repetir uma função que desempenhava na base. Ele foi deslocado para  função de volante.

Heitor Cunha/DP/D.A Press
“Dificil falar um ponto forte daquele time. Acredito que foi a qualidade do elenco e as peças em campo se encaixaram. O que ninguém sabe é que eu só joguei de volante porque o Gutemberg se machucou no rachão. O Mauro Fernandes me chamou e perguntou se eu quebrava um galho de volante”, revela.

Gol histórico depois do erro
No dia 1ª de março de 2000, a Ilha do Retiro estava tomada para assistir a um duelo de rubro-negros. Sport e Vitória duelavam pelo título da Copa do Nordeste. No jogo decisivo, o time recifense precisava de um empate. O jogo estava empatado em 1 a 1, quando o Vitória saiu em contra-ataque. Após um lançamento, Sagaletti tentou cortar. Chutou errado. A bola resvalou na perna direita e o atacante Manoel virou o jogo. Momentos do tensão.

No entanto, em mais daqueles roteiros surpreendentes do futebol, o zagueiro percorreu o caminho de vilão para herói. Após escanteio cobrado por Adriano, Sangaletti subiu mais alto do que todos e testou para o fundo das redes. Sport, bicampeão do Nordeste. “Tanto eu como minha esposa e como meus três filhos ( dois pernambucanos) adoramos muito o Recife. O momento mais marcante foram os 4 títulos que conquistei e o gol que fiz no empate contra o Vitória, dando  o título  na final da Copa Nordeste”, afirma.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Polêmica na mudança para o rival
O ano de 2001 seria emblemático para o Sport. O Rubro-negro estava perto de se sagrar hexacampeão estadual e igualar  a marca do Náutico. Sem receber salários no Leão da Ilha e encostado, Sangaletti acionou à Justiça, conseguiu o passe e foi para o Alvirrubro. No final, virou um dos líderes da conquista do Estadual pelo Timbu.

“Vamos dizer que foi uma transferência forçada, pois, dias antes de vencer meu contrato, fui proibido de treinar. Não havendo interesse pelo clube de renovar o contrato, acabei procurando os meus direitos e foi pelo Fundo de Garantia atrasado que consegui uma liminar e, após isso, os direitos econômicos na Justiça do Trabalho. Decidi ir para o Clube Naútico Capibaribe, pois tinha dado a palavra para a diretoria em um almoço um dia antes de ganhar os direitos”, declara o ex-jogador, que também foi prourado pelos Atléticos Mineiro e Paranaense na época.

Do gramado dos Aflitos para a diretoria
Depois conquistar o pentacampeonato estadual particular, já que também foi bicampeão pelo Náutico, Sangaletti se transferiu para o Internacional e encerrou a carreira no Beiro-Rio. No Rio Grande do Sul, vale ressaltar, conquistou mais três títulos locais. Chegando à marca de oito consecutivos. Em seguida, o defensor pendurou as chuteiras e partiu para atuar fora das quatro linhas.

Em dezembro de 2007, Sangaletti voltou ao Náutico para ocupar o cargo de superintendente de futebol. Uma função inédita no clube. A primeira parte da administração do ex-jogador no clube, porém, esbarrou em divergências com o técnico Roberto Fernandes. “Neste momento, ele (Fernandes) é mais importante do que eu no Náutico“, afirmou, na época. Em 2009, porém, ele retornou ao clube e reassumiu a função justamente após
Edvaldo Rodrigues/DP
a saída do ex-técnico timbu.

“A minha passagem no clube, na minha avaliação, foi muito boa. Conseguimos recursos financeiros que não estava no orçamento anual, mas poderia ter sido melhor se todos tivessem o pensamento em apenas uma direção”, avalia.

Por onde anda   
Depois de fazer história nos gramados, Sangaletti agora dedica o seu tempo à família. Atualmente, ele vive em São Carlos e comanda uma empresa no setor gráfico. “Tudo que tenho foi graças ao futebol”, finaliza.