Boxe
Estraçaiado
Ex-pugilista será homenageado em evento de MMA, que acontecerá no mês de novembro, e diz que queria enfrentar o campeão Anderson Silva
postado em 13/09/2011 09:35 / atualizado em 13/09/2011 09:50

Aliando suas conquistas no boxe ao seu jeito folclórico, Todo Duro receberá uma justa homenagem em um grande evento internacional de luta, que acontecerá no próximo dia em 1º de novembro, no Chevrolet Hall, no Recife. Homenageado e também contratado para ser uma espécie de “homem propaganda” do Night of World Champions (NWC), Todo Duro está encarando a oportunidade como a mais importante luta da carreira.
O ex-pugilista passa por sérias dificuldades financeiras e chegou até mesmo a oferecer o seu cinturão de campeão mundial como garantia a um agiota. “Vivo de dar aulas e da ajuda de amigos para quem eu presto serviços”, confirmou o ex-atleta. “Infelizmente, o governo não dá valor à gente. Já divulguei o estado por todo o mundo e hoje estou esquecido”, lamentou. Luciano, incluvise, calcula que durante os mais de 20 anos de carreira, já ganhou mais de R$ 2,5 milhões em patrocínios, bolsas e premiações de lutas vencidas em países como Estados Unidos (Las Vegas), México, Inglaterra e Rússia. “Os empresários levaram tudo”, pontuou.
Ex-campeão mundial pela World Boxing Federation, Todo Duro se tornou ídolo nacional na década de 1990, quando ficou conhecido pelas polêmicas entrevistas e brigas fora do ringue com o baiano Reginaldo Holyfield. A dupla exaltava a rivalidade entre Pernambuco e Bahia. Durante o Cine PE deste ano, Todo Duro teve lançado um documentário sobre sua trajetória nos ringues, “Vou Estraçaiá”, com a produção da Opara Filmes e dirigido por Tiago Leitão, foi aplaudido de pé no evento. Em seus 20 minutos de duração, o curta-metragem é pontuado por depoimentos fortes do lutador, que gosta de dizer que tem 36 anos.
Desafio
História, títulos e problemas à parte, Todo Duro não esconde de ninguém o sonho de retornar à ativa. O ex-pugilista disse que em um mês de preparação estaria pronto para retornar. E foi além, com a irreverência de sempre, chamou para os ringues Anderson Silva, o Spider do MMA. “Ele só pega esses patinhos. Queria era ele na minha frente para eu pegar e ‘estraçaiá’ ele”, desafiou. E até o deputado federal Acelino Freitas, o Popó, também entrou na onda. “Manda ele ganhar um pesinho para eu dar nele também. Só pegou umas galinhas mortas e acha que é lutador”, disse.
Saiba mais
Carreira
Com 54 vitórias, 36 por nocaute e 12 derrotas, Todo Duro foi campeão supermédio da WBF ao bater Tim Johnson dos EUA por nocaute técnico em 1993. Ele defendeu o cinturão seis vezes e o reconquistou quando estava vago com um nocaute no 2° assalto sobre o sueco Fredrik Alvarez, em 1997. Sua derrota mais marcante foi para o galês Joe Calzaghe, que é lembrado como campeão mundial invicto, em um encontro também em 1997, antes da disputa com Alvarez.
A despedida
Em sua última luta internacional, Todo Duro foi derrotado em São Petersburgo, na Rússia, pelo azerbaijano Ali Ismailov por nocaute no segundo assalto, em 2007. Eles lutaram como cruzadores (até 90,7kg). O brasileiro atuou por boa parte da carreira em uma categoria bem mais baixa, a dos supermédios (até 76,2kg).
Reginaldo Holyfield
Nem mesmo, todo Duro sabe ao certo quantas lutas já fez contra o seu maior rival, Reginaldo Holyfield. Apenas garante que só “correu” duas vezes e porque estava na Bahia. Em contrapartida mandou o recado: “Pergunte a ele quantas vezes já dei ‘tabocada’ na cara dele e deixei ele sem ouvir, zonzo.” Holyfield sofreu um grave acidente na última quinta-feira, após tentar salvar dois sobrinhos na residência da sua irmã, que teve o seu apartamento incendiado, em Salvador. Atualmente, é estável o estado de saúde do ex-pugilista. Holyfield teve queimaduras de 1º e 2º graus em 60% do corpo, e está internado no Hospital Geral do Estado (HGE), onde deve ficar se recuperando nos próximos 30 dias. Ele está consciente e não corre risco de morte. Sobre o rival Todo Duro desejou melhoras e brincou: “Espero que agora, o governo da Bahia olhe por ele e ajude nesse momento que ele mais precisa. Eu quero é ver ele bom para ‘estraçaiá’ ele de novo.”
Ídolo
Em meados dos anos 1990, Luciano Todo Duro Torres tornou-se ídolo nacional. Nascido no Recife, o pugilista preencheu no coração dos amantes do boxe o vazio deixado pela aposentadoria de Adilson Maguila Rodrigues. Nas primeiras 43 lutas, foram 42 vitórias. As vitórias passaram a ser mais esporádicas, e quatro derrotas seguidas nos anos de 1997 e 1998, em lutas em países como Inglaterra e Dinamarca, levaram o pugilista de volta ao ostracismo. Novamente lutando no Brasil, Todo Duro voltou a dar a volta por cima na carreira.