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VIDA ESPORTIVA

Biomecânica ajuda atletas a ganhar segundos valiosos na briga por medalhas

Método avalia o movimento do esportista e gera dados que contribuem com o treinamento

postado em 14/10/2014 11:00

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

AFP PHOTO / FRANCOIS XAVIER MARIT

O detalhe. Em uma competição de alto rendimento, ele é decisivo. Um movimento errado, por menor que seja, pode custar uma medalha. E ninguém quer perder um prêmio por conta de uma miudeza. Acertar todos os detalhes durante uma prova é privilégio de poucos, mas errar a menor quantidade possível já coloca o atleta à frente de muita gente. Para buscar a perfeição, os clubes têm inserido na comissão técnica um especialista em biomecânica do esporte. Por meio de uma leitura corporal minuciosa, eles conseguem fazer pequenos ajustes que resulta em uma grande diferença nas competições.

Podem até parecer temas distantes, mas a física e a mecânica são inerentes à prática esportiva. Calcular a velocidade, o ângulo, a impulsão, o atrito… Os atletas conhecem bem os termos da biomecânica. “Não existe nenhum campeão mundial que não utiliza essa avaliação”, alega o professor da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (UnB) Jake do Carmo.

As ferramentas usadas para avaliar o movimento do corpo durante a atividade são muitas e variam de acordo com a modalidade, mas a gravação em vídeo é utilizada por todas. “A gente filma a prova e calcula as variáveis de velocidade, distância, largada, aterrissagem. Transformamos essas informações em dados e passamos para a comissão técnica, que as utiliza nos treinos”, explica Jake do Carmo, integrante da equipe que elabora um projeto para a Seleção Brasileira de saltos ornamentais, com sede no Centro Olímpico da UnB.

Há outras ferramentas para avaliar a técnica usada durante a atividade. No atletismo, usa-se a plataforma de forças, na qual o atleta passa pela superfície ao longo de uma corrida e consegue dados da força tridimensional da passada. Com isso, pode adequar a pisada para aproveitar melhor a energia. No ciclismo, o biofeedback consegue medir a força da pedalada, por exemplo. O método avalia se o atleta está aplicando força corretamente. Algumas dessas técnicas são acessíveis também para atletas amadores.

Para cada um
Em vez de tentar criar um padrão para o movimento — no qual todos os atletas teriam que se adequar —, a avaliação biomecânica individualiza o esportista. “A gente leva em conta a individualidade biológica. O que serve para um atleta não vai necessariamente servir para outro”, ressalta Jake. Por conta disso, os benefícios criados pelo método é imensurável. “Atletas olímpicos podem melhorar 1% com a avaliação. Mas isso pode ser o diferencial na hora de quebrar um recorde. Para os iniciantes, que apresentam vários movimentos errôneos, a melhora pode ser de 30%”, completa o especialista.

Para a nadadora da Seleção Brasileira Etiene Medeiros, avaliação é essencial para melhorar o rendimento. “Quando comecei, fui surpreendida logo no inicio, porque consegui evoluir bastante. É importante porque atua especificamente na correção dos defeitos de cada atleta”, analisa a finalista dos 50m costas no Mundial de Barcelona, no ano passado.

Melhora técnica
A biomecânica estuda o movimento do atleta durante a atividade e atua especificamente na técnica.
O trabalho continua com os demais membros da comissão técnica, como o fisiologista (trabalha o condicionamento físico), o nutricionista, o fisioterapeuta e o treinador. Todos usam dados fornecidos pela avaliação biomecânica.