SALGUEIRO

Apesar de rebaixado à Série D, Salgueiro faz balanço e afirma que ano foi "satisfatório"

Dirigente destacou as receitas da Copa do Nordeste já garantidas para 2019

postado em 09/10/2018 14:05 / atualizado em 09/10/2018 14:16

Ricardo Fernandes/DP
O ano de 2018 se desenhou para o Salgueiro de maneira incomum. Logo no início da temporada, perdeu 21 atletas que antes formavam uma montagem de elenco sólida, entrosada. Assim, o clube teve que começar do zero. E, apesar destas mudanças drásticas, o Campeonato Pernambucano foi um afago, uma vez que o Carcará garantiu o terceiro lugar da competição. Mas, na Série C, não se pôde dizer o mesmo. Sem conseguir fazer uma boa campanha na Terceirona, acabou rebaixado na última colocação. Apesar da trajetória de altos e baixos, o diretor de futebol do Salgueiro, Carlos José, avaliou o ano do time, no geral, como sendo “mais positivo” e projeta 2019 mais competitivo.  

Um dos pontos apontados pelo dirigente que levou ao rebaixamento à Série D teve relação com a dificuldade financeira do clube, refletida na menor folha salarial dos 20 times que disputaram a terceira divisão, girando em torno de uma folha de R$150 mil. Para além do quesito financeiro, o diretor do Carcará apontou a disparidade do nível técnico entre o chaveamento das equipes onde o Salgueiro ficou, juntamente com Náutico, Santa Cruz e Botafogo-PB, no grupo A. 
  
“Na Série C, a gente sabia que a dificuldade era grande. Mesmo se tivéssemos com a equipe do ano passado. A  chave ficou muito forte, com Santa e Náutico, o ABC que tinha caído, mas foi campeão, Botafogo-PB campeão. Tiveram muitas equipes de capital que caíram no grupo do Salgueiro. Então, nós sabíamos da dificuldade que seria de nos mantermos na Série C ou subir para uma Série B. Mas, o Salgueiro foi até o final da Série C brigando para se manter e nos deixou, no geral, um ano muito bom”.  

Sobre o recomeço para o próximo ano, a diretoria do clube avalia um início de temporada diferente da que foi em 2018. Isso porque, com a participação na Copa do Nordeste, o clube vai capitalizar, somado à parceria com a Prefeitura de Salgueiro, um montante em torno de R$1.65 milhão, além dos possíveis acordos com patrocinadores. “Nós estamos fazendo um planejamento agora para nos basearmos em cima daquilo que a gente ganha. Não podemos gastar acima do que arrecadamos. Com certeza vamos fazer um time competitivo”, esclareceu José Carlos. 

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Retrospecto 

O ano do Salgueiro foi diferentre. Na mudança para 2018, a gente perdeu 21 atletas. Ou seja, algo que não vinha acontecendo. Nós apenas fazíamos contratações pontuais e ia encaixando na equipe. Na saída de Evandro para o Fluminense de Feira ainda no final do ano passado, foi com ele seis atletas e aí perdemos mais 15 atletas para Brasil de Pelotas, Tombense, Fluminense de Feira, outros para fora do país. Então, o Salgueiro foi para o mercado sabendo das dificuldades na montagem da equipe. A gente teve um discernimento e trouxemos alguns atletas que ajudaram bastante o Salgueiro, por exemplo, a ficar no G4 do Pernambucano, que é sempre a nossa meta ficar entre os quatro. Passamos de fase da Copa do Brasil e o terceiro objetivo, que era o principal, chegar na Copa do Nordeste. Inclusive, com a entrada do Salgueiro, deixa um valor para que a gente possa, em 2019, começar o ano com dinheiro em caixa. 

Situação financeira

Nós estamos fazendo um planejamento agora e, com o dinheiro da Copa do Nordeste, vamos ver os outros investimentos que o Salgueiro vai ter, alguns patrocínios, o dinheiro da Globo. A  gente tem R$ 1.25 milhão da Copa do Nordeste, temos o patrocínio da nossa prefeitura de Salgueiro, que gira em torno de 400 mil. Daí, somam R$ 1.65 milhão. Temos o planejamento em torno disso até o momento. Temos que ou manter a mesma folha de R$150 mil ou diminuir para R$100 mil. 

Desempenho na Série C

Na Série C, que era no segundo semestre, a gente sabia que a dificuldade era grande, mesmo se tivéssemos com a equipe do ano passado, porque a chave ficou muito forte, com Santa Cruz, Náutico, o ABC, que foi campeão, Botafogo-PB também campeão. Tiveram muitas equipes de capital que caíram no grupo da gente. Então, nós sabíamos da dificuldade que seria nos manter na Série C ou subir para uma Série B. Mas, o Salgueiro foi até o final brigando para se manter e nos deixou, no geral, um ano muito bom. 

Disparidade entre competições 

O nível do pernambucano é um, o nível da Série C é outro. Na competição, são times que são campeões nos seus estados, que desceram para uma Série B e tem times como Náutico e Santa Cruz que já passaram pela Série A. A dificuldade aumenta bastante. Para você ter ideia, existem equipes na Série C com investimento de R$ 1 milhão, outras com R$600 mil, R$800 mil por mês. No Pernambucano, uma equipe dessa não investe R$ 500 mil no campeonato. A qualidade técnica do Salgueiro caiu muito por causa dos investimentos. 

Investimentos

Você tem equipes que investem muito, juntamente com o Governo do estado, mas aqui não houve isso. Acabaram com o Todos Com a Nota e repercutiu, com a saída, em Sport, Santa Cruz e Náutico, porque os investimentos caíram drasticamente. Santa Cruz e Náutico não são equipes para estar na Série C, são equipes para estar brigando pela Série A. A folha da gente era a mais barata da Série C, em torno de R$150 mil. Nós estamos fazendo um planejamento agora e, com o dinheiro da Copa do Nordeste, vamos ver como vamos fazer. Com certeza vamos fazer um time competitivo, para conseguir passagens na Copa do Brasil,  passar também de fase na Copa do Nordeste e brigar pelo Campeonato Pernambucano como o Salgueiro sempre fez.

Novo formato da Copa do Nordeste
 
A situação da Copa do Nordeste, nesse formato, está sendo feita para as grandes equipes. Levando em consideração somente o ranking, eu não posso brigar com Sport, Santa Cruz e Bahia. A dificuldade aumentou mais ainda, a gente tem que buscar ser campeão do estado para poder entrar, a não ser que tenha uma nova mudança. A gente busca  que eles revejam essa posição, porque exclui o time do interior. Uma equipe vai se inspirar em quê para poder ir para uma Copa do Nordeste? A gente sabe da dificuldade que a gente já tem, por tudo que eu te falei, em termos de investimento. A equipe do interior praticamente fica excluída da Copa do Nordeste.