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LIBERTADORES

Argentinos comandam um terço dos times inscritos na Libertadores

Dos 47 clubes candidatos ao título, 16 são governados por técnicos argentinos. Brasil tem um treinador na Bolívia

postado em 23/01/2018 11:27 / atualizado em 23/01/2018 11:48

AFP/JAVIER GONZALEZ TOLEDO
A Copa da Rússia terá cinco técnicos argentinos: Jorge Sampaoli (Argentina), Ricardo Gareca (Peru), José Pekerman (Colômbia), Héctor Cúper (Egito) e Juan Antonio Pizzi (Arábia Saudita). Já Mauricio Pochettino classificou o Tottenham, da Inglaterra, para as oitavas de final da Champions League. A Libertadores é mais um torneio de ponta dominado pelos hermanos. 

Dos 47 clubes candidatos ao título, 16, ou seja, um terço, deposita o sonho na prancheta de um treinador nascido no país vizinho. Eles trabalham em sete clubes argentinos e em nove de fora. Das 10 nações que têm times no torneio, só Brasil, Uruguai e Venezuela resistem à tendência.

Atual vice-campeão da Libertadores, o técnico Jorge Almirón é prova de que os argentinos estão na moda. Dias depois de perder a final de 2017 para o Grêmio, acertou com o Las Palmas, da primeira divisão do Campeonato Espanhol. Arrumou as malas e apresentou-se ao clube das Ilhas Canárias. No entanto, o tempo de experiência como treinador de times de primeira divisão o impediu de assinar contrato. La Liga exigia três anos. Em 2017, passou a cobrar cinco temporadas. “Tenho quatro anos e dois meses como treinador de elite”, diz Jorge Almirón. O treinador de 46 anos só deixou o Lanús — com direito a festa de despedida — pelo Las Palmas.

O argentino não ficou muito tempo no mercado. Seduzido pelo Atlético Nacional, assumiu a responsabilidade de liderar a campanha pelo tricampeonato da Libertadores. Por sinal, ele não é o único hermano à frente de um clube colombiano. O Millonarios aposta em Miguel Angel Russo. Em 2007, ele foi o mentor da última das seis conquistas do Boca Juniors no torneio continental.

Maior importador de técnicos argentinos na América do Sul, o futebol chileno conta com dois deles empregados por lá nesta Libertadores. Pablo Guede tem a missão de tirar o Colo-Colo do jejum de 27 anos. A única conquista da equipe aconteceu em 1991, sob o comando do croata Mirko Jozic. Ángel Guillermo Hoyos lidera a Universidad de Chile. A pressão é para repetir o sucesso do compatriota Jorge Sampaoli, que levou La U ao título da Sul-Americana em 2011.
 
Dos 16 times da primeira divisão do Campeonato Chileno, nove são argentinos, entre eles, o lendário ex-centroavante Martín Palermo e o zagueiro recém-aposentado Gabriel Milito.

O sucesso de Ricardo Gareca no Peru abriu as portas para Pedro Troglio liderar o Universitario na Libertadores. No Paraguai, o ex-goleiro Sebastian Saja, que passou pelo Grêmio, é o técnico do Guarani. Nesto Clausen é o embaixador da Argentina no Oriente Petrolero, da Bolívia. Há treinadores no Equador também. Gabriel Schürrer é o responsável por liderar o Independiente del Valle.

Palavra do recordista

Recordista de títulos da Libertadores, Carlos Bianchi conquistou um título pelo Vélez Sarsfield e três à frente do Boca Juniors. Aposentado, ele diminui o poder dos treinadores e atribui o sucesso dos compatriotas aos elencos que assumem. “Os técnicos são bons quando têm bons jogadores, sobretudo jogadores inteligentes. Se não for assim, é impossível conquistar títulos. Os argentinos são tão bons quanto os outros da América do Sul”, compara o senhor de 68 anos em entrevista por telefone ao Correio.

Recentemente, três técnicos estrangeiros chegaram às semifinais com clubes brasileiros. O uruguaio Jorge Fossatti foi demitido pelo Internacional após classificar o colorado nas quartas. Celso Roth levou o time ao título.  Diego Aguirre perdeu o emprego depois de ser eliminado em 2015. Edgardo Bauza fez milagre com o São Paulo em 2016. Nesta temporada, times brasileiros “chutaram” os estrangeiros (por enquanto) para escanteio. Nenhum dos oito representantes será comandado por gringo.

Em vez de importar, o futebol brasileiro milagrosamente exportou um treinador. Ex-Chapecoense, Vinícius Eutrópio topou o desafio de revolucionar o Bolívar. “Ele transformará divisões de base, preparação física, a gestão profissional e forma de lidar com a equipe profissional. Esperamos grandes conquistas e um ótimo futebol em 2018”, aposta Marcelo Claure, presidente da empresa gestora do tradicional clube boliviano.

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