Futebol Internacional

LIBERTADORES

Final das zebras, entre Nacional e San Lorenzo, começa nesta quarta-feira

Time paraguaio é tão pequeno que tem menos torcedores do que o papa Francisco teve de testemunhas quando tomou posse no Vaticano

postado em 06/08/2014 12:56 / atualizado em 06/08/2014 13:08

Braitner Moreira /Correio Braziliense , Lorrane Melo /Correio Braziliense

REUTERS/Fernando Alfonso

As finais da Libertadores começam, hoje, com uma lição muito clara: seu time de bairro pode chegar a uma decisão e reinar na América do Sul. Comandado por um presidente sem experiência no cargo, que seja, desde que tenha os pés no chão para dar tranquilidade à equipe e não gastar dinheiro demais em contratações inúteis. Essa é a história — contada de forma superficial, a bem da verdade — do Nacional do Paraguai, clube pequeno de um país periférico, e que recebe o San Lorenzo às 21h15 para decidir quem será o campeão da Libertadores.

É fácil mensurar o tamanho do Nacional no meio dos gigantes latinos. O clube tem cerca de 170 mil fãs no Paraguai, segundo divulgou a consultoria Ati Snead em 2011 — a pesquisa de torcida mais recente do país —, enquanto a posse do papa Francisco, torcedor mais ilustre do San Lorenzo, levou aproximadamente 200 mil à Praça São Pedro em março do ano passado. A discrepância mostra o quanto será necessário rezar para que o Nacional Querido, forma como o time passou a ser conhecido até institucionalmente, possa bater o rival argentino e ficar com a taça.

Finalista mais inesperado da Libertadores desde o São Caetano de 2002, o Nacional surgiu no Bairro Obrero, conhecido por abrigar a “força de trabalho” de Assunção, e cresceu à sombra do Cerro Porteño. As sedes sociais dos dois clubes estão separadas por 120 metros: são apenas dois muros de distância.

Enquanto o irmão maior se expandiu pelo país, o Nacional ficou restrito à cidade devido à falta de conquistas: chegou a passar 65 anos sem títulos e tornou-se um time ioiô, trocando entre a primeira e a segunda divisões com frequência. A seca só passou com o troféu no Campeonato Paraguaio de 2009, o primeiro torneio depois de Robert Harrison assumir a presidência. Empresário do ramo da saúde, tinha experiência zero quando chegou. Agora, planeja o salto para a Associação Paraguaia de Futebol (APF).

Em campo, o time é tão modesto quanto o clube, e chegou à final desafiando qualquer estatística. Na primeira fase, classificou-se no grupo de Atlético-MG, Zamora (VEN) e Independiente de Santa Fé (COL). Em seguida, eliminou Vélez Sarfield (ARG), Arsenal de Sarandí (ARG) e Defensor (URU). Para isso, contou com a eficiência do goleiro Nacho Don e atacou o mínimo possível: acertou em média um passe a cada 27 segundos e uma finalização a cada 12 minutos. Até agora, tem sido suficiente. Com o papa pelo caminho, só resta esperar a decisão.