Nos últimos anos, o Campeonato Brasileiro se notabilizou por abrir as portas para vários jogadores estrangeiros atuarem nos gramados do país. Assim, o número de gringos nos clubes do Brasileirão subiu mais a cada ano. Em 2018, porém, a escrita será quebrada e teremos a Série A com menor número de jogadores importados desde 2012. Este ano, 49 atletas de fora do país possuem contrato em vigor nos clubes da elite nacional.
Na temporada anterior, o Brasileirão começou com 68 gringos em ação vestindo camisas de equipes brasileiras. Esta é apenas a quinta vez desde 2003, quando o torneio passou para o sistema de pontos corridos, que o dado registra queda em relação ao ano anterior. O menor número de atletas registrados antes disso veio em 2012, quando 48 estrangeiros atuaram na competição mais importante do calendário do país.
Desde que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aumentou de o limite de estrangeiros de três para cinco atletas relacionados por jogo em dezembro de 2013, a quantidade de jogadores naturais de outras nações nos 20 times da Série A nunca havia ficado abaixo de 60.
Flamengo e Vasco são os clubes que mais contam com gringos em seus elencos: cinco cada. Com quatro estrangeiros, Botafogo, São Paulo e Cruzeiro vêm logo na sequência do ranking. Nesta temporada, apenas o América-MG terá um elenco 100% brasileiro entre os 20 clubes da Série A. Dos 49 gringos que iniciarão o Brasileirão, 23 costumam atuar com frequência como titulares em suas equipes.
O mais experiente entre todos os nomes é o meia D’Alessandro, do Internacional, que vai jogar a nona temporada na Série A do Brasileirão. Na sequência, entre os atletas com mais tempo em território brasileiro, estão Paolo Guerrero, do Flamengo, que iniciará sua sétima temporada na elite, Eugênio Mena — seis temporadas — e Agustin Alione — cinco campeonatos —, ambos do Bahia.
Recém chegados ao Brasil, 10 gringos vão debutar na primeira divisão do futebol brasileiro em 2018: Tomás Andrade, do Atlético-MG; Rodrigo Aguirre, do Botafogo; Javier Reina, do Ceará; Marlos Moreno, do Flamengo; Guillermo De Amores, do Fluminense; Victor Cuesta, do Internacional; Marcelo Baez e Torito Gonzáles, ambos do Paraná; e Gonzalo Carneiro, do São Paulo, são os estreantes na elite brasileira.
Número pode crescer durante a Copa
Com a proximidade da janela de transferências do meio da temporada, a tendência é que o número de jogadores de outros países cresça. No calendário brasileiro, o período vai de 22 de junho a 21 de julho, em plena época da Copa do Mundo.
Vale ressaltar que a porta de saída de jogadores dos clubes brasileiros para o exterior — principalmente para a Europa — também ficará escancarada neste período. E por mais tempo, já que a Fifa regulamenta que cada país pode executar duas janelas em cada temporada: uma no intervalo após o fim de cada campeonato nacional, com no máximo 12 semanas de duração, e outra mais curta, com no máximo um mês, no meio da competição.
Com os principais torneios nacionais do Velho Continente se encerrando no fim de maio, os clubes europeus poderão levar jogadores que atuarem em outros países no período entre 1º de julho a 31 de agosto. Neste ano, parte da janela de transferências — tanto de entrada como de saída de atletas do país — acontecerá durante a disputa da Copa do Mundo da Rússia, que ocorre entre 14 de junho e 15 julho. O “fator Copa”, inclusive, pode impulsionar ainda mais as negociações entre os clubes brasileiros e os europeus por jogadores sul-americanos.
Há casos de jogadores contestados em seus clubes que têm vagas cativas em seleções locais. Paolo Guerrero e Miguel Trauco, do Flamengo, são os melhores exemplos. O atacante está suspenso por doping pela Fifa — o retorno está programado para maio, um mês antes do início do Mundial —, enquanto o lateral-esquerdo amarga a reserva do time carioca. Ambos são constantemente convocados para a seleção do Peru, que estará no Mundial, e uma boa atuação pode fazer com que o rubro-negro recebe boas propostas.
Além dos jogadores do rubro-negro carioca, o também peruano Cueva, do São Paulo, os uruguaios Arrascaeta, do Cruzeiro, e Martín Silva, do Vasco, são outros nomes com vaga praticamente garantida no Mundial. O atacante colombiano Miguel Borja, do Palmeiras, é outro que alimenta esperanças de estar presente na Rússia em junho.
Artilheiro muda de casa
O São Paulo, inclusive, será a única equipe entre as 20 da primeira divisão que terá um treinador estrangeiro na beira do gramado. O argentino Diego Aguirre, com passagens no futebol brasileiro por Internacional e Atlético-MG, será o comandante tricolor na disputa da Série A.
Entretanto, não foi somente o atacante colombiano que trocou de casa dentro do Brasil na última janela de transferências. No Nordeste, o lateral-esquerdo Mena deixou o Sport para atuar pelo Bahia em 2018. A conexão Rio-Minas foi a que mais aconteceu, em duas oportunidades: o Cruzeiro tirou o volante argentino Mancuello do Flamengo enquanto o Vasco buscou o zagueiro equatoriano Erazo no plantel do Atlético-MG.
Número de estrangeiros por temporada no país na era dos pontos corridos:
2003 - 14
2004 - 23
2005 - 27
2006 - 38
2007 - 34
2008 - 47
2009 - 48
2010 - 45
2011 - 40
2012 - 48
2013 - 56
2014 - 65
2015 - 60
2016 - 66
2017 - 68