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Árbitro do DF referenda decisão de juiz de jogo do Fla: "Gol foi irregular"

Wales Martins cita que árbitro pode encerrar o jogo assim que o cronômetro apontar o fim do tempo regulamentar. Relembre outros cinco casos de gols após o último apito do juíz

postado em 26/04/2018 16:22 / atualizado em 26/04/2018 20:09

Gilvan de Souza/Flamengo
Na noite de quarta-feira (25/04), o Flamengo empatou sem gols com o Santa Fe, da Colômbia, em jogo válido pela quarta rodada do Grupo 4 da Copa Libertadores. Porém, um lance aos 50 minutos do segundo tempo gerou bastante reclamação dos rubro-negros. O atacante Geuvânio pressionou a zaga colombiana e roubou a bola, invadindo a área e marcando o que seria o gol da vitória dos cariocas. 

Porém, o árbitro uruguaio Daniel Fedorczuk apitou o fim da partida momentos antes de o atacante recuperar a bola no campo de ataque. "Mesmo que o jogo esteja acabando, não pode acabar com a bola no campo de ataque", esbravejou o jogador em entrevista à tevê Globo, na beira do campo. Vale lembrar que o juiz também deixou de marcar pênalti claro cometido por Henrique Dourado.
 
O árbitro brasiliense Wales Martins explica que a regra do futebol não interfere no momento em que se deve encerrar uma partida. Porém, segundo o profissional, tudo o que acontece depois do período acrescentado pelo juiz não deve ser validado. Para ele, o árbitro uruguaio acertou ao não validar o gol de Geuvânio. "A recomendação que nos passam é: passou o tempo de acréscimos, acabou. Mesmo se forem dois segundos é irregular. Na maioria das vezes não acontece o gol, mas, quando o jogador marca, é polêmica na certa", enfatiza o profissional da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF).

Em casos como o de ontem, ainda de acordo com Martins, muitos juízes optam por sinalizar mais tempo de acréscimo para "justificar o erro". "É uma expertise do árbitro. Se o gol saiu depois do tempo de acréscimos dá mais um minuto para a saída de bola e assim abafar o caso", conta.
 
O árbitro brasiliense ressalta ainda que o cronômetro exibido nas transmissões de televisão não devem ser levados em consideração, já que muitas vezes eles não condizem com o tempo real do jogo. "O que caracteriza o tempo de jogo é o relógio do árbitro. Quando passam os 45 minutos e tem algum lance perigoso, o árbitro fica rezando para que não aconteça nada, porque muitos não têm peito para encerrar o jogo nessas situações", alega.

Ele explica que lances de pênalti são as únicas situações de jogo em que o árbitro tem a obrigação de acrescer mais tempo para a batida, desde que a infração tenha ocorrido dentro do período regulamentar do jogo. "Se o lance aconteceu nos últimos segundos, o juiz tem a obrigação de acrescentar o tempo necessário para a batida. Caso contrário, tem que encerrar o jogo", completa ele, destacando que, se o atacante perder a penalidade, o árbitro não precisa esperar a conclusão de um possível rebote. 

Não foram somente os jogadores do Flamengo que se sentiram prejudicados em um lance dessa maneira. Vários casos parecidos aconteceram na história do futebol e causaram bastante reclamação por parte de quem fez o gol. Dois casos semelhantes foram registrados nas Copas do Mundo de 1978 e de 2014. No Campeonato Carioca de 1989, o rubro-negro escapou de uma derrota após o árbitro apontar o centro do campo antes de um lance que terminou em gol.

Veja cinco "gols" marcados após o apito final:

Copa do Mundo de 1978 - Brasil x Suécia

 
Um dos casos mais emblemáticos de gols após o apito final aconteceu com a Seleção Brasileira durante a disputa da Copa do Mundo de 1978. O relógio marcava 45 minutos e o jogo entre Suécia estava empatado em 1 a 1, quando o escrete canarinho teve um escanteio a seu favor pela ponta direita do ataque. Nelinho foi o responsável por colocar a bola na área, mas, antes disso, o lateral-direito parou para discutir com o bandeirinha.

