A Copa da Rússia terá cinco técnicos argentinos: Jorge Sampaoli (Argentina), Ricardo Gareca (Peru), José Pekerman (Colômbia), Héctor Cúper (Egito) e Juan Antonio Pizzi (Arábia Saudita). Já Mauricio Pochettino classificou o Tottenham, da Inglaterra, para as oitavas de final da Champions League. A Libertadores é mais um torneio de ponta dominado pelos hermanos.
Dos 47 clubes candidatos ao título, 16, ou seja, um terço, deposita o sonho na prancheta de um treinador nascido no país vizinho. Eles trabalham em sete clubes argentinos e em nove de fora. Das 10 nações que têm times no torneio, só Brasil, Uruguai e Venezuela resistem à tendência.
Atual vice-campeão da Libertadores, o técnico Jorge Almirón é prova de que os argentinos estão na moda. Dias depois de perder a final de 2017 para o Grêmio, acertou com o Las Palmas, da primeira divisão do Campeonato Espanhol. Arrumou as malas e apresentou-se ao clube das Ilhas Canárias. No entanto, o tempo de experiência como treinador de times de primeira divisão o impediu de assinar contrato. La Liga exigia três anos. Em 2017, passou a cobrar cinco temporadas. “Tenho quatro anos e dois meses como treinador de elite”, diz Jorge Almirón. O treinador de 46 anos só deixou o Lanús — com direito a festa de despedida — pelo Las Palmas.
O argentino não ficou muito tempo no mercado. Seduzido pelo Atlético Nacional, assumiu a responsabilidade de liderar a campanha pelo tricampeonato da Libertadores. Por sinal, ele não é o único hermano à frente de um clube colombiano. O Millonarios aposta em Miguel Angel Russo. Em 2007, ele foi o mentor da última das seis conquistas do Boca Juniors no torneio continental.
Maior importador de técnicos argentinos na América do Sul, o futebol chileno conta com dois deles empregados por lá nesta Libertadores. Pablo Guede tem a missão de tirar o Colo-Colo do jejum de 27 anos. A única conquista da equipe aconteceu em 1991, sob o comando do croata Mirko Jozic. Ángel Guillermo Hoyos lidera a Universidad de Chile. A pressão é para repetir o sucesso do compatriota Jorge Sampaoli, que levou La U ao título da Sul-Americana em 2011.
Dos 16 times da primeira divisão do Campeonato Chileno, nove são argentinos, entre eles, o lendário ex-centroavante Martín Palermo e o zagueiro recém-aposentado Gabriel Milito.
O sucesso de Ricardo Gareca no Peru abriu as portas para Pedro Troglio liderar o Universitario na Libertadores. No Paraguai, o ex-goleiro Sebastian Saja, que passou pelo Grêmio, é o técnico do Guarani. Nesto Clausen é o embaixador da Argentina no Oriente Petrolero, da Bolívia. Há treinadores no Equador também. Gabriel Schürrer é o responsável por liderar o Independiente del Valle.
Palavra do recordista
Recordista de títulos da Libertadores, Carlos Bianchi conquistou um título pelo Vélez Sarsfield e três à frente do Boca Juniors. Aposentado, ele diminui o poder dos treinadores e atribui o sucesso dos compatriotas aos elencos que assumem. “Os técnicos são bons quando têm bons jogadores, sobretudo jogadores inteligentes. Se não for assim, é impossível conquistar títulos. Os argentinos são tão bons quanto os outros da América do Sul”, compara o senhor de 68 anos em entrevista por telefone ao Correio.
Recentemente, três técnicos estrangeiros chegaram às semifinais com clubes brasileiros. O uruguaio Jorge Fossatti foi demitido pelo Internacional após classificar o colorado nas quartas. Celso Roth levou o time ao título. Diego Aguirre perdeu o emprego depois de ser eliminado em 2015. Edgardo Bauza fez milagre com o São Paulo em 2016. Nesta temporada, times brasileiros “chutaram” os estrangeiros (por enquanto) para escanteio. Nenhum dos oito representantes será comandado por gringo.
Em vez de importar, o futebol brasileiro milagrosamente exportou um treinador. Ex-Chapecoense, Vinícius Eutrópio topou o desafio de revolucionar o Bolívar. “Ele transformará divisões de base, preparação física, a gestão profissional e forma de lidar com a equipe profissional. Esperamos grandes conquistas e um ótimo futebol em 2018”, aposta Marcelo Claure, presidente da empresa gestora do tradicional clube boliviano.