Futebol Nacional

COPA SUL-AMERICANA

Referências em categorias de base do país, Atlético-PR e Fluminense se enfrentam

Times duelam nesta quarta-feira (7/11) no duelo de ida da semifinal da Copa Sul-Americana

postado em 07/11/2018 08:24 / atualizado em 07/11/2018 13:11

AFP/Heuler Andrey e Mailson Santana/Fluminense FC
O duelo de ida entre Atlético-PR e Fluminense, pela semifinal da Copa Sul-Americana, pode ser considerado uma espécie de consolidação do trabalho de base feito pelos clubes nos últimos anos. Entre os 22 atletas que devem começar jogando na Arena da Baixada, às 21h45 nessa quarta-feira (7/11), sete (quase 30%) foram formados nas categorias inferiores dos semifinalistas.

Pelo lado do Furacão, quatro atletas criados no CT do Caju devem ser titulares do técnico Tiago Nunes, ex-treinador do time sub-23 do rubro-negro curitibano: o goleiro Santos; os zagueiros Léo Pereira e Renan Lodi; e o atacante Pablo, autor de três gols na Sul-Americana e um dos destaques da temporada.

No Fluminense, Marcelo Oliveira deve optar por três jogadores de Xerém: na zaga, Ibañez e Digão são crias do clube, assim como o lateral Ayrton Lucas. O atacante Pedro, artilheiro tricolor da temporada com 19 gols e formado nas Laranjeiras, se recupera de uma cirurgia nos ligamentos do joelho direito e por isso não vai a campo. O camisa 9 só volta aos gramados em março de 2019.

O clube carioca é a equipe da elite que mais utilizou atletas da casa na temporada. Ao todo, 24 revelações foram aproveitados em 2018. O Furacão lançou mão de 21 jovens, atrás do Flamengo, que deu chance a 23 jogadores saídos do Ninho do Urubu. Para o diretor da base tricolor, Marcelo Teixeira, o resultado dentro de campo é animador. “É a consolidação de algo que fazemos há muito tempo e vamos continuar fazendo. Xerém é uma marca do clube, um dos principais formadores de atletas do mundo”, analisa o dirigente.

A última grande venda da base do Fluminense foi Wendel, volante revelado em Xerém. Em janeiro deste ano, ele foi negociado com o Sporting, em uma transação que girou em torno de R$ 30 milhões. Além disso, o clube carioca terá direito a 10% em uma futura venda do atleta, que ainda não se firmou nos Leões. Três dias após chegar a Portugal, o então técnico do Sporting, Jorge Jesus, afirmou que o brasileiro tinha “muito a aprender”.

Outro projeto da base tricolor é o Fluminense Samorin, clube da segunda divisão eslovaca, para onde os cariocas mandam atletas em formação para uma espécie de “intercâmbio” da bola. Porém, devido aos atuais problemas financeiros, o projeto, em vigência desde 2015, está em risco. “Todos sabem que estamos vivendo dificuldade financeira, temos que pisar no freio. É preliminar dizer que vai acabar, mas o momento coloca alguns projetos em risco”, diz Marcelo Teixeira.

Furacão faz fortuna como bom vendedor

Longe dos principais centros do futebol nacional, o Atlético-PR começou, a partir de 1997, a investir de forma mais contundente nos talentos formados na base. Sem as receitas de televisão e os patrocínios milionários dos clubes do eixo Rio-São Paulo, o Furacão equilibra as finanças com vendas de pratas da casa.

Nos últimos três anos, os paranaenses receberam mais de 25 milhões de euros em negociações de atletas formados no clube. Em 2017, o volante Hernani, 22 anos, rendeu 8 milhões de euros para os cofres rubro-negros ao ser negociado com o Zenit, da Rússia. Em seguida, foi a vez do também volante Otávio acertar a ida ao Bordeaux (França), por 7 milhões de euros, entre outras transações menores. “O Atlético-PR é formador, não comprador. Investimos em jogadores de 14, 15 ou 16 anos”, explica o ex-presidente Mário Celso Petraglia. Fernandinho, Jadson, Dagoberto e Kleberson são outros exemplos de boas vendas de joias do Furacão na década passada.

O sucesso da base paranaense não se deu repentinamente. O clube passou a estudar de forma mais aprofundada melhorias no processo de formação de jogadores a partir de 1997. Dois anos depois, com a inauguração do Centro de Treinamento do Caju, a equipe se aperfeiçoou em revelar atletas. “Recebemos muitas visitas de clubes de fora, somos referência. Estudamos o assunto há 20 anos, copiamos métodos que funcionaram pelo mundo e alcançamos um patamar elevado”, argumenta Petraglia.

A tecnologia é outra aliada do Atlético-PR, dono de software próprio para concentrar todas as informações dos atletas, incluindo dados psicológicos, físicos, nutricionais e médicos. Os jogadores são monitorados de forma individual e coletiva. Geralmente, os clubes do país pagam por esse serviço de empresas terceirizadas.

Outra particularidade dos times de base do Furacão é que os mais novos sempre atuam na formação tática do time profissional, com a justificativa de que, dessa forma, terão melhor adaptação ao elenco principal.