Nas primeiras horas da manhã do dia 29 de novembro de 2016, ao desembarcar no aeroporto de Brasília vindo dos Estados Estados, recebi várias mensagens no meu WhatsApp e várias ligações não atendidas do Correio Braziliense.
Uma das mensagens dizia: "Houve um acidente aéreo muito grave com um avião que transportava os jogadores da Chapecoense e você precisa ir para Santa Catarina".
Fui do aeroporto para casa tentando me informar sobre o acontecido. Tomei um banho, troquei a roupa da mala e segui rapidamente para o jornal. No mesmo dia, eu e o repórter Marcos Paulo Paulo seguimos para Chapecó para registrar o clima na cidade e aguardar a chegada dos corpos das 71 vítimas do acidente em Medellín.
Durante todo o trajeto, lemos tudo o que podíamos sobre o time, o acidente e os detalhes para aquela cobertura. Nada disso me preparou para a comoção que tomava conta da cidade.
Já cobri muitas tragédias na minha vida. Chapecó, porém, ficou marcada.
Aquele time era a alma do local. Os jogadores, comissão técnica e jornalistas da cidade eram amados. Chapecó girava em torno daquele time. Mesmo não sendo um fã de futebol, fiquei muito emocionado e comovido vendo toda aquela movimentação.
Após muitos dias de sol e calor na cidade de Chapecó, uma chuva torrencial tomou conta do ambiente no dia da chegada dos 50 caixões que seriam velados na Arena Condá. Parecia que até o céu chorava.
O estádio do time estava lotado. E ver aqueles caixões entrarem no local foi muito emocionante. Eram verdadeiros heróis de um sonho, o do primeiro título continental da história do clube, sendo recebidos por uma população que tanto os amava.
Uma das coisas que mais me marcaram foi a educação daquele povo, sempre prestativo. Uma população que, mesmo diante de tanta comoção, se importava conosco que estávamos ali cobrindo tudo aquilo, sempre oferecendo ajuda, comida, água e afeto.
Fica aqui a minha eterna gratidão e que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos daquelas 71 vítimas que faleceram naquele trágico acidente.