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A goleira Renata Maria Sant%u2019anna, a Kaká |
Os torcedores do Santos já estão acostumados com a garra de Pará. Meio-campo de origem, o jogador é um faz-tudo no time, já que também atua na lateral esquerda e direita. Com tantas qualidades, ganhou a confiança do chefe Muricy Ramalho e, por conta disso, só não vestiu mais vezes a camisa alvinegra do que os companheiros Léo e Elano.
Mas se a equipe masculina tem um curinga no elenco, o técnico das Sereias da Vila, Gustavo Feliciano, também não pode reclamar. O time feminino do Santos se orgulha de uma jogadora que surpreendeu pela versatilidade.
A goleira Renata Maria Sant’anna, a Kaká, guardava outros talentos que só foram revelados no último mês, durante a 55ª edição dos Jogos Regionais, realizada na cidade de Santo André (SP). Desde 2005, a paulista defende o gol da equipe, uma história que mudou completamente no último mês. Uma lesão no dedo da mão direita — ocasionada no jogo contra o Juventus pelo Campeonato Paulista de Futebol Feminino — a fez abandonar momentaneamente as traves do Santos. A solução encontrada para não ficar parada foi inusitada: sem poder defender, ela adotou a tática inversa e partiu para o desafio de virar atacante.
O resultado não poderia ter sido melhor: na competição regional, Kaká marcou três gols que nasceram de formas bem diferentes. Ela estufou as redes de cabeça, depois brilhou se livrando da marcação e, por último, deixou sua marca após receber a bola na área. O sucesso provou que a jogadora, de 28 anos, não havia esquecido as lições do passado.
Quando começou a jogar futebol, Kaká atuava na linha. Para o gol ela só ia quando disputava partidas de futsal. “Foi aí que uma amiga minha, a Fabiana, atacante do São José, pediu para eu fazer um teste no gol. Eu não queria, porque achava o gol no campo muito grande e pensava não ia conseguir defender”, lembra.
O temor mostrou-se precipitado. Logo no primeiro teste, Kaká foi aprovada e permaneceu como titular no Santos até 2009, quando a goleira Andréia Suntaque assumiu a posição. A chance de retomar o posto veio este ano, quando a colega viajou com a Seleção Brasileira para disputar a Copa do Mundo. “Com a lesão, precisei ficar seis semanas parada e pedi para continuar fazendo treino físico com as meninas da linha. Como muitas estavam machucadas e outras na Seleção, o elenco ficou reduzido e acabou surgindo a chance de jogar o Regional”, conta a goleira.
O sucesso como atacante, porém, não despertou tantas saudades assim na paulista. Já na quinta semana de tratamento, Kaká deve ser liberada para voltar aos treinos de goleira nos próximos dias. Com isso, a camisa de centroavante voltará para o guarda-roupas. “Não quero fugir da minha característica. E o Santos tem atacantes maravilhosas. Eu prefiro continuar brigando com quatro (goleiras, pela posição de titular) do que com 10”, brinca.
Quem é ela
Nome: Renata Maria Sant'anna
Apelido: Kaká
Data de nascimento: 17/1/1983
Local: São Paulo (SP)
Peso: 67kg
Altura: 1,68m
Principais títulos:
» Copa Mercosul (2006)
» Campeonato Brasileiro
da Liga Nacional (2007)
» Copa do Brasil (2008 e 2009)
» Copa Libertadores
da América (2010)
» Torneio Internacional
Interclubes (2011)
CampeãsO time feminino de futebol do Santos foi campeão da 55ª edição dos Jogos Regionais de Santo André. Na final, elas enfrentaram o Taboão da Serra e venceram apertado, por
1 x 0. As meninas chegaram a disputar quatro jogos em uma única semana. Agora, elas voltam as atenções para o Campeonato Paulista da modalidade.
Quase artilheiraOs três gols marcados pela goleira Kaká quase renderam a ela a artilharia do Peixe na competição. Ela só ficou atrás de Rafinha, Paula e Giovanna, que marcaram cinco gols cada uma. O Santos balançou as redes 28 vezes no campeonato e levou apenas um gol.
Começo complicado
O início de Kaká no futebol feminino não foi fácil. “Se não fosse pela minha mãe, não teria conseguido”, reconhece. “Às vezes, ela tinha que tirar dinheiro da alimentação para me dar”, conta a goleira.
Mas hoje a vida está muito melhor. “Graças a Deus, com as nossas conquistas, tudo melhorou. A nossa estrutura é excelente”, comemora.
Justamente por conhecer a dificuldade dos atletas que estão começando, Kaká quer ajudar quem ingressa agora no esporte. Ela cursa o último ano da faculdade de educação física e dedica, semanalmente, uma hora e meia para treinar goleiros de futsal entre 7 e 15 anos. “Vou jogar futebol até o corpo aguentar e enquanto eu tiver estrutura. Depois, vou me dedicar a isso”, adianta.