Na cobrança, Zico subiu mais alto dos que a zaga européia e colocou a bola no fundo da rede. Entretanto, o árbitro galês Clive Thomas já havia terminado o jogo assim que o escanteio foi batido, para revolta dos jogadores brasileiros e principalmente do Galinho, que estava realizando sua primeira partida pela Seleção Brasileira em Mundiais. “Ele tirou minha oportunidade. Imagine estrear numa Copa fazendo o gol da vitória do Brasil, com que moral a gente iria para a outra fase…”, lamentou o maior ídolo da história do Flamengo.

Campeonato Carioca de 1989 - Botafogo x Flamengo

 
Desta vez, o "beneficiado" pelo apito final acabou sendo o time rubro-negro. Em partida válida pela terceira rodada da Taça Guanabara daquele ano, os dois times empatavam em 1 x 1 quando o Botafogo. Após cobrança de falta da intermediária, o goleiro Zé Carlos saiu mal do gol e não conseguiu encaixar a bola, deixando-a sem dono na entrada da grande área.

Alheio à isso, o atacante Paulinho Criciúma apareceu livre para tocar a bola para o gol vazio. Porém, o árbitro Luiz Carlos Félix havia decretado o fim da partida assim que o goleiro rubro-negro rebateu a bola para fora da área, causando bastante reclamação dos jogadores alvinegros. "Se é contra nós eu não sei se ele ia acabar o jogo. Ou o juiz acaba o jogo aos 45 ou então deixa concluir a jogada. Perigo de gol eu nunca tinha visto", reclamou Criciúma na beira do campo.

Copa do Mundo de 2014 - Suíça x França


A Copa do Mundo realizada no Brasil também contou com a polêmica do gol marcado após o apito final. Na ocasião, os franceses venciam os suíços por 5 x 2 em jogo válido pela fase de grupos do Mundial quando o árbitro holandês Bjorn Kuipers anulou um golaço do atacante Karim Benzema na Arena Fonte Nova.

O atacante do Real Madrid havia recebido bom passe na entrada da grande área e emendou de primeira colocando a bola no ângulo do goleiro Benaglio. Porém, o árbitro holandês havia encerrado o jogo logo após o passe sair dos pés de Sissoko. Os jogadores franceses chegaram a comemorar o gol por um bom tempo antes de perceberem que o lance não havia sido validado.

Campeonato Mexicano de 2017 - Toluca x Morelia

 
Os mexicanos do Toluca também se sentiram prejudicados após o árbitro apitar o fim do jogo em um momento de gol. O time vermelho perdia por 1 x 0 quando teve um pênalti a seu favor no minuto final da partida. O relógio já marcava 49 do segundo tempo, e o árbitro Francisco Chacón havia prometido apenas mais três minutos de acréscimo.

Na cobrança, o uruguaio Sebástian Sosa defendeu a cobrança feita pelo argentino Pablo Barrientos. No rebote, o mesmo Barrientos empurrou a bola para as redes. O problema é que Chacón já tinha apitado pela última vez assim que o goleiro do Morelio defendeu a cobrança. O lance causou bastante reclamação e gerou, inclusive, a expulsão do chileno Osvaldo Gonzáles.

Terceira divisão da Espanha de 2017 - Segoviana x Ponferradina

 
Outro lance protagonizado no ano passado também gerou bastante reclamação na terceira divisão do futebol espanhol. Na ocasião, o relógio marcava 48 minutos e o árbitro Álvaro López havia assinalado três minutos de acréscimos. No último lance do jogo, o juiz deixou que um atacante do time visitante prosseguisse a jogada até a conclusão.

O atacante Andy recebeu dentro da grande área e finalizou com uma cavadinha para balançar as redes e marcar o que seria o gol da vitória da Ponferradina. Entretanto, o árbitro resolveu apitar o fim do jogo momentos antes da finalização do jogador e anulou o tento que tiraria o time espanhol da zona de rebaixamento da terceirona da Espanha.
 
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima